2 - Desconhecida

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2 de Abril de 1962

Senti um impacto terrível quando minhas costas se chocaram contra o chão daquele beco escuro e sujo; acima de mim havia uma fenda azul enorme que brilhava, eu tinha saído dali de dentro? Me levantei e cambaleei para os lados, eu estava fraca e meu corpo todo doía, e vestia apenas a droga de uma camisola branca.
- Olá? - gritei, poderia ter mais alguém ali, além de mim? Olhei para a fenda e ela sumia aos poucos, me deixando sozinha e imersa em dezenas de dúvidas, o que eu iria fazer agora?
Saí de dentro do beco e notei que estava em alguma cidade, os carros passavam pelas ruas e pessoas iam e vinham de todos os lados. Andei um pouco até achar uma banca de jornais.
"Dallas, Texas 2 de Abril de 1962."
O que eu estava fazendo em Dallas? E como eu tinha ido parar em 1962? Minha cabeça latejava e meus olhos ardiam, sentia que poderiam saltar para fora a qualquer momento.
Continuei andando e entrei em um restaurante onde havia uma placa que dizia "apenas pessoas brancas". Que tipo de pessoas antiquada colocaria uma coisa dessas? Me sentei em uma mesa e coloquei as mãos na cabeça; foi quando notei as inúmeras marcas sobre meu braço, estavam em tons de roxo e amarelo e com várias pequenas picadas. Vi uma mulher se aproximando, e disse, segurando um bloco de notas:
- Vai pedir alguma coisa, senhorita? Ou está esperando seus pais?
Ela me olhava com curiosidade, provavelmente pela situação precária em que eu me encontrava e minhas roupas que não estavam lá muito apresentáveis.
- Ahn… água, por favor. - pedi, vendo-a anotar. Saiu e segundos depois retornou segurando um copo. Agradeci e bebi tudo em grandes goles, céus, eu estava com muita sede.
Bati as mãos na camisola a procura de algum bolso mas não havia nada, e consequentemente eu não tinha dinheiro para pagar. Respirei fundo e tentei manter a calma, enquanto chamava novamente aquela mulher.
- Desculpe, mas eu não tenho dinheiro para pagar, se eu puder fazer alguma coisa para compensar eu…
- Não se preocupe, - me interrompeu. - nós não cobramos pela água.
- Ah sim, certo… - soltei o ar aliviada.
- Você parece estar meio perdida, tem algum parente ou conhecido aqui perto que eu possa ligar?
- Eu não... sei. - não conseguia me lembrar de nada, tudo era um enorme borrão e forçar minha mente me dava náuseas. - Desculpe, preciso ir.
Me levantei e me arrastei para fora do estabelecimento.
- Espere! - a ouvi gritar e me virei. - Se você quiser nós temos vagas para garçonete, você tem alguma experiência?
- Acho que não, mas posso tentar.
- Certo, venha comigo. - andou até os fundos e eu a segui, entrando numa pequena sala. - Nós vamos pegar suas informações e começar o treinamento, se tudo der certo o emprego será seu. - sorriu de forma carinhosa o que me fez sorrir junto.
- Obrigada… - não sabia seu nome.
- Diana, e você, como se chama?
- Meu nome? - eu não sabia, na verdade não sabia nada que pudesse ser útil. - Anna. - disse o primeiro nome que me veio à mente.
Nos sentamos em uma mesa com alguns papéis; olhei em volta e havia apenas uma pequena janela ao meu lado, no outro extremo da sala algumas estantes e quadros e uma outra mesa com uma mulher sentada mechendo em algumas pastas e uma máquina de escrever ao seu lado.
- Então, qual seu nome completo? - perguntou com uma caneta na mão e escrevendo algo numa folha.
- Anna... Adams. - tentava me lembrar de onde eu conhecia esse nome, enquanto ela me fazia mais perguntas, as quais eu inventava qualquer coisa.
No fim me disse que iria me dar uma chance, e foi buscar algo em outra sala; voltou segurando um uniforme branco e rosa em mãos. Disse para eu ir me vestir no banheiro e quando estivesse pronta era para encontrá-la no balcão da loja, e iríamos iniciar o treinamento.
Entrei no banheiro e tranquei a porta, me encostando nela. Tinha um pequeno espelho ali, e assim que encarei meu reflexo tomei um susto; abaixo dos meus olhos tinham olheiras roxas e escuras, e minha boca estava branca e seca. Meus cabelos mais pareciam um ninho de pássaros e meu cheiro não era nada agradável. Me pergunto o porquê daquela mulher ter sido tão gentil comigo estando neste estado.
Finalmente tirei aquela maldita camisola e a joguei no lixo, vestindo o uniforme que deixava minhas pernas a mostra; essas que igualmente aos meus braços tinham ematomas roxos.
Passei os dedos entre os fios do meu cabelo na intenção de deixá-los mais apresentáveis, mas apenas piorou a situação então deixei como estava. Abri a torneira da pia e formei uma pequena poça de água com as mãos, jogando no meu rosto em seguida. Me sentia exausta e meus olhos pesavam como chumbo, além da dor de cabeça que ainda insistia em latejar. Sequei o rosto e saí do banheiro, indo até onde Diana me esperava.
Eu não sabia como e nem porque estava aqui, mas sentia que algo ruim poderia acontecer a qualquer momento, e isso me amedrontava.
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25 de Novembro de 1963

Anomalia | Number FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora