Capítulo 4

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Um fato sobre mim é que eu odeio domingos.

Primeiro que eu sempre acordei cedo nesses dias. Segundo que é um dia tão entediante que tenho que fazer algumas das minhas tarefas que eu normalmente faria na semana, justamente pra não ficar reclamando que não tenho nada pra fazer.

Naquele domingo eu acordei sentindo uma dor de cabeça insuportável, xingando mentalmente todos os palavrões existentes e me arrependendo de todos os pecados que eu pudesse ter cometido nessa ou nas minhas vidas passadas, se é que isso é mesmo real.

— Bom dia, preguiçosa! – disse Dora, me olhando levantar da cama pelo espelho em sua penteadeira, enquanto fazia seu skincare matinal. — Deixei um comprimido aí, caso esteja com dor.

— Bom dia. – me espreguicei. — Obrigada! Estou faminta. – falei, virando-me para pegar o remédio e beber a água. 

— A Raissa tá fazendo panquecas americanas pra gente. – ela disse, guardando algo em sua penteadeira e indo em direção à saída do quarto. Assenti e decidi ir tomar um banho para tentar me sentir melhor.

Logo após, desci para tomar café e ter uma divertida conversa sobre os acontecimentos do dia anterior com minhas amigas.

Estaria em casa naquele mesmo dia, já que na segunda-feira nossa rotina de ir para escola já estaria de volta, o que me deixava um tanto chateada. 

Ao arrumar minhas coisas, peguei meu telefone e comecei a analisar as últimas notificações. Uma delas me chamou atenção, me deixando confusa e em negação. 

"Olha só quem eu encontrei aqui.” – era o que havia na mensagem do aplicativo de relacionamento, enviada por ninguém menos que Eric Duarte.

Pisquei meus olhos algumas vezes e tentei ler novamente para ter certeza de que não estava lendo errado.

E então me lembrei vagamente da noite anterior. 

Fazia alguns minutos desde que os garotos começaram a tocar. O sol já havia se posto, alguns tinham saído da piscina e meus amigos se divertiam assistindo Eric e os garotos, enquanto eu apenas decidi buscar mais bebida e observar a festa.

Eu não fazia a menor ideia do quanto de álcool já havia ingerido, e nem queria saber, imaginava que ainda conseguiria beber muito.

Eu apenas me sentia leve e divertida, já não pensava tanto em como meus amigos estavam felizes pelo Felipe simplesmente aparecer do nada na festa sem ter sido convidado, um ano depois de partir meu coração. 

— A aniversariante está bem? – o garoto de cabelos ondulados perguntou, tirando-me dos meus pensamentos desorganizados e quase me fazendo derrubar a bebida da minha mão.

Não sabia o porquê de justamente ele estar lá, mas pela garrafa de água que ele segurava, deduzi que ele estava fazendo um intervalo.

— Estou. – respondi rindo. — Por quê? O que faz aqui? Não deveria estar cantando? – perguntei em um tom divertido ao me aproximar, e ele respondeu exatamente o que eu havia pensado.

— Há quanto tempo você está bebendo? – perguntou, apontando para meu copo. 

Por que o interesse? Nem nos conhecemos. – falei, bebendo mais um gole da bebida.

— Ok, mas você é a aniversariante, na minha opinião não deveria beber tanto. – disse ele, me fazendo rir.

— Essa é a minha festa, posso beber o quanto eu quiser, você não tem nada a ver com isso. – falei com um sorriso falso e virei as costas para ir embora.

— Me dá isso. – disse ele, ao me puxar delicadamente e tirar o copo da minha mão. — Olha só para todo mundo. – ele apontou para as pessoas dançando loucamente próximas à piscina. — Não tem muitas pessoas sóbrias aqui e eu acho que você não quer que sua festa vire uma bagunça. 

— Pela última vez, isso não tem nada a ver com você.

— Eu só estou tentando te ajudar. – suspirou. — Mas já que não aceita, vou pedir pra Dora ou o Omar ficar de olho em você. E só para não te confundir de alguma forma, eu não estou interessado em você. – disse ele seriamente. Isso realmente me ofendeu. 

— O quê?! – perguntei confusa e ao mesmo tempo irritada, mas com uma risada irônica. — Quando foi que eu falei que tô a fim de você? – virei-me enquanto ele dava um passo para ir embora. — Olha, você é bonitinho, mas isso não quer dizer que todas as garotas automaticamente te querem, só pra não te confundir de alguma forma. – falei, o encarando com desdém, borbulhando de raiva por dentro enquanto ele apenas ria.

Confesso que pensei que seria legal lhe dar uns tapas, mas o fato de ter dito aquelas palavras me trazia um pouco de tranquilidade e satisfação.

— Tá tudo bem por aqui? – perguntou Omar, me fazendo desviar o olhar do Eric para ele.

— Está sim, ela só bebeu mais do que deveria e tá um pouco alterada. Fica de olho nela. – ele disse ao se preparar pra sair, enquanto Omar apenas assentiu

— Vamos entrar. – disse Omar ao me abraçar de lado. — Vou falar com a Dora ou a Raissa pra te fazer companhia enquanto eu falo com ele.

— Não precisa, eu tô bem! – falei, sendo ignorada por meu melhor amigo.

— Vamos? O Uber chegou. – disse Raissa, me trazendo de volta à realidade, me fazendo pegar minha mochila e desligar a tela do celular.

Me despedi calorosamente de Dora e Raissa, quando o motorista parou em minha casa e voltou para levá-las de volta para as suas.

Ao passar pela porta da entrada, me assustei levemente com as vozes gritando "surpresa!", o que despertou minha dor de cabeça.

Nunca fui muito fã de surpresas como essa, por isso apenas dei um sorriso sem graça e entrei para ver toda minha família reunida, incluindo meu pai, sua esposa atual e minha meio irmã mais nova.

Apesar de separados, meus pais decidiram manter uma boa relação para que eu fosse feliz, e isso funcionava. Sempre me dei bem com o meu pai, e não sentia que ele estava ausente, mesmo quando não era a mesma coisa de vê-los juntos o tempo todo em casa.

Após passar um tempo na sala recebendo muita atenção, presentes e comidas, subi para meu quarto pra ficar sozinha.

Questões sem respostas sobre a noite passada eram feitas em minha mente, enquanto eu mandava uma mensagem para o Eric perguntando o que ele queria.

Logo após, me deitei, fechando meus olhos e apagando antes de receber qualquer resposta.

Um Típico Romance ModernoOnde histórias criam vida. Descubra agora