VIII

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Jane lia atentamente a ficha de Stella Hopkins tentando achar algo que a fizesse parecer ainda mais suspeita, porém tudo que sabia era que Stella vinha de uma família de militares, e seu único filho, Dylan estava cursando bioquímica...

-Oh espera um pouco... -Ela diz e enquanto lia o pequeno texto sobre o filho de Stella, viu que ele estudava em Londres, porém havia trancado a faculdade ha cinco meses. Fazia todo o sentido, a resina de mamona que Jane deduziu, ele fazia bioquímica, certamente saberia disso, talvez a mãe tivesse uma rincha não publica com Donna e a matou com a resina da mamona, porém para não ser interrogada e nem vista como suspeita, fez o filho atirar na mulher logo após Donna ser dada como morta, e como ela estaria na cena do crime não levantaria suspeitas de nada, porém tudo não passaria de deduções e idéias se Jane não fosse atrás de provas, e era exatamente o que ela iria fazer.

Pagou seu chá que havia bebido na cafeteria e chamou um Taxi indo até o local do crime, já parada na calçada no local exato onde o corpo foi encontrado ela tentou se lembrar de tudo sobre a cena do crime. "Quem poderia ter chegado logo após Donna ser morta?" Jane não lembrava de ninguém, pois mesmo que lembrasse, não saberia como chegar aquelas pessoas exceto pelo... menino da bicicleta! Ela lembraria perfeitamente dele, e mesmo ele sendo uma criança, Jane poderia tentar entende-lo.

E como se o desejo de Marple fosse atendido, ela reconheceu a bicicleta parada na calçada da lanchonete em que esteve a alguns dias com o detetive da Baker Street.

-Oh Deus... eu sou boa demais. -Ela atravessou rápido a rua e adentrou a lanchonete, olhou em volta e viu o menino comendo uma fatia de bolo em uma mesa no canto do estabelecimento. -Ah, bom dia. -Ela sentou a sua frente na mesa, tentando não parecer tão desesperada.

-Oh, bom dia senhorita. -O menino logo a reconheceu. -Nossa! Você é a mulher que eu atropelei sem querer outro dia... mais uma vez me desculpe, eu estava atrasado para buscar meu cachorro no veterinário. -Ele diz enquanto comia outra fatia de bolo.

-Já disse que não precisa se desculpar... -Jane sorri. -Porém... -Ela diz fazendo o menino olha-la. -Eu preciso te contar um segredo, e você parece ser bom com segredos. -Ela diz e o menino sorri.

-Sou o melhor com segredos de toda a Londres! -Ele diz orgulhoso fazendo a detetive rir.

-Ok, então, primeiramente, qual é o seu nome? -Perguntou.

-Patrick, Patrick Schermann. -Ele diz estendendo a mão para ela apertar.

-Oh, muito prazer senhor Schermann, eu sou a detetive Miss Marple, de St. Mary Mead. -Ela diz e Patrick alvoroçou com a palavra "detetive".

-Detetive? -Ele se expantou. -Igual o Sherlock Holmes? -Ele perguntou.

-Melhor que Holmes. -Ela diz e por um minuto ela lembrou da insolente discussão mais cedo. -Mas então, Patrick, você lembra daquela noite que eu te vi, ali do outro lado da rua? -Ela pergunta.

-Sim, mamãe disse que aquela moça ali na calçada estava bêbada e dormiu ali... -Ele diz com sua inocência.

-Exato, me refiro a situação da mulher bêbada. Eu estou investigando o porquê daquela mulher estar bêbada ali, sabe, isso não é normal não é? -Ela fala com uma intonação que deixava o menino cada vez mais ansioso.

-Não, porque ela dormiria ali na calçada? Realmente muito estranho... -Ele diz semicerrando os olhos com uma voz no minimo engraçada.

-Claro, então, preciso que me ajude a descobrir o porque ela estava deitada ali... você chegou quando as pessoas já estavam ali? -Ela perguntou.

