Brie e Nicholas conversaram por muito tempo. E, mesmo após a conversa ter acabado, Nicholas não falou nada sobre ela dizer algo em relação a mim — o que, como talvez fosse muito esperado, me deixou para baixo o dia inteiro.Nicholas manteve-se ocupado o suficiente para não deixar-me perguntar sobre o assunto. Acho que foi mais um dos grandes dilemas sobre ter um Demônio Tasmaniano por perto.
E a Brie ficou em minha cabeça o dia inteiro. O fato de haver um cara de grande hostilidade cuidado da casa junto a ela, o fato de ela não ter me ligado, o fato de não ter perguntado sobre mim, o fato de que talvez tenha perguntado — mas não vou revirar o cérebro do Nick tendo apenas cinquenta por cento de certeza sobre isso.
Como ela não sairia da minha cabeça, liguei para ela. Eram três da manhã e eu precisei esperar por um bom tempo.
— Quem é? — ela finalmente disse, a voz sonolenta, gentil como sempre.
— É o Ace — talvez eu não devesse ter ligado. Talvez fosse melhor esperar. Talvez eu enlouquecesse nesse meio tempo…
— Ace, oi! Oi… — a surpresa a fez sorrir por três segundos. E a ligação farfalhou como folhas secas por o dobro desse tempo. — Aqui ainda não amanheceu.
— Aqui também não. Estou a só uma hora de antecedência, digo, o fuso horário é de uma hora à frente — mordi o lábio inferior, acho que vi fazerem isso em algum filme, mas não ajudou. — Não estou do outro lado do mundo, se é o que pensa.
— Para mim é como se estivesse… De qualquer maneira, não posso senti-lo — a última palavra se demorou em sua boca, como se ela estivesse se arrependendo de dizê-la.
— Desculpe. Acho que… Acordei você, não foi? Desculpe, desculpe mesmo. Acho melhor ligar uma outra…
— Não, Ace, não — ela sorriu, alto dessa vez. A risada reverberou em meus ouvidos. É difícil pôr em palavras o que esses sorrisos causam em mim.
Quis sorrir, também. Me mantive como estava, ou seja, perdido.
— Ainda está aí? — sussurrou.
— É errado achar que estou sendo muito egoísta por estar te roubando uma noite de sono? — arrastei o telefone para o chão e sentei ao lado do mesmo. A madeira reclamou baixinho.
— Um pouco — mais um sorriso, mais um sentimento que não sei explicar, mais uma vez que queria ter sorrido e não o fiz. — Sei que terei outra noite para recuperar o sono de hoje, mas… Não sei se terei você pela manhã, não sei se seu amor ainda estará de pé.
Engoli toda a preocupação que mastiguei o dia inteiro. Ela ainda me tem em sua cabeça, que deve ser muito mais organizada que a minha.
— Como isso aconteceu? — ela estava tomando cuidado com as palavras, como se as letras fossem me machucar. — Digo, o vampirismo… Como você se tornou um vampiro?
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Verão Taciturno (livro dois)
FantasyEm Verão Taciturno, a série O Falso Demônio ganha uma nova narradora: Brie - a amada de Ace -, e fica ainda mais turbulenta com a chegada de Kai - o misterioso Demônio da Tasmânia. Nessa nova jornada, o sol não se trata apenas de uma lembrança...