- P.O.V. Five -
Saímos correndo dali antes que alguém resolvesse aparecer para ver o que tinha acontecido. Diego pegou Anna nos braços e corremos até o estacionamento, encontrando Lila no meio do caminho.
As pessoas corriam apavoradas para todos os lados, e pelo canto dos olhos consegui enxergar Reginald no meio da multidão. Aquela era a chance de chamar sua atenção, deveria ser curto e breve, falar algo que apenas ele entenderia.
Recitei uma das histórias que ele nos obrigou a decorar quando crianças, em um perfeito russo. Seu olhar caiu sobre mim por breves segundos e entrou no carro, sem expressar qualquer emoção ou surpresa.
Bufei frustrado e vi Lila se aproximar, Diego estava logo atrás.
- Não é querendo bancar a chata nem nada, mas nós temos que sair daqui agora. - disse ajeitando as alças do vestido azul brega que usava.
- Quando você diz "nós" está se referindo a quem mesmo? - coloco os braços nas costas e a encaro.
- Eu acho que fui bastante clara, não é?
- Escuta aqui, eu não sei quem você é e nem de onde você saiu, mas qualquer lugar que seja pode voltar agora mesmo, porque se eu ver essa sua cara mais uma vez, eu juro que te mato. - falei arrogante aproximando meu rosto do seu. Esperava que tivesse ficado bem claro que não a queria por perto.
- Ela tem razão Five, temos que cair fora. - Diego concorda.
- Eu não vou a lugar nenhum com ela! - exclamo, posso estar parecendo uma criança mimada agora, mas eu jamais errava com as minhas suspeitas.
- Ai, assim você me magoa. - se fingiu de ofendida.
- Five, por que está falando isso? - Diego consegue ser bem burrinho quando quer.
- Ela é boa demais, faz perguntas demais e ela sabe demais. - minha paciência já estava no limite.
- Ele tem razão. - concordou Diego pela primeira vez comigo.
- Vocês estão ficando malucos! - exclamou, se virando e indo até onde o carro estava. Seguimos ela, e Anna murmurava algumas coisas; algo como "eu me lembro". Precisávamos fazê-la acordar.
~~~☆~~~
- P.O.V. Anna -
Aquelas lembranças martelavam na minha cabeça como pregos pontudos e enferrujados.
Eu precisava abrir os olhos, precisava contar para Five que eu me lembrava de quem eu era e como foi uma parte - ou talvez ela inteira - da minha infância com Reginald e Handler.
Eu queria acordar, mas não tinha forças. Forçava meus olhos à abrirem mas estavam pesados como chumbo, e minha garganta seca e dolorida, não podia sequer falar algo.
Pela primeira vez eu sabia quem eu era, conseguia lembrar de algo, e justo agora eu tinha que estar apagada.
Minha mente estava confusa, sonolenta e sentia que dormiria novamente em breve. Antes que isso pudesse acontecer, consegui sussurrar algo bem baixinho.
E então, como num passe de mágica, todos os meus sentidos voltaram a adormecer e minha mente se afundou novamente na escuridão. Eu estava dormindo de novo.
「...」
A claridade fazia meus olhos arderem por baixo das pálpebras. Meu corpo todo estava em chamas e minha cabeça doía tanto que poderia explodir.
Consegui depois de muito esforço abrir meus olhos, e minha visão estava completamente embaçada. Via dois vultos conversarem à minha frente, mas era impossível saber quem eram ou sobre o que falavam.
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Anomalia | Number Five
FanfictionAnomalia 1. estado ou qualidade do que é anômalo; anormalidade, irregularidade. 2. qualquer irregularidade ou anormalidade (de um corpo, objeto, fenômeno, estrutura, formação etc.). Sir Reginald Hargreeves escondeu A anomalia por anos, a isolando do...