-Não, quando eu vi a moça, ninguém estava ali, porém não consegui enxergar direito e quando fui me aproximar para acorda-la já havia um monte de gente. -Ele voltou a comer seu bolo.

-Sim... claro... e você viu algum homem ali? Algum homem que possa... tê-la deixado ali? -Ela perguntou.

-Não... haviam muitos homens na rua, senhorita, todos pareciam preocupados com ela. -Ele disse simples, engolindo mais um pedaço de bolo.

-Ah, espera... -Ela pega o celular e procura no arquivo um foto de Dylan. -Esse homem, você viu? -Ela perguntou.

-Não, acho que não... -Patrick olhou rapidamente para a foto.

-Tem certeza, olhe bem, você parece esperto demais para não ter o notado ali, ele é bem... extravagante... não? -Ela se referiu a 'beleza exótica' do homem que estava longe de ter algo que agradasse Jane.

-Sim, ele é bem feio... -Patrick diz rindo. -Bom... -Ele larga o garfo e volta a olhar para a foto. -Eu não lembro bem, pois estava escuro também, mas eu acho que o vi... ele estava pondo um chapéu quando eu passei por ele, foi um pouquinho antes de encontrar você, ele vestia um terno marrom bem estranho. -Ele diz e Marple comemorava feito criança por dentro.

-Oh, é sério? Tem certeza? -Ela pergunta.

-Sim, eu reconheceria esse nariz feio em qualquer lugar... poxa... que desperdício de rosto. -O garoto diz.

-Ah, ok, obrigada Patrick. -Ela levanta sorrindo.

-Eu ajudei, senhorita Marple? -Ele pergunta.

-Sim, muito, muito mesmo, obrigada Patrick. -Ela diz e eles fazem um "soquinho" com as mãos antes de se despedirem, Marple da alguns trocados para a balconista pela fatia de bolo de Patrick e outra a mais que ela pagaria a ele, depois disso, procurou um Taxi a caminho de casa, com suas coisas, saberia melhor onde como organizar o caso. Chamou um Táxi e em meia hora já estava de volta ao seu apartamento, ela tirou os sapatos e correu até a penteadeira, virou o espelho ao contrário e pegou um barbante vermelho da gaveta, o caso para Marple finalmente havia começado.

Depois de algumas horas ela já estava com fotos de todos cujo suspeitava, recortes de jornal e material impresso da internet sobre o crime, todos interligados pelo barbante vermelho, enquanto observava o esquema que havia montado, mal notou que seu celular havia tocado algumas vezes, na terceira vez Jane acordou de suas suspeitas e atendeu o mesmo.

-Detetive Jane Marple, pois não. -Ela diz.

-Erik Jones. -Ela ouve e levanta da cadeira na mesma hora.

-Erik? Ah... como vai? -Ela pergunta mordendo o lábio.

-Estou bem, tirando os quatro mil que você me fez pagar daquele restaurante, estou ótimo. -Ele diz e ela da uma risada.

-Eu vim até Londres para conhecer a tão famosa terra da rainha, um velho amigo meu me chama para um jantar e não vem, nem ao menos me avisa. Quatro mil foi barato... -Ela diz e ouve Erik rir do outro lado da linha.

-Você realmente não muda nada... -Erik diz e Marple vira o espelho novamente.

-Mas, qual é o Por quê da ligação? -Ela diz pondo seus sapatos.

-Queria que você viesse a minha casa, eu comprei um quadro novo em um leilão e queria que você visse. -Ele diz e ela sorri de canto.

-Qual é a palavra magica Erik? -Ela diz provocando.

-Você não vai me fazer implorar... -Eles estavam se divertindo com aquilo.

-Bom, se não, então eu tenho mais o que fazer... -Ela diz tirando o celular do ouvido e pondo no viva-voz.

-Ah... Por favor... -Ela ouve a voz do homem em um tom de súplica, seguido de uma risada e sorri satisfeita.

-Chegarei em breve, espero que esse quadro não me decepcione... -Ela diz desligando o celular guardando dentro da bolsa.

Nossa querida detetive de St. Mary Mead ficaria ocupada por algumas horas...

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