Capítulo 7

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Narrado por Eric

Durante dezoito anos da minha vida, eu amei apenas uma garota. Antes dela, eu nunca tinha pensado que amar alguém poderia doer tanto.

Foram dois anos da minha vida estando ao seu lado, conhecendo seu mundo e a apoiando em tudo. Fiz músicas apaixonadas para ela e absolutamente tudo o que eu podia para vê-la feliz, até descobrir que ela não tinha só a mim. 

Eu não entendia o porquê daquilo tudo. Me sentia usado, enganado e descartado. Me sentia um lixo.

Tínhamos muitos planos. Com apenas dezesseis anos já pensávamos em como seria nosso casamento. Loucura total, mas estávamos apaixonados. Quero dizer, eu estava. Jurava que ela sentia e queria o mesmo, mas enquanto eu estava lá, ela ria de mim com algum cara, inclusive um dos meus falsos amigos.

Entender isso me causou uma dor que eu pensei que nunca fosse querer parar. 

Eu odiava chorar, principalmente se fosse por causa de alguém, e evitei fazer isso, até perceber que não podia mais.

Eu não conseguia dormir por estar pensando nela e me sentia um estúpido por isso.

Escrevi algumas canções que traduziam perfeitamente como eu me sentia, mas não parecia suficiente, a dor não passava e ela não saía da minha mente. 

O tempo passou. Busquei manter todo o meu foco na música e em fazer minha pequena banda crescer. Receber alguns ‘não’ de pessoas que eu não estava interessado romanticamente me fez esquecer de forma superficial a dor do primeiro amor. 

Decidi que o meu trabalho seria minha única dedicação e que nunca mais amaria alguém novamente, e eu estava indo bem, já que no último ano eu e os garotos estávamos sendo chamados para cantar em diferentes eventos, sendo reconhecidos pela cidade.

Eu sempre recebi muita atenção, principalmente de garotas, e me aproveitei disso pra reconstruir minha confiança. 

Decidi que nunca mais me permitiria ser descartado novamente, por absolutamente ninguém. 

25 de outubro de 2019

Encarei a garota ao meu lado por alguns segundos antes de avançar rapidamente em sua direção para juntar nossos lábios em um beijo. Tudo o que eu precisava era de uma prova de que ela não quis me dizer o que disse na festa. 

Mas ela me empurrou e perguntou em um tom nada discreto:

— Eu vou ter que te dizer mais uma vez que não estou interessada por você? Você acha que eu tô me fazendo de difícil, é isso?

 

Passei meus dedos pelos meus cabelos, tentando controlar meu nervosismo, enquanto me desculpava. Não sabia o que fazer.

Ela realmente não queria? Eu estava errado e ela realmente estava me rejeitando?

— Vai se foder! – ela disse, antes de sair e me deixar sozinho, confuso e envergonhado.

— Eric!? – a voz de Omar me despertou dos meus pensamentos, e pelo seu olhar, deduzi que não era a primeira vez que ele me chamava. — Qual foi, cara, tranquilo?

— Tô de boa. – bebi um gole da cerveja na mesa que estávamos dividindo. Após o filme na casa da Raissa, decidimos ir para um bar com mais alguns amigos.

— Saquei. Isso tem alguma coisa a ver com a Luísa? – perguntou, arqueando uma das sobrancelhas. — Ela estava claramente bolada quando foi pra casa, e quando eu te encontrei na cozinha você parecia estar pilhado. Quer me contar sobre isso?

— Não, isso não tem a ver com ela. – respondi de forma grosseira. Omar me olhou seriamente sabendo que não era verdade. Suspirei. — Eu a beijei. Mas ela não queria. – olhei para baixo, batendo com a ponta dos dedos no meu copo de cerveja. 

— Você forçou ela a te beijar?! – perguntou incrédulo. 

— Não, cara, eu esperei que ela correspondesse, mas ela me empurrou. – sua expressão suavizou-se levemente.

— Eu sabia que não ia dar certo. – ele disse, balançando sua cabeça em negação. — Por que você não deixa isso pra lá?

— Não posso. – fechei minhas mãos, sentindo raiva. 

— Você não tem noção de que isso é meio zoado?! – perguntou seriamente, me olhando nos olhos.

— Eu sei, mas desde que… – engoli em seco.

Eu odiava falar da Morgana, me causava uma sensação muito ruim, mesmo depois de um ano. Omar sabia muito bem sobre o que eu estava me referindo, então apenas assentiu.

— Melhor não falarmos mais nada sobre isso. – falei seriamente, tentando pensar em algo que me deixasse menos irritado.

 

28 de outubro

Peguei meu telefone pela décima quarta vez naquela manhã, apenas para ver se a Luísa já havia visto uma das mensagens que enviei pedindo desculpas por ter tentado beijá-la sem sua permissão.

A cada vez eu ficava ainda mais ansioso e pensativo. Não entendia o porquê de ela estar fazendo aquilo, muito menos o porquê de eu estar me importando.

Eu tinha muitas mensagens de garotas que dariam tudo pra ficar comigo, eu deveria simplesmente respondê-las, sair com algumas e esquecer daquela mimada, mas precisava vencer o desafio que eu mesmo propus.

— Estamos prontos. – disse Luan, aproximando-se com nossos parceiros de banda. 

A competição musical estava prevista pra acontecer em menos de duas semanas, estando a nossa apresentação marcada para o segundo dia, e essa era a única coisa que me mantinha focado.

— Beleza, vamos lá. – respondi, me levantando para ocupar meu lugar em nossa formação e dar início ao nosso primeiro ensaio.

Um Típico Romance ModernoOnde histórias criam vida. Descubra agora