Capítulo 12 - Adeus

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O caminhão de Boyfriend Material veio cedo no dia seguinte. Sicheng gostaria de apagar da memória a imagem do companheiro estático ao seu lado, frio como uma pedra de gelo. "Ele está dormindo. Está apenas dormindo", tentava convencer a si mesmo. Porém, não importava o quanto ousasse amenizar as coisas, Sicheng era realista até demais. Assim que a porta é fechada ele desaba no chão. As lágrimas que esforçou tanto em manter para si durante todo esse tempo enfim estavam caindo. Não demora muito até que ele comece a sentir dificuldades em respirar em decorrência de seu nariz entupido.

Ele não estava em condições de ir para a faculdade. Também não respondia nenhuma ligação de seus amigos. O único passeio que ousara em realizar havia sido para comprar bebida. Uma garrafa. Outra garrafa. A cabeça de Sicheng estava a ponto de explodir, seja pelo choro demasiado ou pela grande quantidade de álcool ingerida. Ele sequer se deu conta do tempo que havia passado. De certo, o tempo pouco significava para ele agora. Tudo o que ele desejava era sumir. Não no sentido de sair de seu apartamento ou da cidade. Ele apenas queria sumir, no sentido mais literal existente. Um mundo sem Yuta não existia para ele.

Em algum lugar perto dali o garoto escuta sons abafados de algo como a campainha de uma casa sendo tocada. Ele semicerra os olhos, mas não dá muita importância. A campainha soa novamente. Em seguida, alguém bate na porta chamando seu nome. Ele não tem certeza se aquilo estava mesmo acontecendo ou se era apenas fruto de sua imaginação visto que sua sanidade estava afetada e ele não conseguia separar o real do irreal. Quando tenta levantar para dirigir-se até a porta ele imediatamente cai no chão, derrubando a garrafa que segurava. Cacos de vidros são espalhados para todos os cantos. A pessoa lá fora continua insistindo, dessa vez depositando várias tentativas no bloqueio de segurança. Sicheng apenas consegue ouvir o aparelho acusando erro das senhas, até que a porta finalmente é destravada.

A silhueta de um garoto adentra o apartamento e a lâmpada é acesa. Sicheng coloca o braço em cima dos olhos na tentativa de bloquear a luz. Ele havia passado muito tempo no escuro, e a claridade repentina estava o incomodando.

O garoto vem correndo em sua direção tendo muito cuidado com os cacos de vidro no chão. Ele abaixa-se ao lada cama perto de si e só então, estando a poucos centímetros de distância um do outro, Sicheng pôde enfim reconhecê-lo.

– Sicheng! – Ten começa a balançar o amigo esperando alguma reação. – Sicheng, o que aconteceu? Por que você está assim? Cadê o Yuta?

Assim que escuta aquele nome é como se um buraco se abrisse em seu peito. Estando fragilizado demais e sem controle algum das próprias ações, lágrimas atrevidas começam a escorrer de seu rosto.

Ten percebe que não há necessidade de mais perguntas. Ele abraça Sicheng apesar do intenso cheiro de álcool exalado pelo amigo.

– Ele se foi, Ten. Ele se foi. – Sicheng já estava aos prantos.

– Eu sinto muito, Winko. Eu tenho certeza que ele estava feliz esse tempo todo e não gostaria de te ver assim. Você o amou o tanto quanto pôde e até mais. Ele realmente foi grato. Yuta não poderia ter tido uma vida melhor.

Ten não compreendia a dor que o amigo sentia naquele momento. Sicheng e Yuta realmente eram ligados. A conexão que tinham um com o outro, era como se estivessem destinados a ficarem juntos, pelo menos durante o tempo que lhes fosse permitido. Ele sabia que nada que dissesse poderia fazer Sicheng se sentir melhor, afinal, o amigo havia acabado de perder alguém que tanto amava. Mas Ten ficaria ali, o dia todo se fosse preciso.

Ele apenas queria poder avisar Hendery. Caso não voltasse no horário habitual, poderia causar uma preocupação no companheiro.

Hendery.

Osaka Boy | yuwinOnde histórias criam vida. Descubra agora