Vestido molhado.

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Festa de despedida de uma colega minha. Ela tinha acabado de pedir uma transferência do trabalho. Todos estávamos felizes por ela, mas claro que rolava um ar de tristeza. Sabíamos que seria só mais uma dessas amizades que só íamos ver por foto, vídeos.
Nem sei quantos copos de caipirinha eu tinha tomado, mas sabia que estava quase no meu limite.
Então dei uma parada de beber e resolvi me sentar um pouco.
Todos ao redor felizes, curtindo a vibe. Uma música bem alegre tocando, do jeito que gostamos.
Eu estava com um vestido azul claro. Uma maquiagem que supostamente estava toda borrada, cabelo solto e um salto no qual eu já havia tirado desde a primeira música. Acho chique saltos, mas em mim dói pra caralho. Não aguento.

Sentada na grama, simplesmente joguei toda a minha perna pra frente e parei no tempo. A minha cabeça rodava tanto que eu só sabia fechar os olhos pra não ficar tonta.

Um colega meu, chegou perto de mim e me ofereceu um pouco de água. Tomei.
Ele me chama pra perto da piscina, eu vou...O idiota me joga dentro dela e eu fico parecendo um pinto molhado.
Mas estava tão bêbada que nem me importei. Apenas curti o momento, afinal, ajudou a "arriar" um pouco a brisa.

Saindo da piscina, sento novamente perto da saída e decido que vou embora. Já tinha me despedido de todo mundo, só me faltava coragem pra levantar.
Pedi um uber e esperei ele chegar na porta.
Ele chegando lá, eu desci, dei um beijo na bochecha dos meus amigos e fui.
Eram quase 2 da manhã, então mandei a minha localização a todos do grupo da festa no Whatsapp. E ainda mandei um audio dizendo "mandei a localização. Jaja chego aí."

Sou bem desconfiada. Mas aí, ele fez "moça, você tá toda molhada no banco."
Eu comecei a rir de nervoso, eu realmente estava molhando o carro dele inteiro e nem havia notado.
Que idiota! Pensei comigo.

Eu: moço, desculpaaaa! Eu não tinha ideia. Eu posso pagar se quiser, deixo o meu número contigo e você me passa a sua conta. - rindo de nervoso.

Ele me olha rindo também, mas reforça: - Faz o seguinte, anota o meu número você. E manda um oi, quando chegar em casa te mando a conta.

Eu fico totalmente constrangida. Eu havia realmente feito isso, mas foi totalmente sem querer.

A corrida iria durar mais uns 20 minutos, e aquele silêncio depois dessa conversa tornou tudo mais lento. Cada km que passava, eu sentia mais vontade de sair dali correndo. Mas só conseguia sentir o meu vestido todo molhado e o banco de passageiro também.

Ele tenta quebrar o silêncio e pergunta: - Você está se sentindo bem?

Eu: na verdade não. Me sinto envergonhada disso ter acontecido. Me perdoe, me perdoe mesmo. Mereço 0 estrelas.

Ele começa a rir, olha pra mim e diz: sabe, eu tive um dia estressante. Você me alegrou. Sabe que eu brinquei quando falei da conta, né? Não tem problema. Amanhã é dia de lavar o carro mesmo. Isso acontece! Pode ficar tranquila. Posso colocar alguma música para que se sinta melhor? Me desculpe se te deixei assim.

Eu olho pra baixo, ainda com vergonha, olho pra ele e balanço a cabeça dizendo que sim. Mas completando: - Mesmo assim, me desculpe. Não tive a intenção.

Ele coloca na rádio e tava tocando a música mais triste que eu poderia ouvir naquele momento.

Eu não me aguento e começo a rir.

Ele me olha, sem entender e diz: O que foi?

Eu: essa música. Você botou pra alegrar e agora me deixou triste. - rindo.

Ele começa a rir também, e fala: isso na sua bolsa é cigarro? Desculpa reparar, é que você deixou ela aberta aí.

Aí eu: eita, sim! Fiquei tão descontraída com o que rolou, que esqueci.

Ele: posso fumar um? Eu abro as janelas.

Eu fico surpresa e digo: sim. Posso também?

Ele me olha e diz: claro!

No meio do trago, eu reparo o quanto a vista estava bonita; a de fora do carro e a de dentro.
Agora não era apenas o meu vestido que estava molhado...

[Continua]

- Relatos de uma ninfomaníaca. / - Lurrana Vitória.

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