Capítulo 3

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Antes de pegar o telefone e fazer as ligações eu penso em que tipo de desculpa darei para dizer que vou ficar na Filadélfia por tempo indeterminado. Tanto minha mãe quanto Tobey sabem que esse está longe de ser meu lugar preferido no mundo.

“Hope, graças a Deus, eu estava preocupada. Você demorou a ligar." Mamãe exagera.

Ela não dava muita atenção para mim antes de irmos para Londres, na verdade ela e o papai mal me enxergavam, eu era uma pobre garota no meio do fogo cruzado. Mas quando me tornei tudo que ela tem as coisas mudaram.

"Desculpe-me, eu estava cansada e fiquei conversando com meu pai." Me justifico. "Mas cheguei bem."

Vou até a cama e sento-me segurando um dos travesseiros.

"E o que seu pai queria?" pergunta.

"Me ver." Falo. "Passar um tempo comigo."

"Só isso? Por que ele te fez pensar que era urgente?"

"Eu não sei, talvez porque soubesse que eu não viria aqui sem que fosse importante." Tento defender. 

"Então, quando volta?"

É complicado responder essa pergunta. Quando eu souber tudo sobre a empresa? Quando meu pai morrer? Eu não sei.

"Mãe, eu acho que passei muito tempo longe dele." Digo. "Nós merecemos um tempo real para nos aproximarmos, além do mais eu acabei de me formar e na Evans eu poderia ter uma experiência real na área." 

Mamãe fica em silêncio, e conseguir deixar minha mãe em silêncio é algo muito raro. Normalmente ela fala pelos cotovelos.

"E o emprego? E Tobey? E eu?" Ela dispara em seguida.

"Eu vou pedir demissão." 

Vamos ser sinceros, eu ganho uma miséria e não faço nada que realmente me acrescente naquela galeria. A única razão para eu ter aceitado trabalhar lá é porque eu amo arte e conheci artistas incríveis nos últimos dois anos e meio, mas eu sei que não sentirei falta.

"Tobey pode sobreviver um tempinho sem mim, assim como você." Digo. "São apenas por algumas semanas."

Sinto-me péssima em dizer semanas, afinal eu não quero que meu pai viva só mais algumas semanas, mas se eu dissesse meses minha mãe iria surtar.

"Como ele te convenceu? Eu sei que seu pai pode ser convincente." Ela diz.

Não duvido disso, afinal ele conseguiu fazê-la voltar para ele cinco vezes, convincente deveria ser o nome dele.

"Ele não me convenceu, eu quis." Minto. 

Mamãe suspira.

"Se você já está decidida." Ela desiste. "Se cuide. Eu amo você."

"Eu amo você também mãe."

Não é tão simples assim com Tobey, ele parece criar uma lista infinita, e irreal, de coisas para mim fazer em Londres que são inadiáveis. A maioria tem a ver com compromissos dele mesmo nos quais ele adoraria exibir sua namorada, herdeira milionária.

Tobey é assim, ele não se importa que eu more em um apartamento de dois quartos em um bairro popular de Londres ou que eu tenha um emprego miserável, eu ainda sou Hope Evans, filha de um milionário, e em um mundo de aparências isso é tudo. 

Não era assim no começo, ele gostava de musicas legais, eu comecei a conversar com ele por essa razão, quando deixamos o colégio ele passou a produzir umas bandas alternativas e eu adorava. Iamos a esses shows únicos. Até que ele começou a produzir artistas pop e do dia para a noite se tornou ambicioso, super preocupado com aparência e altamente requisitado. 

HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora