quatro

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SEIS ANOS ANTES

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SEIS ANOS ANTES

Os primeiros acordes de November Rain de Guns N' Roses alcançam os meus ouvidos assim que passo pela pequena placa torta e desbotada que diz "Bem-vindo a Maindale: viva tudo isso!". Eu me obrigo a franzir meu cenho àquela incoerência, porque durante todo o tempo em que morei ali, ficou claro que não havia porra nenhuma para se vivenciar além de uma escola, um supermercado e uma pequena farmácia recém-reformada.

Ainda assim, eu estremeço toda vez que meus olhos vão de encontro àquela placa. Porque, por mais que não houvesse nada para vivenciar ali, as coisas pelas quais passei até os meus dez anos de idade em Maindale era definitivamente muito mais do que eu podia suportar.

Pegando uma saída à direita para entrar na detestável cidade, aumento o som em uma tentativa de abafar meus pensamentos e memórias, e noto que um dos alto-falantes do carro está mais abafado que o restante. Então, faço uma nota mental de mais um dentre os milhares de detalhes naquele carro que eu trataria de reformar ao longo dos próximos anos.

Ainda estou descobrindo todas as funções do Cadillac Deville 1968, juntamente aos defeitos que eu jamais pareci notar até duas semanas atrás. Chega a ser irônico como a visão que você tem sobre um maldito carro pode mudar no instante em que você passa do cargo de um mero passageiro ao cargo de dono do carro.

Aquele Cadillac foi o meu maldito sonho desde que o vi pela primeira vez, aos dez anos de idade. Eu amei esse carro no instante em que meu avô apareceu em frente à porta de casa com ele e me convidou para dar uma volta. Amei o carro no momento em que se tornou rotineiro ser levado à escola com ele. Amei e sigo amando tanto aquele carro que estou pouco me fodendo com o fato dele estar caindo aos pedaços e fedendo a charuto.

Mesmo com tantos defeitos, eu não me importei em dar todas as economias que tinha para meu avô, embora soubesse que ele não teria problema algum em simplesmente me dar o carro.

Ambos sabíamos que já era hora daquilo acontecer.

Warren Dorian não tem mais idade alguma para dirigir. Não mesmo. Duas semanas atrás, ele quase dormiu no caminho da padaria para casa. Seria algo compreensível se a padaria ficasse a uns vinte minutos de distância, e não a apenas três quarteirões de onde moramos. Foi apenas então que finalmente decidi que era hora de tirar minhas economias do bolso para comprar aquela lata velha dele.

SILAS (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora