Keiji acordou no outro dia com o barulho do seu telefone tocando. Ainda de olhos fechados, tateou o ar, a procura do celular. Percebeu então que não estava em casa, nem dividindo a cama com Koutarou. Abriu por fim os olhos, bocejando.
Pegou o celular na mesa de centro, o levando a orelha sem nem ao menos olhar a identificação.
"Alô?" disse, em meio a outro bocejo.
"Akaashi" Keiji quase caiu do sofá ao ouvir a voz de Koutarou.
"Bokuto-san, o que–"
"Pode abrir a porta? Não quis tocar a campainha, Kenma me mataria se eu o acordasse."
"Claro, estou indo." Encerrou a ligação, levantando-se quase imediatamente para abrir a porta.
Foi impossível conter a emoção ao encontrá-lo. Seu rosto ainda estava inchado, Keiji sabia que o seu não estava diferente. Seu olho esquerdo estava roxo, acompanhado por vários curativos espalhados por seus braços e um em sua bochecha.
Keiji quis abraçá-lo. Levar embora toda sua dor e não apenas aquela causada pelos machucados. Porém, permaneceu parado, segurando a porta.
"Não vou entrar" disse Koutarou, com as mãos no bolso. "Vim apenas buscá-lo. Vá lavar o rosto. Você tem dez minutos.
"E aonde vamos?"
"Você vai descobrir quando chegarmos lá" respondeu o Alfa, se afastando, deixando Keiji sozinho novamente. Não tendo muita escolha, ele fechou a porta, fazendo o que Koutarou lhe pediu.
Dez minutos depois, o Ômega saiu da casa. Não sem antes deixar um bilhete avisando a Kenma que estava indo embora. Encontrou Koutarou na calçada, atirando pedrinhas no outro lado da rua. Quando notou sua presença, ele se levantou.
"Vamos" chamou, começando a andar, sem olhar para trás para saber se Keiji o seguia ou não.
Keiji descobriu para onde Koutarou o levava minutos depois, ao virarem a esquina e entrarem em uma rua conhecida por ele. Não era sua casa ou o apartamento dos dois Alfas. Koutarou o estava levando a um hospital.
O Alfa andava três passos a frente dele, sempre que Keiji tentava diminuir a distância, Koutarou a duplicava. Não trocaram nenhuma palavra desde então e os fones em seu ouvido impedia qualquer chance de Keiji puxar assunto.
Quando finalmente chegaram ao hospital. Koutarou virou-se em sua direção, e com um simples gesto de cabeça, pediu para que entrasse. Keiji agora caminhava a sua frente, olhando por cima do ombro, viu Koutarou diminuir o passo cada vez mais. Só entendeu o porquê quando viu Tetsurou sentado nas cadeiras duras da recepção.
Ao vê-lo ali, com o rosto enterrado nas mãos, seu Ômega interior gritou ferido em seu peito. Sentiu o mesmo desejo de abraçá-lo. Keiji nunca se perdoaria pelo que estava causando com aqueles dois.
Olhou para trás, não encontrando mais Koutarou. Percorreu toda a sala com o olhar, suspirando aliviado ao vê-lo encostado em uma máquina de refrigerante.
Tomou coragem de ir até Tetsurou.
Sentou-se na cadeira ao seu lado, tocando seu ombro. No mesmo instante Tetsurou levantou a cabeça.
"Akaashi..." sua voz não passava de um sussurro cansado. Esfregou os olhos com as mãos, suspirando. "Céus, estamos acabados."
"O que aconteceu depois que eu saí?"
"O Bo dormiu na casa da mãe dele, voltou hoje cedo e me arrastou até aqui sem dizer nada" respondeu.
''O mesmo comigo...''Keiji resmungou. Por cima do ombro, viu Koutarou, que agora estava agachado para pegar as bebidas na máquina.
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Hope
FanfictionKeiji sempre viveu em um lar conturbado. Depois da morte prematura de seu pai, sua mãe afogava sua solidão em encontros de uma única noite. Até o dia em que se casou novamente, com um homem que sempre humilhava Keiji por ser um Ômega. Sempre o compa...