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Alysson

Se tem alguém que me ecinou que eu tinha um coração e que era amada foi Maria, ela foi a mãe que eu nunca tive, a pessoa que tentava me defender mesmo sem poder, saber que ela tinha morrido foi como se tivessem tirado tudo de bom que havia em mim, porque ela era a pessoa que me fazia ser boa, a única que me encinava a controlar a raiva, a única que se esforçava pra me entender.

Ser fria foi necessário, nunca fui enganada por ninguém mas sempre fiz o contrário, eu não amava ninguém e nem tinha amigos e isso me fazia forte, forte e infeliz, mas aí esbarrei com a Luna e tudo mudou, eu não quero que ela me veja assim, com raiva por que sei que sou outra pessoa, meus passamentos mudam e me lembro de tudo que fiz, tudo o que fizeram comigo.

Depois que a Luna saiu fui procurar as caixas, o lugar está muito empoeirado e tem bastante coisa, agora com as luzes ligadas consigo chegar até o fundo do cômodo, a vontade que tenho e de quebrar tudo, extravasar e deixar todo ódio que estou sentindo sair mas isso não vai me ajudar, só vai ressuscitar o mostro que sempre morou dentro de mim, o que me fez se vingar de maneiras horríveis e carregar as marcas disso pelo corpo.

Acho caixas que estão com o meu nome escrito, são três ao todo, abro todas retirando as fitas que as prende, uma tem minhas roupas que deixei, na segunda meus brinquedos de quando era criança e na última as coisas que tinha antes de ir, meus dois cadernos de desenho, um deles eu descansava as coisa com que sonhava, ou melhor, meus pesadelos, meus diários, três ao todo, e outras coisas que eu tinha no quarto como minha coleção de headphones que nem me lembrava e meu mp3, os meus melhores amigos.

Sem me importar com a sujeira me sento no chão, presiso esfriar a cabeça antes de subir, já basta ter dispensado a Luna e tê-la deixado sozinha na cova dos leões, tento ligar o mp3 mais é claro que depois de cinco anos ele não está funcionando, acho o seu carregador e coloco em uma tomada próxima, e ele liga, conecto um dos fones e aperto o play, e toca Numb do Linkin Park, e é claro que não evito cantar a minha parte favorita.

"Estou cansado de ser o que você quer que eu seja
Me sentindo tão sem esperança, perdido abaixo da superfície
Eu não sei o que você está esperando de mim
Me pressionando para seguir seus passos
...
Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza
Cada passo que eu dou é outro erro para você
Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza
...
Eu me tornei tão entorpecido
Não posso te sentir aí
Fiquei tão cansado
Tão mais consciente
...
Eu estou me tornando isso
Tudo o que eu quero fazer
É ser mais eu mesmo
E ser menos como você
...
Você não consegue ver que está me sufocando?
Segurando tão apertado, com medo de perder o controle
Porque tudo o que você pensou que eu poderia ser
Desmoronou bem na sua frente..."

Cantar as minhas músicas sempre foi meu antidepressivo favorito, as letras diziam exatamente o que eu sentia, me levavam pra um mundo distante aonde a esperança de me livrar dessa prisão se tornava mais forte a cada dia, e aqui estou eu de novo no lugar que mais odiei fingindo que nada passou de um pesadelo ruim, e nesse exato momento só consigo me enxergar como a garota sonhadora, e seu maior sonho era se vingar, acabar com Ricardo Harley e seu legado.

⚜🕷⚜

Meia hora depois de me deitar, levanto, passar esse tempo aqui em baixo me fez bem, encontrei outras coisas muito interessantes dentro das caixas, inclusive um pen-drive antigo, olho as horas e já são dez e meia, presiso encontrar a Luna e me desculpar com ela, pego meu mp3 e os cadernos, ela com certeza deve estar no quarto.

Subo as escadas e vou pro corredor dos quartos, entro no dela e ela não está, então vou pro meu.

- Luna? - chamo mas não obtenho resposta.

Deve ter ido ao jardim de novo ou encontrou alguém pra conversar, sair para proucura-la com essa roupa toda suja é fora de cogitação, escolho uma roupa limpa e entro no banheiro pra tomar um banho rápido e frio, saio arrumada e desço pra proucura-la, faltam vinte minutos pro almoço então esperto encontrá-la logo, vou direto pro jardim e sim ela está aqui, a loira também, me aproximo devagar já que as duas estão sentadas de costas.

- Sim eu quero. - diz a Luna.

- Então ótimo, pensei em nos encontrarmos depois do jantar, a noite.

Que porra é essa?

- E é claro que você Alysson é indispensável. - diz a loira se virando pra me olhar.

Fui pega no flagra, mas do que elas estavam falando? Acabo com essa cara perfeita se ela estiver dando encima da minha garota.

- Agora licença, meu noivo está me esperando.

Ela se vai mas não antes de me olhar fixamente, me sento ao lado da Luna.

- O que ela queria com você?

- Porque quer saber? Ou acha que tem o direito? Eu tenho que te dar satisfações?

- Não.

- Então não importa o que ela falou, já esfriou a cabeça?

- Desculpa, eu tô com muita raiva e só não queria que me visse assim, às vezes eu perco o controle.

- Você não fez nada, apenas precisava de um tempo e eu entendo isso. - diz seca enquanto fita as flores.

- Porra Luna, dá pra me dizer o que eu faço pra você voltar a falar comigo de forma normal? Eu tô muito estressada e falta muito pouco pra mim não surtar e matar aquele desgraçado, então dá pra me desculpar? Porque pra ter marcado encontro com a aquela lá só pode tá bem puta comigo.

- O que? - perguta rindo. - Às vezes você pensa como um homem sabia? Tá com ciúmes da Larissa? Menos Alysson, bem menos, ela estava falando sobre a nossa reunião de hoje a noite, e se estou falando de forma "estranha" é porque estou com a cabeça em outro lugar.

- Eu sei bem aonde...

- Cuidado com o que vai falar! Dessa vez vou relevar o seu ataque histérico, sei que não está bem, mas não confunda as coisas Alysson, agora vomos esquecer isso ok? Encontrou o que procurava?

- Sim, e um pouco mais.

- Quem bom, tá mais calma agora?

- Sim.

- E cheirosa também. - diz encaixando o rosto em meu pescoço. - Eles tem um plano, pra acabar com o Ricardo e tudo o que ele tem feito. - puxa minha blusa e me beija.

O que? Acabar com o Ricardo?

Srta. DavisOnde histórias criam vida. Descubra agora