"Pensamentos Sombrios"

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    Tudo que eu havia vivido no passado, passava diante dos meus olhos, a morte sorria para mim. Meus olhos enxergavam no mesmo tempo a fúria, o medo, os desafios que eu iria enfrentar, olhar aquela alcatéia me fez perceber que a vida, era um sopro.
    - Eduard! - Disse uma voz me chamando, bem no meu ouvido.
   Olhei para Bianca, talvez fosse ela que havia me chamado, mas não foi.
    - Eduard!...Eduard! - A voz chegava cada vez mais perto do meu conciente. - Eduard, abra o seu guarda chuva!
   - Guarda chuva? - Perguntei.
 
  Quando eu voltei para si, nunca saí do lugar, ainda estava naquela rua, sentado, descansando.
  - Oh!...Oh!...Claro, mamãe.
  - Em que estava pensando? - Perguntou a minha mãe, enquanto ajeitava o vestido amarrotado.
   - Em nada! - Respondi, enquanto na minha cabeça ainda existia um universo, preso no olhar de Bianca.
  - Levante, precisamos ir.
Começamos a caminhada novamente, na minha cabeça não parava de pensar naquela experiência extraordinária, realista.
    - Mãe?! É normal ser louco?
    - Porque me perguntas isso, Eduard?
    - Foi só uma dúvida que surgiu em minha cabeça, talvez esteja confuso, triste.
    - A gente precisa ser louco as vezes, para aceitar a vida que temos, temos que ser louco para viver. Uma vida "normal" não é uma vida, é uma maneira sem graça de viver. - Disse ela, enquanto observava o moço da esquina.
    - Mãe...A senhora ainda sente falta do papai?
    - A morte dele nunca será em vão, Eduard. Sigo em frente, para trás é contra mão.
 
    Meu pai era feliz, alegrava a todos, com seu jeito de ser, um bom homem. Ele morreu enquanto dormia, em uma noite chuvosa.
    Depois de um tempo conversando, nós chegamos a psicólogo. Eu ainda estava confuso, ainda pensava na Bianca, nas coisas que por um fio, deixei para trás.
   Sentei em um banco, minha mãe foi até a poltrona e se confortou lendo uma revista dos anos 90, eu levantei e andei até o consultório.
    Ele me perguntou tudo, tudo que se passava em minha cabeça, meus medos, o início das minhas dores, tempos felizes, enfim.
    - Bem, vou lhe receitar um remédio para dormir, e você precisa socializar com seus amigos do colégio, é necessário. - Disse o psicólogo, enquanto preenchia uma receita médica.
    - Mas, as pessoas são más e Insensíveis. - Disse, enquanto observava ele anotar, ele parou de anotar e olhou para mim, e com uma voz melancólica, disse: Nem todo mundo é igual, meu jovem, um dia você é um lobo solitário, no outro, você é líder de uma alcatéia.
    Logo, as lembranças tomaram conta da minha mente. Quando cheguei em casa, subi logo para o meu quarto, peguei o material de pintura, algumas tintas empoeiradas, e uma tela, comecei a pintar os meus pensamentos, meus pensamentos sombrios.
   Não demorou muito tempo para anoitecer, amanhã, iria para o inferno, o colégio Reward Lockwood, onde só tinha adolescentes mimados e patricinhas metidas.
   Me sentei na cama, cansado, ficava observando a parede rachada, e aquele cinza que pintava a parede. O quarto escuro indicava mais um dia concluído, com ou sem pensamentos. O balde que aparava a água da goteira, peguei o remédio para dormir, dissolvido em minha língua e um pouco de água para descer, fechei meus olhos e esperei minha mente apagar.
    O sono veio como um bandido, roubando meus pensamentos, dormi.

      "Um Longo Caminho"
 
    Não tinha vontade de caminhar, sou um zumbi com vida, apenas fui até o banheiro, liguei o chuveiro e esperei a água tomar meu corpo, por completo, precisava me aliviar de alguma maneira, peguei um pouco de shampoo, coloquei sobre a mão, fui escorregando a mão até minha genital, estava me masturbando.
   - O que eu estou fazendo? - Perguntei enquanto me masturbava.
  
   O banho logo acabou, sem muitos detalhes, me cobri com a toalha e saí. Meu uniforme já estava preparado, passado e com cheiro de amaciante.
     Me vesti, desci as escadas e andei em direção a cozinha, minha mãe estava belíssima, o cabelo estava radiante, um lindo vestido florido preto.
    - Parece que uma flor velha decidiu desabrochar?! - Falei enquanto pegava uma maçã.
   - Hahahaha!! Hoje ninguém vai estragar meu dia! - Falou ela, com um sorriso brilhante no rosto.
    - Vai sair? - Perguntei.
    - Sim! O Sr.Andressen me chamou para um café.
    - Então temos um encontro?
    - Talvez!? - Falou ela, pegando a bolsa para sair. - Volto mais tarde.
   - Já estou de saída também!
   - Boa aula! filho.

  Saí de casa com um sentimento diferente, uma conversa feliz. Um momento único me fez refletir em muitas coisas.
   - Talvez eu deva me masturbar mais...- Pensei.
Meu sorriso estava radiante, até o momento em que eu olho para o lado, bem no sinal vermelho, aquela menina de cabelos curtos, brincos de penas de canário, um sorriso único. Fiquei parado e encarei ela, ela logo me viu e me olhou novamente, nós ficamos nos olhando.
    E se tudo que eu havia pensado, existisse em um futuro paralelo, em algum universo? E se tudo fizesse sentido?

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