Capítulo Oito

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Victor Decker:

— Victor Decker. Finalmente te encontrei.

Meu coração disparou quando a criatura se ergueu, preenchendo a caverna com sua imponente presença. Ele parecia se expandir para ocupar cada centímetro do espaço, e dei um passo para trás, desesperado para encontrar algo que pudesse me defender. Meus dedos se fecharam em torno de um pedaço de madeira enquanto o lobo em sua forma colossal soltava uma risada profunda que arrepiou minha pele. Seus dentes brancos brilharam em um sorriso selvagem e ameaçador.

— Acha que pode me machucar com isso? — sua voz provocativa fez meu corpo tremer. — Sabe quem sou, garoto? — O lobo inclinou a cabeça, revelando os afiados dentes em um sorriso sinistro. — Sou o Lobo. Sou mais antigo do que você, mais antigo do que Mab, mais antigo do que a feérica mais ancestral dos reinos imortais. Eu existia em histórias muito antes de os seres humanos saberem meu nome, e mesmo assim, eles me temiam. — Ele deu um passo à frente, afundando sua enorme pata no chão da caverna. — Sou o Lobo, a criatura que perseguiu a menina de capa vermelha e bateu à porta da casa da avó. Sou o lobo que se torna homem e um homem que é um monstro por dentro. Minhas histórias transcendem todos os contos já contados, e você não pode me matar.

Por que um monólogo tão longo?

— O que quer comigo? — perguntei, lutando para manter minha voz firme.

— Oberon quer você — o Lobo respondeu. — Este é o meu dever para com ele, devido a um acordo que fizemos.

— Não irei com você — declarei. — Terá que me levar à força.

O Lobo sorriu.

— Como quiser.

Em um instante, ele se lançou com um rugido ensurdecedor, mandíbulas escancaradas, a língua estendida entre presas afiadas que gotejavam saliva. Com uma velocidade quase sobrenatural, ele cobriu a distância em um único salto e investiu em minha direção, transformando-se em um borrão escuro no ar.

Mantive-me firme e vi o glamour ao meu redor estalar e brilhar enquanto eu golpeava o animal. Fui lançado para trás em uma explosão, reconhecendo a magia das asas negras que me protegiam. O mundo ao meu redor tremeu descontroladamente e, em seguida, uma rachadura ensurdecedora se espalhou pelo chão como um estrondo de um tiro. Tudo começou a tremer, e então uma cratera se abriu abruptamente, fazendo com que tudo desabasse em uma chuva mortal de escombros. O Lobo parou subitamente, olhando para mim com surpresa evidente, antes de ser soterrado sob uma tonelada de tijolos.

Eu sabia que ele não estava morto, um uivo agudo e estridente ecoou pelos meus ouvidos. A luminosidade retornou, o som do chão se abrindo desapareceu e tudo ficou em silêncio.

Levantei-me e afastei-me correndo, meu coração batendo descontroladamente. Minha dúvida se as Cortes de Verão e Inverno sabiam sobre mim agora parecia muito mais plausível.

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Uma vez fora daquele lugar, comecei a relaxar. Não tinha estado em um ambiente tão verde e tranquilo desde que havia deixado o mundo feérico, e após o que aconteceu minutos antes, estava quase relutantemente feliz em ver humanos ao meu redor, embora soubesse que isso não impediria o lobo de continuar me perseguindo.

— Victor, onde estava? — Caroline perguntou assim que me viu. — Estávamos preocupadas.

Pauline assentiu e parecia visivelmente mais composta do que minutos atrás.

— Tive um pequeno contratempo — expliquei.

Olhei para Pauline, que estava me encarando com incredulidade.

Anjo das sombras | Livro 2: Mistérios de CambridgeOnde histórias criam vida. Descubra agora