Capítulo 5

46 5 0
                                    

"Abraços"

***

Enfim, sábado. Sem colégio. Sem aula. Pelo menos não sou obrigada a encarar Arthur outra vez. Minha cabeça não para de doer e o telefone não para de tocar, porque todo mundo queria saber o que havia acontecido comigo. Claro que Carol e Júlia não ficaram apenas nas ligações, resolveram aparecer aqui:

— Amiga, como você está se sentindo? — Júlia se joga ao meu lado na cama e Carol a acompanha.

— Estou bem, gente, sem preocupação!

— Ah, não foi isso que me pareceu ontem... — Carol arqueia as sobrancelhas ao falar.

— Nem estava tão ruim assim...

— Você perdeu, Júlia. Estava até parecendo um conto de fadas: A Bela Adormecida e o príncipe que a salvou com um beijo — Carol continua o deboche.

Reviro os olhos para as duas.

— Ei, espera aí, ele me beijou por acaso?

— Não, ele estava preocupado demais pra pensar nessas coisas — minha amiga conclui. — Tinha que ver, Luíza, não saía do seu lado por nada. Nem pra beber água.

— É claro, né? Ele quase me matou, o que vocês queriam? Que ele achasse legal ficar na cadeia depois da minha morte? — questiono, irônica.

— Ah, tenho certeza de que ele não estava lá por remorso ou culpa — Júlia implica.

Depois de jogar conversa fora, Júlia e Carol vão embora e tento dormir um pouco. No entanto, rolo na cama de um lado para o outro, sem sucesso. Depois que minha mãe tirou o telefone do gancho pra evitar mais ligações, foi a vez do meu celular. Quando estava quase conseguindo dormir, ele começa a vibrar em cima da cama, com um número desconhecido.

— Alô!

— Luíza?

— Sim, quem tá falando? — Sento na cama, apertando o aparelho contra o ouvido para tentar identificar a voz.

— É o Lucas, eu...

Desligo o telefone e abro a boca, apavorada. Meu coração acelera no peito e agradeço aos céus por estar sentada, porque certamente teria caído com aquela informação. Como ele conseguiu meu número? O celular continua tocando e ignoro por mais três vezes, até que decido acabar logo com essa palhaçada.

— Pelo amor de Deus, me deixe em paz! — grito, irritada.

Quem ele pensa que é? Vai ficar assombrando minha vida para sempre?

— Luíza? — Paro por um instante ao ouvir uma voz diferente.

— Arthur? — indago, um tanto constrangida pela explosão.

— O que houve? Está tudo bem? — ele questiona, parecendo preocupado.

— Sim, não foi nada, Arthur. Me desculpe! Achei que fosse outra pessoa — respondo, esforçando-me para não gaguejar.

— Estou tentando falar com você desde cedo. Liguei pra sua casa, mas sempre dá ocupado. Aí a Carol me deu o número desse celular...

— Ah, sim, o telefone aqui não parou de tocar hoje. E só liguei o celular agora à noite. Além disso, minha mãe tirou o telefone do gancho porque ninguém conseguia descansar — explico, sentindo o rosto queimar de tanta vergonha.

— Como você está se sentindo? — ele indaga.

— Com um chifre enorme na cabeça, mas estou bem.

O outro lado da memóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora