Capítulo 6- em nome dos velhos tempos

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Naquele dia seria o julgamento de Draco Malfoy. O medi-bruxo nem saía mais de casa, afinal, todo mundo bruxo sabia sobre a suposta culpa do loiro sobre a fuga dos comensais de Azkaban. Era óbvio que tinha sido ele, isso é claro se não fosse uma acusação completamente ridícula. 

Sem contar que é um ex-comensal, o Malfoy também é filho de um dos fugitivos. Aquilo com certeza o incriminara. Mas o que nenhum dos bruxos, que andava por aí com seu Profeta Diário nas mãos e olhando torto para qualquer Malfoy, sabia, era que Draco nunca teve escolha. Ele não queria ser um comensal, e ele nunca, nunca gostaria de ter nascido na mesma família de Lucius.

O loiro não queria nem imaginar o que os filhos estavam passando na escola. Se lembrava nitidamente do ano após seu pai ser preso pela primeira vez, após a batalha no ministério. Foi um dos piores anos da sua vida. Foi o ano em que ele recebeu a marca, teve que passar a maior parte de seus dias tentando arrumar formas de matar o diretor enquanto Potter estava obcecado em saber o que o garoto tentava fazer, foi o ano também em que teve que aturar diversos insultos por ser revelado que seu pai era um Comensal da Morte. 

O que Melinda e Scorpius estavam tendo que ouvir? Draco falara sério quando disse que faria cada um daquela escola engolir cada uma das ofensas direcionadas aos gêmeos.

Não era difícil adivinhar o que aconteceu em Hogwarts. Três dias de isolamento da parte dos gêmeos Malfoy. Scorpius passando o dia inteiro com a cara enfiada nos livros e Melinda ou em seu salão comunal, ou na Torre de Astronomia, ou no banheiro da Murta que Geme. A garota não interagia com ninguém, no máximo, perguntava as horas para um sonserino. Sonserinos apoiavam uns aos outros, essa era a regra. Todos ali já sofriam o bastante por todo preconceito com a casa que foram colocados.

Terrivelmente injusto. A Sonserina é uma casa astuta, esperta, ambiciosa, minuciosa e qualquer outro adjetivo terminado com "osa", exceto "maldosa". Claro que, bem, nenhum sonserino se esforçava para ser bonzinho, eles nem tentavam pra falar a verdade, mas isso não significava que eram propriamente maus. Era como a avó de Scorpius e Melinda, Narcisa, dizia: "se 'mau' quer dizer ser ambicioso, esperto e infinitas vezes mais superior no que faz, ser mau é uma dádiva."

A única vez que Melinda tentou interagir com outras pessoas foi quando se encaminhou para o jardins com Alvo, para ir encontrar seus amigos. Uma tentativa falha, afinal, não tinha chegado nem na metade das margens do Lago Negro, quando Roger Finnigan a encarou com olhos franzidos em desaprovação e então ela explodiu. Jogou a primeira azaração que lhe veio a cabeça, o que fez o garoto arrastar seus dentes no chão, de tão grandes que estavam. Por mais que saiba que foi errado, não se sentia nenhum arrependimento de ter feito aquilo, na verdade, se sentia incrivelmente melhor.

  -Tínhamos que ficar unidos agora. - Scorpius disse atrás da garota, que estava jogada no sofá do salão comunal, observando a vista do Lago Negro e imaginando quão bom seria se fosse uma lula, podendo nadar o dia inteiro e não se preocupar em receber ofensas ou em querer parecer melhor do que as pessoas. E o melhor: quando algum intrometido tentasse a ofender, ela apenas jogaria um punhado de tinta roxa gosmenta na cara dele. Com certeza isso seria satisfatório. Observando a lula, Melinda chegou a conclusão que precisava aprender uma azaração para jogar tinta na cara de alguém. De preferência uma tinta que não saísse nunca mais.

  -Tínhamos, mas você sabe tão bem quanto eu que precisamos ficar sozinhos. - disse sem tirar os olhos da janela.

  -Por que não vai mais às aulas? - perguntou, arrumando um espaço no sofá verde, ao lado da irmã.

  -E aguentar todo mundo me olhar torto sabendo que não posso rogar alguma praga neles sem ganhar detenção? Oh não, muito obrigada. - ele esboçou um sorriso. - Sem contar que pude pensar melhor.

𝐇𝐎𝐖- 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐘 𝐏𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑 (𝐈)Onde histórias criam vida. Descubra agora