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ALGUMAS HORAS ANTES

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ALGUMAS HORAS ANTES

Eu não suporto dirigir, o que é um problema quando se está fazendo uma viagem de mais de dez horas de carro.

Não que eu seja ruim nisso. Inclusive, ironicamente, sou uma excelente motorista. Não tenho problema algum atrás de um volante, a não ser o tédio.

Eu intercalo essas longas horas entre áudio-livros e músicas. Chego a terminar um dos meus livros que estava pela metade e ouvir a minha playlist para viagens duas vezes.

O vento bate em meus fios loiros porque eu prefiro a janela aberta ao ar condicionado.

O dia está bonito; o sol brilha apesar do clima frio. Afinal, estamos no fim do ano e apesar do inverno aqui não chegar a ser tão rigoroso a ponto de nevar, é frio o suficiente para não sentir a ponta dos dedos.

Meu celular toca em algum canto do carro, e eu abaixo a música para poder alcançá-lo jogado no banco do passageiro e atender.

— Oi, mãe — eu digo, enquanto tento acionar desajeitadamente o viva-voz.

— Oi, Jackie. — A voz estridente, porém baixa, da minha mãe ecoa pelo carro. — Já chegou?

— Não. Quase. Falta pouco menos de uma hora.

— Ah, tudo bem, então. Só estava ligando para saber se estava tudo certo. — Há uma pausa ali. — Fico feliz que esteja fazendo isso por ele.

Eu suspiro.

Estou indo passar o natal com o meu pai, como faço todos os anos.

Minha mãe diz como se eu estivesse fazendo algo altruísta, mas acho que no final das contas eu estou fazendo isso por mim. Pelo bem da minha consciência. Vê-lo uma vez por ano é o mínimo para que eu não sinta uma certa culpa consumir meu peito.

— Eu sei. — É tudo o que respondo.

Meus pais são separados desde os meus onze anos. Mas a notícia do divórcio nunca chegou a ser uma tragédia para mim. Sempre senti que nossa família deixara de ser uma muito antes da minha mãe arrumar as malas e me levar junto. Desde aquela época, eu soube que o fim de um casamento não se dava só com a divisão de bens e um contrato.

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