III - O Jantar

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      — Amiga! Me conta como está sendo isso! — Brooke perguntou, em uma saída de amigas em que todas estavam presentes.

      — Não sei nem por onde começar meninas — a felicidade de Amber estava estampada em todo seu rosto — nós estávamos voltando do cinema ao ar livre, quando uma chuva super forte começou. Tivemos que correr para um lugar fechado. — Ela riu — Mas foi tão bom, nós nos beijamos e...      

     — E... — Rita, Evelyn e Brooken disseram em uma só voz, e Amber colocou uma de suas mãos na testa, mexendo a cabeça ao rir.     

     — E ele me convidou para jantar hoje à noite, na casa dele... com a família inteira.     

     — Dá pra ver a insegurança saindo da sua pele, amiga. — Evelyn comentou, debochando um pouco, e Amber entrou na brincadeira:     

     — É tão óbvio assim? — Elas riram, e Brooke continuou:     

     — Mas afinal, o que pode acontecer de tão ruim?     

     — James Mury pode acontecer. — Rita logo respondeu, sem ao menos ter pensado.

     — Exatamente. — Amber concordou — Digo, eu não tenho nada contra ele, muito pelo contrário, acho que ele precisa de ajuda, mas eu não quero ter que passar por nenhuma situação constrangedora, vai que ele dá algum chilique do nada, igual no torneio aquele dia...

     — Amiga, apenas relaxa, vai tranquila. Há coisas que você não pode prever e muito menos controlar.      

     — Você tem razão. — Amber concordou com Brooke — De qualquer forma, já está quase na hora, tenho que ir para casa me arrumar.    

     — "Tenho", não. NÓS temos! — E assim, Rita convenceu todas a irem à casa de Amber para ajudá-la a se arrumar.


      Após algum tempo tendo sido mimada pelas amigas, Amber recebeu uma mensagem de Peter, que estava a esperando em seu carro na entrada da casa dela. O coração de Amber palpitou, e suas amigas a encorajaram mais uma vez.

     Ao entrar no carro, ela beijou Peter apaixonadamente, e ele elogiou sua beleza. Peter sempre foi um cavalheiro.


   Ao passar pelo portão de entrada da casa dos Mury, Amber ficou indignada com o tamanho da construção. Era uma mansão de três andares feita de madeira clara e brilhante, com alguns detalhes em pedra. As janelas eram enormes e a natureza em volta da casa era de tirar o fôlego. Uma verdadeira Casa das Montanhas.

    Ao passar pelo portão de entrada da casa dos Mury, Amber ficou indignada com o tamanho da construção. Era uma mansão de três andares feita de madeira clara e brilhante, com alguns detalhes em pedra. As janelas eram enormes e a natureza em volta da casa era de tirar o fôlego. Uma verdadeira Casa das Montanhas.

    Um arrepio subiu pela espinha de Amber quando ela viu que os pais de Peter estavam os esperando na frente das enormes portas de entrada. Meu Deus, ela pensou. O que eu faço agora?


     Peter saiu do carro e abriu a porta para Amber, que foi muito bem recebida pelos pais dele. Eles entraram na mansão, e passaram pela grande sala de TV — cheia de tapetes importados e sofás espaçosos — até uma extensa varanda, onde estava a mesa de jantar toda montada com as mais finas pratarias. Todos se sentaram em suas cadeiras — que já estavam previamente marcadas — e começaram a conversar sobre assuntos superficiais. Não havia nenhum sinal de James até o momento, mas a vida sempre foi cheia de surpresas...  Antes que a comida fosse servida, Amber ouviu passos firmes descendo as escadas do segundo andar. Por mais que estivesse receosa, ela também estava curiosa para conhecê-lo. Ele de fato era intrigante. Mesmo assim ela estava engolindo seco a cada segundo.

    Os Mury se levantaram para cumprimentá-lo e Amber fez o mesmo, se virando finalmente para vê-lo. Meu Deus, ela pensou de novo, mas agora em um outro sentido. O homem que ela estava vendo — que ela não conseguia tirar os olhos — estava completamente diferente do que ela tinha visto no torneio. Ele estava com o cabelo penteado para trás, com um terno elegante que favorecia a largura de seus ombros e com um olhar devastador... mas o olhar ela já tinha percebido antes.

     Amber tentou disfarçar seus pensamentos, mas no momento em que ele a cumprimentou, dando um beijo em sua mão, ela não soube se conseguiu amenizar a vermelhidão em suas bochechas.

     — James. — Ele se apresentou, ainda segurando a na mão dela.

     — Amber.

     A situação embaraçosa que Amber temia já estava acontecendo. Os dois se encararam por longos segundos antes que James fosse cumprimentar seu irmão. Amber pensou que o propósito daquele charme fosse para provocar Peter de alguma maneira, então fez o máximo para que essa mesma situação não acontecesse novamente. 

     A comida foi servida pelos funcionários do lar que trabalhavam na mansão, e o senhor Mury iniciou um assunto sobre tênis. Isso não pode dar certo, Amber se preocupou. Era claro ver que apenas o senhor Mury e Peter estavam falando. A senhora Mury estava comendo seu pato ao molho de laranja em silêncio, as vezes encarando e dando esporádicos sorrisos educados para Amber, e James fazendo o mesmo, mas sem os sorrisos. Quase o jantar inteiro foi assim, parecendo que só havia duas pessoas na família. Algumas das perguntas que o senhor Mury fez para Amber não foram o suficiente para deixá-la confortável. Peter fazia carinho na mão da namorada por baixo da mesa, mas isso também não foi suficiente.

     O assunto sobre tênis havia voltado à mesa, e você conseguia ver o cansaço da senhora Mury e o desconforto de James.

     — Sabe, Amber — o senhor Mury voltou sua atenção para a namorada do filho — você escolheu o filho certo para se relacionar, daqui uns anos ele será campeão mundial... 

      Um forte barulho e tremor, derivados do soco em que James deu na mesa, fez com que todos voltassem seus olhares para ele, que ficou em silêncio por um tempo até se recompor, dizendo ironicamente:     

     — Perdoem minha falta de etiqueta, mas temo que está na hora de me retirar. 

      Ele se levantou e arrumou as lapelas finas de seu terno, agradeceu os funcionários pela comida, e subiu de volta para seus aposentos, deixando o jantar.     

     — Nos perdoe, Amber, James está passando por uma fase difícil.     

     — Tudo bem, senhora Mury, todos nós passamos por essa fase.

      A conversa sobre tênis continuou como se nada tivesse acontecido, e Amber se decepcionou com a falta de atitude de Peter.


      Após longos vinte minutos, Amber subiu as escadas até o banheiro do segundo andar e percebeu que a porta do quarto de James estava um tanto aberta, mas não conseguiu ver muito além de um espelho grande no fundo do cômodo. Quando estava no meio do corredor para voltar, viu James pela fresta da porta, segurando na cabeceira final da cama, com uma expressão triste e o tronco sem roupa. Ela sabia que não era certo olhar, mas ao mesmo tempo não conseguia ir embora, havia algo nele que a atraía, algo que ela não conseguia explicar, apenas sentir.


Montanhas GeladasOnde histórias criam vida. Descubra agora