Anjo das sombras | Livro 2: Mistérios de Cambridge

Capítulo Seis

Victor Decker:

Havia algo sinistro em um corpo tocado pela magia, e eu podia sentir a magia ao meu redor se intensificando. Cada feérico que eu observava pela janela parecia emitir uma aura mágica distinta.

Depois de pedir comida no apartamento e conversar por algum tempo, a refeição chegou ao fim, e saí com um senso de alívio, recusando educadamente a oferta de mais comida. Tudo o que eu desejava naquele momento era estar sozinho com meus pensamentos.

Naveguei pelo corredor em busca do quarto que Caroline havia disponibilizado para mim, relembrando o dia em que me envolvi nessa missão mágica. Naquele momento, eu tinha entrado nessa jornada sem sequer considerar as enormes complicações que enfrentaria.

Meus pensamentos inevitavelmente se voltaram para o Rei das Sombras. Ele queria me utilizar devido aos meus poderes, e eu tinha certeza de que os rumores sobre minhas habilidades já tinham chegado aos ouvidos da Rainha Winter e dos monarcas Summer. Agora, todos os feéricos pareciam estar cientes de minha existência e de meus poderes. Quanto tempo levaria até que todos eles tentassem tirar vantagem disso?

Perdido em meus pensamentos, quase esbarrei em uma parede. Retomei a consciência a tempo e olhei ao redor, franzindo a testa. Foi então que Caleb surgiu ao meu lado, parecendo igualmente absorto em seus próprios pensamentos.

— Finalmente voltou — comentei, aliviado por sua presença. — Para onde você foi?

— Apenas andei pela cidade, precisava de um tempo sozinho — Caleb respondeu e soltou um suspiro. — Às vezes, acho que não deveria ter vindo para este lugar. Pelas coisas que vi hoje, parece que nunca vou me acostumar.

— Você aprende rápido, embora vá precisar demonstrar que é uma pessoa real ao entrar com seu nome para comprar uma casa ou fazer qualquer coisa do tipo. — Refleti, olhando para o futuro. — Isso pode demorar, mas você tem o glamour ao seu lado e pode influenciar as mentes humanas para conseguir o que deseja.

Caleb me olhou rapidamente e sorriu.

— Você nunca se cansa de ser otimista? — perguntou enquanto voltávamos na direção da porta do quarto que me fora destinado. — Há muitas razões para odiar tudo ao seu redor, inclusive eu. Lembre-se, sou filho daquele homem que queria forçar você a casar e até mesmo tentou nos sequestrar.

— Você é filho de Ambres — confirmei. — Mas não é como ele. Caleb, você é uma pessoa incrível. Eu acredito nisso.

Ele riu e balançou a cabeça.

— Você acredita muito facilmente nas pessoas. — Caleb comentou, avaliando-me. — No entanto, os monstros não vão atacar agora. Que tal treinar em luta?

— Na verdade, estava pensando nisso há um tempo — respondi, sorrindo. — Estou curioso sobre como você aprendeu a lutar. Afinal, pelo que vi, Ambres nunca iria querer que você fizesse algo desse tipo.

Caleb sorriu.

— Tive que cuidar dos meus próprios estudos e treinamento físico, Conrad observava tudo e os memorizava. Depois, aprimorei minhas habilidades com o tempo. — Caleb explicou, estalando a língua. — Está interessado em ser meu aluno?

Pensei por alguns segundos. Certamente era algo que eu precisava aprender.

— Seria ótimo — falei.

Caleb riu.

— Você vai se sair bem com meus treinos, mas não espere se tornar um grande lutador. — disse, e eu o olhei confuso. — O que quero dizer é que você não tem o instinto necessário.