Capítulo 10

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Para uma quarta-feira, as coisas estavam animadas na pensão. O restaurante estava no clima pacífico de sempre, para aquele horário da manhã. Keiji sabia que estaria uma loucura no horário do almoço, mas a bagunça no salão não tinha nada a ver com aquilo.

"Alguém novo?" perguntou ele, assustando Koushi, quase o fazendo derrubar a caixa que carregava.

"Tecnicamente, não. Tá mais para hóspedes antigos que resolveram voltar," explicou. "Lembra daquele meu amigo que te falei que estava fazendo uma viagem ao redor do mundo com o marido? Ele voltou, e cheio de bagagem." Ele apontou ao redor, onde caixas e mais caixas estavam amontoadas na entrada.

"Quer ajuda com algo?"

"Muito engraçado," Koushi disse, apontando com a cabeça, já que suas mãos estavam ocupadas, na direção da cozinha. "Seu café da manhã está na mesa. Coma tudo e volte para o seu quarto."

"Mas está um dia lindo hoje. Imaginei que pudesse ao menos ficar no quintal durante a manhã", Keiji falou, em um tom de voz que ele sabia que amancearia o Ômega mais velho. Koushi franziu a testa, desconfiado.

"Coma primeiro. Depois conversamos sobre isso."

Keiji riu baixinho. Ele não havia negado de primeira, então era uma pequena vitória. Seguiu então para a cozinha, onde os filhotes Sawamura estavam reunidos à mesa.

Kei, de seis anos ajudava seu irmão mais novo, Tadashi, cinco anos, a alimentar a pequena Hitoka, que havia completado seu primeiro ano de vida na última semana.

"Bom dia, meninos," Keiji os saudou, recebendo respostas animadas. A pequena Hitoka, contente ao vê-lo, bateu os bracinhos na mesa, derrubando seu café da manhã.

"Ah, não droga!" reclamou Kei. Tadashi soltou uma exclamação assustada.

"Kei-nii-chan disse uma palavra feia!"

O garotinho loiro olhou assustado para Keiji. O mais velho riu, balançando a cabeça.

"Eu não ouvi nada" disse, juntando-se as crianças à mesa. "Vocês dois podem comer, eu cuido da Hitoka."

Keiji foi até a garotinha loira, tirando-a de dentro da cadeirinha. Sabia que ela comeria melhor se a colocasse em seu colo, ao sentar com ela, o Ômega deu sua mamadeira, se servindo do prato que Koushi havia deixado pronto sobre a mesa.

"Quais são seus planos para hoje garotos?" perguntou ele. Tadashi se anima, começando a falar sobre o dia que teria no jardim de infância.

"O Kei-nii-chan e eu vamos observar os pássaros hoje, vai ser aula ao ar livre!"

"Odeio aula ao ar livre, me deixa todo vermelho" reclamou Kei. O garoto tinha a pele pálida, assim como seu pai, que o deixava sensível a luz do sol. Não apenas isso, o pequeno também odiava qualquer coisas que envolvia sair de casa.

"Eu não sei o que fazer com ele," Koushi reclamou uma vez, "ele não é nada parecido comigo ou com o Daichi. Acho que usamos a forma errada."

Mas a verdade era que todas as crianças Sawamura tinham suas personalidades. O mais velho, Shouyou, era dedicado e esforçado. Sempre buscando ajudar seus pais nas tarefas do dia a dia e no restaurante. Todavia, nunca se esquecendo de focar em seus estudos para que um dia pudesse herdar tudo aquilo.

Tobio, nos seus doces quatorze anos, era o atleta da família. Sonhava em se tornar um jogador profissional de vôlei, sonho esse que era influência de Tooru e Hajime, seus maiores fãs e apoiadores. Mesmo que tecnicamente devesse viver às escondidas para não ser descoberto por família, Tooru era um grande jogador, sempre esbanja seus prêmios e não poupava palavras para falar de si mesmo.

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