Yuta já havia se tornado uma companhia diária para Sicheng durante seu trajeto até a faculdade. Após o chinês ser pego de surpresa e demonstrado desconforto com o último incidente, o robô se tornou mais precavido com as próprias atitudes criando para si próprio uma espécie de controle, tentando não invadir o espaço do outro. Conviver com ele já estava de muito bom grado.
A convivência era de fato ótima. Todos os dias não faltavam novidades em sua rotina. A curiosidade de Yuta sobre os mais diversos assuntos e experiências fez Sicheng perceber o quão acomodado estava antes de conhecer o robô. Eles haviam se tornado ótimos amigos e compartilhavam quase tudo um com outro.
Quase tudo.
Yuta era bastante sociável. Até mais do que certos humanos. Sicheng pôde concluir isso quando percebeu o número de pessoas no campus que o conheciam. Era maior do que as que interagiam com ele próprio. Yuta até mesmo apresentava algumas delas para o chinês.
Um dia quando ele estava chegando na lanchonete avistou o robô conversando alegremente com outro garoto. Muito alegremente. Ele gargalhava tão alto que chamava a atenção até de quem não estava próximo. Uma gargalhada dessa altura ele jamais havia mostrado quando estava com Sicheng. O garoto não soube dizer porquê, mas se sentiu levemente incomodado. Apertando os passos até os dois, ele conseguiu chegar bem a tempo de separar um repentino abraço entre ambos.
– Com licença e desculpa, eu não quero atrapalhar nada. – ele foca-se no robô, evitando olhar para o garoto. – Nós estamos atrasados, vamos logo. – a essa altura ele já está arrastando Yuta pelos braços.
– O que houve? – Yuta pergunta confuso.
– Vai me dizer que você esqueceu. Nós temos aquele compromisso urgente, lembra? – Sicheng responde não parando de caminhar e arrastar o robô consigo.
Yuta vira-se para o garoto e acena despedindo-se.
Sicheng olha de canto.
– Seu namorado?
– O quê?! – o espanto do robô é evidente.
– Nada.
– Para onde estamos indo, afinal?
Sicheng nada responde. Apenas quando perdem a lanchonete de vista ele para de caminhar, deixando um robô nitidamente confuso o observando.
– Eu estou cansado. Vamos para casa.
– Sicheng responde ainda sem olhar para Yuta.– Mas e o nosso compromisso?
– Err... acho que confundi as coisas.
– Você disse que era urgente.
Sicheng lhe lança um rápido e frio olhar. Foi apenas durante um segundo, mas o suficiente para congelar o clima, calando o robô. O garoto caminha sozinho na frente enquanto o outro o segue silenciosamente.
••••
– Quando você vai voltar a falar comigo?
Silêncio.
– Winko...
Sicheng repousa a xícara de café sobre a mesa. Ele respira fundo.
Yuta não ousa soltar uma palavra após esta pequena reação.
– Você não sabe mesmo por que eu estou assim?
O robô nega com a cabeça.
– Bem... você não pode estar tão próximo de outras pessoas. É estranho.
– Estranho como?
– Só estranho. Não é legal. Principalmente se você as abraça.
– O que tem de errado com abraços? Você gosta quando abraço você.
– Sim! Eu! – Sicheng recua após perceber que esta última fala havia soado um pouco mais alto do que o normal.
– Me desculpe se você não gostou. – Yuta diz esperando uma resposta do outro, mas não obtendo nenhuma. – Winko... – ele insiste.
– Está tudo bem. Não é nada grave de qualquer forma. Talvez eu tenha sido um pouco grosseiro com você.
– Não, você não foi. Meu Winko nunca é grosseiro. Não mesmo.
A mão do garoto congela na orelha da xícara.
– Do que você me chamou?
– Hm?
– Você disse algo antes do meu nome, não foi?
– Eu disse que você não foi grosseiro.
– Não isso, você disse... – ele não ousa continuar. Sicheng tinha certeza do que ouvira, então por que raios desejava que o robô repetisse? Não é como se ele tivesse gostado, de qualquer forma, então apenas decidiu deixar para lá.
– Meu Winko...
O garoto sente seu coração parar por um segundo antes de voltar a bater mais acelerado do que o normal. Ele move a cabeça na direção do outro e se depara com um sorriso lhe encarando. Não era um dos sorrisos rotineiros de Yuta. Geralmente esses sorrisos eram largos e convidativos, com os olhos do robô cerrando-se de modo que era quase impossível enxergar suas íris. O sorriso que Sicheng estava vendo naquele momento era curto, curvado apenas em um canto. As pálpebras caiam sobre os olhos do robô, porém não fechando-os totalmente, permitindo que ele observasse Sicheng com bastante atenção. Se o garoto pudesse descrever aquele sorriso, havia uma palavra que encaixaria-se perfeitamente: provocativo.
Mas Yuta não saberia o que era aquela atitude, não é? Ele não poderia provocar Sicheng sem entender o que de fato provocar alguém significa. Talvez Sicheng tenha apenas exagerado na quantidade de cafeína.
A fim de cortar o próprio pensamento, ele levanta da mesa e despede-se de Yuta, avisando-o para não esquecer de se recarregar enquanto ele dorme.[Continua...]
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Osaka Boy | yuwin
RomanceSicheng é um estudante de intercâmbio que tem sua metódica rotina quebrada ao topar com um sorridente garoto na estação de metrô. Ele tem sua curiosidade atiçada quando descobre que o mesmo é na verdade um dos famosos namorados-robô em circulação e...