Capítulo 16

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Narrado por Morgana

Até os meus doze anos de idade, fui criada por minha mãe, uma mulher egoísta que não me dava atenção, me fazia de sua empregada e levava seus vários namorados para nossa casa enquanto eu ainda era criança. Convivi com ela até meu pai perceber que ela me fazia mal e decidir me levar pra morar com ele em Teresópolis, onde eu rapidamente me adaptei.

No segundo ano do ensino médio, conheci Eric Duarte, um garoto do primeiro ano que havia acabado de começar uma banda com seus amigos da escola. Me encantei por ele assim que o ouvi cantar num festival.

Ficamos em uma festa e a partir disso começamos a conversar. Ele era tão atencioso e me tratava com tanto carinho que eu acabei me apaixonando.

Pouco tempo depois, começamos a namorar, sendo esse o meu segundo relacionamento. O primeiro foi quando eu tinha quatorze anos, com o garoto com quem tive a minha primeira vez, mas não era nada demais.

Um ano depois, as coisas começaram a ficar diferentes entre a gente. Eu comecei a trabalhar numa lanchonete, enquanto ele dava total atenção à sua banda e seus amigos, diminuindo nosso tempo juntos. E apesar de isso não mudar totalmente nosso relacionamento, estava me fazendo mal a ponto de um de seus amigos de fora da banda começar a notar.

Eu e o Henrique começamos a conversar muito, quase todos os dias e sem parar, senti que tínhamos uma conexão especial e ficava cada vez mais atraída por ele. Era muito natural, e eu não me sentia mal, afinal com ele eu tinha toda a atenção que o Eric estava deixando de dar.

Eric e eu fizemos planos para morarmos juntos ao final do ensino médio, porém como ele ainda tinha um ano até se formar, fui morar com minha tia em Nova Friburgo e comecei a fazer faculdade de marketing numa instituição paga, onde a maioria me achava linda e inteligente, o que me agradava muito.

Nos víamos quase todos os finais de semana e conversávamos por mensagem todos os dias, mas em diversos momentos eu me via muito entediada.

Com isso, eu e minhas amigas da faculdade saíamos juntas para fazer compras e ir à festas, onde costumávamos ficar bêbadas e sair na companhia de outras pessoas, inclusive vários caras com quem tive noites de muita diversão, coisa que o Eric nem imaginava.

Mudei o cabelo várias vezes, fiz alguns piercings, minha primeira tatuagem, e mudei meu estilo, o que surpreendeu e chamou a atenção de muitas pessoas.

Apesar de não comentar muito, meu namorado não gostava tanto de me ver usando vestidos curtos e colados quando saíamos juntos, mas eu adorava os olhares que eu recebia. Eu me sentia incrível.

Fazia pouco tempo que havíamos completado dois anos de namoro quando fui passar as férias da faculdade em Teresópolis. Fomos em uma festa juntos com alguns de seus amigos, onde eu e o Henrique nos encontramos pela primeira vez em muito tempo, o que reacendeu a chama entre nós. Ficamos no banheiro da casa de festa, sendo infelizmente interrompidos pelo próprio Eric.

Ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas e uma expressão de raiva e decepção, enquanto eu o encarei paralisada, o escutando gritar em minha direção. Se seus amigos não tivessem o levado, ele teria avançado no Henrique ali mesmo.

No outro dia, fui até sua casa pra tentar conversar e buscar algumas coisas minhas, mas ele não quis falar nada além de xingamentos. Quando já estava de volta à casa da minha tia, descobri que Eric havia me bloqueado em todas as redes sociais.

Sem ter que voltar para Teresópolis, tive mais tempo pra focar nas matérias da faculdade e sair com minhas amigas nos finais de semana, me aventurando de forma intensa.

O problema foi quando minha tia começou a reclamar que eu mal ficava em casa, da bagunça que fazia quando ela saía e dos caras que eu levava pra passar um tempo comigo.

Mas tudo ficou ainda pior quando ela achou que eu estivesse usando drogas, já que eu tinha súbitas mudanças de comportamento devido ao estresse com a faculdade. Ela não entendia isso, por isso me levou até uma psicóloga e um psiquiatra.

E foi assim que eu descobri ter um tipo de transtorno de personalidade. E por causa disso, a única opção que tive foi começar a frequentar semanalmente um psicólogo para me tratar. Mesmo odiando, com o passar do tempo acabei percebendo muitas coisas das quais eu não fazia ideia antes.

Me dei conta de como magoei o Eric, de como eu era dependente da visão e atenção das outras pessoas e do quão aquilo me fazia ser uma péssima pessoa pra conviver.

Um ano depois, estava vendo meu Instagram normalmente quando descobri a data de um concurso musical que sempre acontecia na minha antiga cidade. E não fiquei surpresa ao ver que o Eric era um dos candidatos.

Encarei isso como uma oportunidade de viajar até lá e tentar conversar, mesmo meu psicólogo tendo me recomendado não procurá-lo, não queria que ele me odiasse para sempre.

Tudo o que eu precisava era fazer ele entender o porquê de ter lhe causado tanto mal, e terminar esse capítulo de um jeito melhor, tanto pra mim quanto pra ele.

Mas não seria fácil. Nossa primeira conversa não foi, apesar de ele ter tirado de dentro de si toda a sua mágoa. Mas eu queria mais.

Um Típico Romance ModernoOnde histórias criam vida. Descubra agora