Estava totalmente desolado, esperar o táxi nunca foi meu verdadeiro foco, não gosto de ruas vazias. Me sentia estranho, me sentia vigiado, meus olhos não respondiam mais meus comandos. Deixei perder meu próprio controle.
Minhas mãos estavam congelando, meus dedos estavam roxos - Maldita hora que eu esqueci minhas luvas! - Gritei nos meus próprios pensamentos.
O táxi nunca passou. Me encostei em um grande poste, que parecia estar lá a 300 anos. Estava desgastado, com musgo, e um fedor inigualável de mijo. Estava fodido.
A vida sempre me estuprava a todo momento, parece que ela sentia tesão, uma "diversão" em fazer isso. Eu, como um ser humano forçado, ficava rindo de toda merda que acontecia, ria até do pombo que me encarava. Mas voltei para minha triste realidade.
Estava arrancando o musgo do "poste de idade" com as unhas, uma maneira simples e singela de distração, logo enxerguei as cores chamativas do táxi, uma abelha revoltada de quatro rodas e um chapéu de propaganda, dei um leve sorriso, ganhei meu dia.
- Hey, táxi! - Gritei como se estivesse ganhado na loteria do meu bairro.
O táxi veio em minha direção, parou. Logo abri a porta, e entrei.
- Central Park, por favor!
- Ok! - Respondeu o taxista, com uma bituca de cigarro enfiada na goela.
Coloquei uma música animada, em um fone de ouvido triste, encarei a janela do carro e comecei a pensar sobre a vida, enquanto via os esgotos, a neve, pessoas com guarda chuvas pensando em um sol.
- O que levamos dessa vida? - Perguntei para mim mesmo, confuso com meu próprio cotidiano. - E se eu voltasse para minha infância? E se eu tivesse feito tudo diferente? Logo meus pensamentos foram bloqueados pelo som da sirene da polícia local - Mas o que está acontecendo? - pensei tirando os fones de ouvido.
- Pare o táxi! - Disse o policial da janela apontado o revólver.
Eu logo percebi que tinha merda acontecendo.
- Senhor, o que está acontecendo?! - Perguntei imediatamente ao motorista do táxi.
- Eu sou um fugitivo! - Falou o motorista, pegando algo em uma bolsa.
- Como assim fugitivo?! Moço? - Perguntei nervosamente. - O motorista pegou uma pistola e apontou para minha cabeça e disse
- Você é meu refém, agora vai saindo devagarinho do carro.
Podia ver o ódio nos olhos dos policiais, como se olhassem para nós e dissessem; Vocês estão mortos!... Só um tiro para dois.
Eu fiquei paralisado, meu sangue parou aquecer meu corpo, meus olhos secaram, meus lábios perderam aquele tom vermelho, vi meus dedos que antes estavam roxos, se transformarem em um azul turquesa.
As pessoas olhavam atentamente em suas janelas, esperando os policiais darem um tiro em minha nuca.
- Ah, foda-se! - disse enquanto pensava na minha vida - Se for para morrer agora, morrerei, de uma forma estúpida, mas morrerei, fim!.
Nós saímos de dentro do carro. Ele me segurava com uma mão, e com a outra pressionava a pistola contra minha cabeça.
- Largue ele, seu filho da puta! - Disse um dos policiais.
- Pensa que vai ser fácil assim? - Disse o taxista.
- O que você quer em troca? - Perguntou um dos policiais.
- Sua esposa! Hehehe!! - Falou o Taxista. - O policial deu um tiro para cima. Os vizinhos que assistiam a digna desgraça alheia se jogaram no chão. Eu não poderia fazer nada, só assistir as balas badalando ao entrar em contato com o chão. Já estava fora de mim mesmo à muito tempo.
Eu não posso parar meu futuro, aliás, ninguém pode.
Comecei a sentir em mim mesmo, o medo de estar vivendo, senti que aquele não era o meu lugar, que por uma ironia estive alí, sendo refém dos meus próprios medos.
- Diga-me, o que quer em troca dele? - Perguntou o policial.
- Quero minha liberdade! Quero minha família novamente.
- E eu não quero morrer agora! - Falei enquanto olhava para todos os lados possíveis.
Logo uma multidão se formou para observar. Quando você não tem o que fazer é assim mesmo.
Vários carros da polícia chegaram, estava em tudo em câmera lenta. Me sentia em um filme. O motorista do táxi, que parecia ter em torno de uns 50 a 60 anos, estava com problemas famílires e queria descontar a raiva dele em um retardado qualquer, e esse retardado, era eu.
O taxista deslizou a arma da minha cabeça e posicionou na dele, ameaçando se matar. - Então o jogo virou, não foi? - perguntei a mim mesmo.
As pessoas que olhavam estavam super concentradas, como se estivessem esperando sair algum resultado positivo em suas vidas. Mas só queriam ver sangue mesmo.
- Pooou!! - Ouvi um tiro.
- Tá, eu ainda estou vivo, então quem morreu? - Falei com minha mente abalada, enquanto pegava no corpo. Senti as mãos que estavam me segurando me soltarem devagar, só ouvi o estrondo da queda, ele havia tirado a própria vida.
Os policiais vieram em minha direção, e uma senhora que eu nunca havia visto em minha vida, me deu um abraço tão forte, que pensei que ela era minha mãe, 30 anos mais velha.
Senti que estava totalmente abalada com a situação, então lhe abracei de volta. Talvez, o destino queira brincar com meus sentimentos.
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Você Não Pode Parar o Meu Futuro.
Roman d'amourNossos pensamentos são como folhas soltas ao vento, umas voam para longe, outras simplesmente caem. E se nossos sonhos estivessem conectados? Embarque nesse livro, deixe seus pensamentos voar.