Capítulo 5

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Antes de começar, quero dizer que outros capítulos, como este, também serão narrados pelo Eric. A ideia é mostrar os dois lados da história. Espero que gostem. Boa leitura! ♡ (e desculpa pelos bugs)

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Narrado por Eric

O relógio em meu pulso marcava oito da noite quando decidi me despedir de todos na festa da Luísa e ir embora. A maioria foi para um after numa das casas de festa da cidade, mas eu estava cansado demais para mais uma, então apenas segui o longo e quieto caminho que me leva até em casa. 

Entrei tentando fazer o menor barulho possível, para não atrapalhar a concentração da minha mãe em um dos fúteis programas de TV que ela gosta. Sem ser notado, entrei no meu quarto bagunçado e me deitei, pegando meu celular para ver as últimas notificações. 

Mensagens e mais mensagens que não paravam de chegar enchiam a tela. Nunca tinha muito tempo para responder todas, pois na maior parte estava focado em meu trabalho com a música, e também não me importava em manter as pessoas esperando.

Entediado, entrei em um dos aplicativos que eu não fazia ideia do porquê ainda mantinha instalado. Eu não preciso perder tempo conversando com garotas em aplicativos de relacionamentos pra ficar com elas, quando o fato de eu estar apenas caminhando na rua atrai facilmente qualquer uma.

Apesar disso, olhei algumas mensagens não respondidas e os perfis que o aplicativo me sugeria, até ver a foto da garota da festa. Parei, sorri desacreditado e mandei uma mensagem pra Luísa, ao me recordar de mais cedo.

— O quê?! – ela perguntou em um tom que eu não soube identificar de primeira, pela sua risada irónica. — Quando foi que eu falei que tô a fim de você? – virei-me para vê-la me olhando irritada, tentando entender o porquê. — Olha, você é bonitinho, mas isso não quer dizer que todas as garotas automaticamente te querem, só pra não te confundir de alguma forma. – ela me encarou. Engoli em seco, desacreditado pelas suas palavras e o tom de deboche em sua fala, mas disfarcei rindo, até o Omar chegar e nos distrair.

Decidi deixá-los sozinhos e caminhei em direção aos meus colegas de banda para avisar que logo iríamos embora.

— O que aconteceu? – Omar perguntou ao se juntar a nós.

— Estava tentando ajudá-la. Fiquei preocupado, mas ela foi grossa comigo. – dei de ombros. 

— Você falou alguma coisa errada? – arqueou uma de suas sobrancelhas. 

Não. Só falei que não estou a fim dela, pra não confundi-la.

— O que ela disse? 

— Que eu sou bonitinho, mas não significa que todas as garotas vão me querer por causa disso. – falei, imitando seu tom de voz.

— Caraca! – riu. — Não consigo imaginar ela dizendo isso, nem mesmo bêbada!

— Eu também não imaginava que seria assim. – falei seriamente, passando uma das minhas mãos por meus cabelos, enquanto pensava no que Luísa havia me dito. Não conseguia entender o porquê daquilo.

— Tu tá bolado? Por causa do que ela falou?

— Não, cara, claro que não! – menti. Estava sim um pouco chateado, ninguém havia falado comigo daquele jeito antes. — Sei que não é verdade. Tenho experiência com garotas como ela. – sorri.

— Você tá pretendendo tentar ficar com ela? 

— Não sei, não estou tão interessado. – falei, enquanto pensava.

Luísa é uma garota muito bonita, mas não o suficiente para me impressionar. E eu não havia gostado nada da forma que ela havia falado comigo, então precisava fazer algo.

— Mas gostaria de fazê-la se contradizer.

— Como assim?

— Vou fingir estar a fim dela pra provar que ela está errada. – falei, enquanto ele me olhava com a testa franzida e os braços cruzados.

Ele claramente não havia gostado da ideia, já que eles também são muito amigos. Mas o Omar sempre foi o meu melhor amigo, sempre esteve ao meu lado, então eu sabia que ele concordaria comigo de qualquer jeito.

— Não acho isso uma boa. Acho que poderia funcionar com outra garota, mas com a Luísa não tenho tanta certeza assim.

— Vamos ver então. – sorri maliciosamente, tendo em mente que não seria difícil. Sempre gostei de desafios, por menores que fossem.

21 de outubro de 2019

Encarei meu telefone por várias vezes, pensando no que enviar como resposta à pergunta da Luísa, mas ainda não havia me decidido.

Não poderia simplesmente falar o que eu queria por mensagem, pois seria muito fácil ela me ignorar, então teríamos que conversar cara a cara. 

Suspirei e desliguei o aparelho quando percebi que o ônibus já havia chegado ao meu destino. Desci do transporte e fui encontrar meus amigos e colegas de banda.

Estava prestes a acontecer um concurso musical na cidade, e nós estávamos planejando participar pela segunda vez, já que no ano passado não conseguimos chegar tão longe.

Além de mim, nossa banda é composta por Luan Moraes, meu amigo mais próximo e o guitarrista, Marcos Cruz, o tecladista e vocalista secundário, Leonardo Carvalho, baixista e vocal de apoio, e Cristiano Neves, nosso excelente baterista.

Nos conhecemos na escola, e tínhamos entre quinze e dezessete anos quando decidimos formar a banda, embora minha paixão por fazer música venha de mais cedo.

Começamos nos apresentando em lugares pequenos, e passamos a postar covers de músicas famosas e clássicas do rock nacional em nosso canal do YouTube, cientes de que não seria tão fácil no começo. Mas com o tempo, nossos covers começaram a ganhar mais visualizações e começamos a ser chamados para tocar em alguns eventos da cidade.

Hoje temos duas músicas autorais lançadas, e mesmo sendo pouco, não desistiremos até conseguirmos mostrar a todo o Brasil e o mundo que somos bons.

Minha mãe, no entanto, acha tudo isso uma loucura e vive me dizendo que não vou conseguir nada na vida se optar por esse caminho, que eu tenho que seguir o exemplo de meu pai, um empresário que nos abandonou, me deixando para sustentar nós dois com um emprego numa padaria, enquanto ele manda apenas uma pequena quantidade de dinheiro por mês.

Só Deus sabe o quanto eu o odeio por isso e como desejo que minha mãe deixe de defendê-lo.

Por isso, me sinto motivado a continuar trabalhando e insistindo no meu sonho de me tornar grande na música ao lado dos meus amigos.

A cada pequeno crescimento nosso, me sinto grato e busco por mais, para provar não somente aos meus pais, como também a todos que duvidam de nós, que somos fodas, e vencer esse concurso é a grande oportunidade para fazer isso acontecer. 

Um Típico Romance ModernoOnde histórias criam vida. Descubra agora