Dia 60 (B)

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Gilbert bebia uma Coca-Cola, a única coisa gostosa da lanchonete do hospital. Sentia o ardor e a toxixidade daquilo descendo e quase que rasgando sua garganta, mas não conseguia parar de tomar.

Sentado numa cadeira, ele pacientemente esperava o horário de visitas chegar. Sua atenção se dividia entre assistir algo na Netflix e fazer um slide da matéria de Ética. Típico para ele.

-Senhor Blythe- uma enfermeira o chamou. -Já pode entrar.

Enquanto andava pelo tão conhecido caminho até o quarto onde seu pai estava, ele viu a ruiva correndo pelos corredores do prédio. Tão rápido que ele só a pôde reconhecer por conta de sua mochila inconfundível.

-Gilbert, filho!- Foi o que ouviu quando entrou no quarto do pai. Por minutos, ele esqueceu da estranha movimentação que havia visto e passou a focar apenas no lugar e momento que estava. E ele nunca haveria conversa melhor com o pai como aquele dia.

Ele não sabia, mas não haveria mais conversas com o pai, na realidade.

Foi quando despediu-se dele e saiu do quarto que todas aquelas dúvidas voltaram. Por que ela tá aqui? Ela tá bem? Foi alguém da família dela?

Nada estava claro e ele não suportava aquela incerteza.

Foi enquanto ponderava se falaria com ela ou não que ele ouviu soluços, que pareciam ser de alguém que estava em pranto.

the candy store boy	 [shibert] Onde histórias criam vida. Descubra agora