Dia 77

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O internato de Gilbert estava prestes a começar. Ele havia recebido 2 semanas de férias antes do famigerado dia. Além dele, Josie Pye -uma americana-, Prissy Andrews -uma riquinha humilde que ele semi-conhecia desde criança-, Moody Spurgeon -um ex-fazendeiro- e Ka'kwet -uma Mi'kmaq que havia recentemente se mudado para Toronto- eram do seu "grupo" de internato.

Infelizmente, ele não poderia mais trabalhar na Mary's Sweet Shop, devido a todos os plantões longos que precisaria enfrentar daquele momento em diante. Então, eles deram a Gilbert alguns doces e pequenos presentes (algumas notas de 100 dólares a mais) como agradecimento por seu trabalho, ao som de uma música suave dos anos noventa que tocava num rádio antigo. Ruby já estava pronta para assumir o comando do caixa. Tudo estava nos eixos.

Até que Anne entrou. E Gilbert havia esquecido completamente de avisá-la.

-B-boa noite?- disse ela ao chegar perto do caixa.

-Boa noite Shirley.- respondeu Sebastian. -Estamos dando uma mini festa de despedida pro nosso funcionário aqui- Puxou Gilbert para perto de si.

-Olha o exagero, homem.- riu Mary. -É só algo pequeno, mas especial, pro Gil.

-Ah. Perdão pela interrupção.- Ela saiu de cabeça baixa rapidamente. Todos se olharam sem entender nada. Foi quando Blythe saiu da loja e se aproximou dela.

-Anne?

-Por que não falou que iria embora?- Sua voz não parecia embargada, mas a mágoa a fazia parecer assim.

-E-eu não vou embora, Anne.

-Tudo que já foi imp... Espera ai, o quê? Pra que aquilo então?

-Eu só vou pro internato num hospital. É assim que a gente chama o período de treino antes de se formar, entendeu?

-Aah. Mas mesmo assim, não vamos poder nos ver tanto.

Juntando coragem, ele propôs:

-Podemos sair de novo no domingo. Podemos sair quantas vezes quiser. Só me dizer o dia que te digo se posso, e se não puder, vou sugerir outro.

-Aah...- Anne estava sem palavras, apenas conseguia admirar aquela beleza que estava na sua frente. Logo à sua frente. Alguns centímetros à sua frente na verdade. - O-ok. Pode ser.

Gilbert observa o quão bonita ela era, mesmo em suas vestimentas mais simples. Tudo que queria era findar o espaço existente entre eles.

E, então começou a nevar. Poucos minutos foram necessários para que os flocos de gelo começassem a fazer pequenos amontoados brancos neles. Mas não ligaram.

Anne recordou-se de algo que havia perguntado a Marília quando tinha uns quatorze anos: "Se eu quiser beijar o menino, por que eu não posso dar o primeiro passo?"

Lembrando daquilo, ela o puxou suavemente com a mão direita, ajeitou a posição do seu corpo e o deixou sentir o gosto de morango de seu brilho labial.

the candy store boy	 [shibert] Onde histórias criam vida. Descubra agora