"Segredos da Floresta Cinza - Pt01"

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Corri livremente, loucamente pela rua, a chuva ia me consumindo, me molhando, me libertando de toda culpa que eu sentia, libertando minha mente, do peso, das dores causadas.
Minha mãe ficou parada ali mesmo, logo, meus olhos não podiam alcança la. Ela sumiu em meio a tudo.
Eu só corria, sem parar, e ria daquilo tudo, como se fosse um livramento, talvez esteja louco.
Logo, não sabia mais para onde estava indo, estava longe, molhado, com frio. Me encontrava em frente a floresta de RockinWood, uma floresta triste, com árvores sem cores, sem folhas, só o caule escuro.
- O que estou fazendo aqui? - Voltando para minha realidade.
- Você não sabe? - Falou uma voz delicada, vindo de dentro da floresta.
- Quem é você? - Perguntei.
- Entre! Entre na floresta.
Não pensei duas e nem três vezes, entrei na floresta.
- Siga minha voz, venha! - Dizia a voz doce, me chamando cada vez mais.
- Onde você está? Diga!
- Estou perto! Continue, querido.

Me encontrava no meio da floresta. A neve cobria o chão, a chuva escorria entre a seiva vermelha das árvores, deixando o chão com aspecto sangrento. Estava totalmente diferente.
Eu observava cada detalhe, enquanto meus olhos enchiam de água, mas dessa vez não era de lágrimas, e sim; da chuva. Continuei andando. O frio era extremo, meus cílios estavam congelando, estava cansado. Não havia comido nada.
Minha vista começou a escurecer, a voz doce não me chamava mais, eu estava sendo enganado por mim mesmo.
Desmaiei, e com certeza, morrerei congelado.

"A Loucura da Cidade Cinza"

Logo acordei, em um lugar diferente do meu costume, o chão era de madeira, as paredes de madeira, uma lareira quente, algumas folhas de chá, e um vento de verão inesquecível, uma cama confortável.
- Onde estou? - Falei enquanto esfregava meus olhos cansados.
- Você está seguro, meu rapaz. - Disse a voz calma, vindo de um cômodo, que parecia com a sala.
- Quem é você? Foi você que me chamou? Como você sabia? Não era coisa da minha mente?
- Não! Eu existo de verdade.
- Por favor...Posso ver seu rosto?
Logo que terminei de falar, uma garota saiu da sala, ela era branca, com cabelos azuis curtos, quase chegando ao ombro, usava um brincos de penas de canário, e um vestido longo verde, e olhos castanhos claros.
Ela colocou algumas mexas de cabelo para trás das orelhas, e ficou parada me observando.
- Então você sofre de crises de pânico?! Que surpresa.
- Como você sabe da minha crise? - Falei enquanto me aproximava devagarinho dela.
- Bem, parece que somos bem parecidos em questões de problemas, fobias, transtornos. É...Prazer! Sou a Bianca.
- É...Bem...Prazer...Me chamo Eduard! E porquê você me salvou?
- Te atraí até essa floresta, sabia que tudo isso ia acontecer, sabia de tudo! Sabia de todos os detalhes! Foi o destino.
- Destino? - Perguntei, confuso com tudo.
- Sim! O destino junta pessoas incríveis, para que possam compartilhar momentos incríveis, juntos.
- Bianca, onde eu estou exatamente?
- Na colina da montanha! Isso não é Incrível?! - Disse ela pegando algumas coisas no armário. - Bem, eu vou preparar um chá, você precisa, você está pálido!
- Bianca, eu preciso voltar...
- Mas, a gente acabou de se conhecer, não tem saída da colina, tem lobos lá fora!
- Bianca, eu estou com medo de você! Desculpas a sinceridade, mas, você me atraiu para uma floresta perigosa, eu podia ter morrido!
- Não fui eu que te atraí pra cá! Foi você mesmo, foi o destino.
- Você é uma garota muito simpática, melancólica, totalmente normal, mas acho que nossas fobias, nossas dores não são parte de nós, está tudo errado, nós não temos nada haver um com o outro, e mesmo que eu queira ficar, tenho pessoas me amam, me esperando lá fora!
- Hahahaha! Você não entendeu, não é? O destino nos uniu, somos ligados. E não tem como sair.
- Como você sabe que não pode sair?- Perguntei.
- Porque eu já tentei, entendeu? A floresta se alimenta do seu medo.
- E qual é o seu medo? Bianca. Como você parou aqui? Qual é o seu verdadeiro problema? E essa história maluca de "destino" ?.
- Porque tantas perguntas, Eduard? - Falou Bianca, um pouco emocionada. - Você nunca irá entender meus pensamentos, você nunca irá passar pelo que eu passei, você não entende minha dor, você não sabe o que é sofrer. Eu podia ter te entregado aos lobos, ao invés de ter te chamado para a vida, para uma triste e cruel, vida.
- Eu só queria te entender, Bianca.
- Você vai me entender, Eduard. Eu não sou o tempo, e estou apenas te salvando, do seu próprio caos. - Ela se levantou, e caminhou até a janela, enquanto eu ficava pensando, em todos os motivos, para não começar a chorar, com medo do que vem, com medo do que eu deixei para trás.
Tinha medo do amanhã.

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