Capítulo 3 - Surpresa

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Não é necessário um grande esforço para procurar o desconhecido garoto do metrô. Antes mesmo de entrar na estação ele o observa de longe, com as mãos no bolso e olhos semicerrados, como se estivesse procurando algo. Depois de exatos cinco segundos ele pareceu ter encontrado, pois ao avistar Sicheng seus olhos se arregalaram e aquele enorme sorriso voltou. Sicheng não entendeu o porquê, mas um leve nervosismo surgiu em seu corpo. Leve e repentino. No segundo seguinte ele já estava normal.

– Estava te esperando. – ele diz ainda sorrindo.

– Você já saiu do trabalho?

O garoto franze as sobrancelhas.

– Trabalho?

– Aquela loja. – Sicheng diz apontando na direção da franquia de Boyfriend Material que ficava naquela estação, ainda que não pudesse ser vista do exato local em que estavam.

O garoto sorri. – Você entendeu errado. Eu não trabalho lá. Na verdade, sou um daqueles que fazem parte do programa.

Pego de surpresa pelo comentário, Sicheng corou. – Ah, err... Me desculpe. Eu... eu não sabia.

– Suas bochechas estão vermelhas. Você está bem?

– O quê? – Com a ponta dos dedos, Sicheng toca em uma das bochechas.

Tentando cobrir a gafe que havia cometido ao confundir um dos "cabeças" de Boyfriend Material com um simples funcionário, ele finge olhar a hora no relógio e tenta mudar de assunto.

– Bem, se não formos agora é provável que não aproveitemos o suficiente. Para onde você quer ir?

– Eu não sei realmente. Não conheço a cidade.

– O quê? Como assim? Você não é de Osaka?

– Osaka?

– A cidade em que estamos.

O garoto ainda parecia confuso. Em qualquer outra hora, Sicheng não teria perdido a oportunidade de ser sarcástico. Entretanto, o jovem aparentava um semblante ingênuo, não fosse a altura e traços, Sicheng poderia jurar que estava conversando com uma criança. Talvez ele só estivesse dentro do programa por causa de algum parente? Sicheng duvidava arduamente que alguém como ele pudesse estar por trás de algo tão importante como o cérebro da empresa por mérito próprio.

Ele coloca sua mão na frente dos olhos do garoto.

– Você consegue dizer quantos dedos tem aqui?

– Cinco.

– Onde nós estamos agora?

– Japão.

Era suficiente. Ele esperava ouvir algo como "estação de metrô", mas vendo que o garoto era capaz de pelo menos reconhecer o próprio país, talvez não fosse um caso perdido, afinal.

••••

A partir de sua caminhada, Sicheng percebe que o garoto realmente não é tão inteligente. Isso não quer dizer que ele seja burro, mas depois da terceira vez que Sicheng tem que segurá-lo evitando que ele fosse atropelado, é oficial que ele tenha alguns parafusos faltando.

Incrivelmente, em todas as vezes em que seu breve passeio não foi por pouco realocado para um velório, o garoto não demonstrou nenhum sinal de preocupação ou medo, em contraste com Sicheng, o qual o coração só faltava sair pela boca. De fato, era como se Sicheng estivesse caminhando com um sobrinho, ou um primo mais novo, mas ele tem certeza que crianças de oito anos ainda prestam muito mais atenção do que aquele rapaz ao atravessarem a rua.

Osaka Boy | yuwinOnde histórias criam vida. Descubra agora