Como eu não reparei antes?

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Depois de anos lutando contra a minha necessidade de consultar um psicólogo, fui obrigada.
Na época, eu tinha apenas 16 anos. Com os meus problemas emocionais, e que de certa forma era observado, meu colégio me obrigou a participar de algumas consultas durante seis meses.
Ou era isso, ou a expulsão.

Decidi ir, achei que isso significava ficar apenas sentada esperando a hora de ir embora. Eles podiam me obrigar a participar daquilo, mas não me obrigar a falar.

No primeiro dia, eu me senti completamente deslocada. Sentei no sofá, e ele me perguntou qual a razão de terem me mandado ali.
Com a maior cara de debochada, eu olhei em seus olhos e disse: descubra. Ou olhe nesse seu papel aí sobre mim, aposto que já sabe.

Mas ele não sabia realmente, com quem estava lidando. Ou com o que.
Ali tinha relatos sobre os meus cortes ou algo parecido, mas nada relacionado ao meu problema de fato. Mas logo irá descobrir.

Primeira sessão foi tranquila. Aliás, um tédio.
Eu ficava apenas enrolando respondendo algumas perguntas, até completar os minutos e ia pra casa.

Depois de 3 meses frequentando aquele mesmo ambiente, com as mesmas respostas, acredito que até ele já estava cansado da minha mania de fugir do assunto.
Mas continuava com o seu trabalho.

Estava aflita, precisava fumar algum beck. Precisava relaxar minha mente para mais um dia naquela sala pequena e entediante.
Fumei dois becks sozinhas, é claro que aquilo não ia da nada bom. Ou ia?

Entrei na sala, tava tão louca que conseguia olhar ao redor e sentir o meu corpo inteiro vibrando. Minha visão tava totalmente desregulada.

Sentei no sofá, ele me deu boa tarde. Eu dei uma risadinha de canto, e nem lembro direito se respondi alguma coisa. Apenas coloquei minha mochila no chão e me deitei.
Ele me olha estranhando o meu comportamento mas tenta seguir o processo.

Ele: - Como se sente hoje?

Eu olho em sua direção, e solto uma gargalhada.
Sento novamente, e respondo: diga você, como você se sente fazendo às mesmas perguntas todos os dias? Eu já teria mandado eu tomar no cu, sinceramente.

Ele olha em direção ao seu caderno de anotações e olha pra mim. Colocando a sua caneta dentro do caderno, ele olha para o lado e diz:

- É algum tipo de brincadeira? Você bebeu?

Eu: É sério, vamos lá. Estamos quase 4 meses nessa e eu só sei o seu nome. Me conte, como você se sente?

Ele: não posso falar disso com você. Estamos aqui pra cuidar do seu caso.

Eu: e qual é o meu caso? - Enquanto finalmente reparo no quanto ele é gostoso. Como eu nunca tinha reparado naquele corpo antes? Ficava tão concentrada em acabar logo que não reparava no colírio para os olhos que aquele homem era.

Ele: Você está bêbada. Eu não posso te consultar dessa forma, vou ter que avisar a sua diretora. - Enquanto fechava o caderno.

Eu: então significa que vou ser expulsa e não voltarei aqui. Vai sentir a minha falta? - Olhando fixadamente em seus olhos. Ele desvia o olhar.

Ele: Você não vai ser expulsa. Apenas levará uma advertência. Deveria saber disso.

Eu: Você não respondeu a minha pergunta.

Ele fica tímido, eu percebo isso. Meu olhar consegue te dominar sem que você perceba, mas ele foge. E eu adoro um tímido, vocês sabem disso.

Eu: Vamos, deixa de ser chato. Não tem ninguém aqui. Vamos conversar, ainda temos 40 minutos. Eu sei que você também deve ter os seus problemas, me conte. Juro que não contarei a ning- sou interrompida com um suspiro profundo dele.

Ele: O que você quer saber?

Eu: Ah, sei lá...por exemplo: és casado? Filhos? Quantos anos?

Ele balança a cabeça meio que se recusando a acreditar que eu realmente estava perguntando essas coisas. Mas se rende aos meus questionamentos. (Mais ou menos)

Ele: Não sou casado, a minha idade não interessa a você e não tenho filhos. Não posso ficar falando sobre a minha vida com os meus pacientes. Isso vai além do limite.

Foquei apenas no "não sou casado." Mas percebi que ele estava ficando constrangido então dei uma amenizada. Não queria assustar. Então fiz o papel de paciente.

Eu: Ok! Me pergunte o que quiser agora.

Ele: Você tem sentido vontade de se cortar ainda?

Eu: Não. Eu nem gosto mais disso.

Ele: E como se sente agora?

Gostaria muito de falar nesse segundo o quanto eu estava excitada com aquela talvez transa com um psicólogo. Nesse sofá aqui, ou até mesmo naquela poltrona que ele sempre se senta tão sério. Queria quebrar aquela cara de sério dele, queria ouvir ao menos uma risada, ele era tão...tão certinho. Isso me deixava louca. Eu estava louca. Completamente molhada, com vontade de sentir aquelas mãos em meu corpo. Deve ser maravilhoso levar um tapa na cara dele. Nossa...Eu não conseguia nem me concentrar.
Mas eu tento me conter e respondo: eu estou me sentindo bem. Ultimamente tem sido dias legais. - Enquanto a minha calcinha se molhava inteira. Eu podia sentir as paredes da minha vagina fazendo pressão de tanto tesão.

Ele faz mais algumas perguntas e eu me comporto feito uma linda paciente que estava ali apenas para resolver os seus problemas.
Só que ele não sabia que o meu problema agora era em como fazer ele perder a marra. Ou jogar aquela marra em mim.

Eu me levanto, vou em sua direção e dou um beijo na bochecha. Ele se assusta. Eu digo: até a próxima sessão, senhor.

Ele me olha sem entender nada, e eu saio da sala enquanto tento não gemer com os meus próprios pensamentos.

[Continua]

- Relatos de uma ninfomaníaca. / @lurranavitoria

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