3- Como é?

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Os olhos de Astrid se abriram de súbito, sua respiração estava pesada e seu corpo em alerta. Algo havia a acordado, tinha certeza disso. Agarrou com força o braço do seu marido, que envolvia a sua cintura, o chacoalhando. O viu abrir os olhos assustados, colocou o dedo indicador sobre os lábios, mostrando para ele fazer silêncio.

Ficou tentando ouvir mais alguma coisa, mas estava tudo em silêncio. Se vestiram com rapidez. Os dois buscando as suas armas. Astrid fez um gesto para Soluço mostrando de onde ela tinha escutado o barulho. Foram andando com ela na frente.

Novamente o leve ruído pode ser percebido pelos dois. Soluço puxou a sua mulher para ele, tomando a dianteira. Astrid revirou os olhos, bufando baixinho, mas ficou na dela.

Estava prestando atenção ao seu redor e não percebeu quando Soluço parou de repente e acabou esbarrando nele. Olhando sobre os seus ombros conseguiu ver que no chão tinha uma trilha de sangue entrando na mata. Parecia um cenário de luta onde um saiu bem ferido fugindo do local. Parecia que já tinha um tempo, o sangue já estava seco e escuro.

Soluço olhou para trás encontrando os olhos de sua mulher. Viu determinação ali, sabia que teriam que ir adiante. Seguiram o rastro deixado, adentrando mais a fundo na mata. A mais ou menos 20 metros adentro conseguiram ver o corpo.

Não era de um humano como imaginavam, mas também não era um dragão. Estava rasgado, como se algum animal ou caçador tivesse o atacado. Em volta, uma poça larga de sangue escuro envolvia o corpo de um lobo cinza. Estava morto já há um tempo. Não tinha sido aquilo que tinha feito o barulho. Soluço começou a olhar em volta, para ver se achava o que poderia ter feito o ataque.

Astrid chegou mais perto do lobo. Avaliando as suas feridas. Não pareciam garras ou mordidas, eram profundas e com cortes bem dados, tinha certeza que era obra de alguma arma afiada. Estava tão concentrada nas feridas que por pouco não viu pequenos olhinhos assustados olhando para ela.

— Soluço! Um filhote! — Exclamou alegre a garota. Fez com que ia tocar no animal. Mas as mãos fortes do seu marido não a deixaram chegar perto. Ele a puxou com força, mas gentilmente para cima, a afastando do animal.

— Não o toque. — comentou firme, ainda olhando em volta.

— Como é?

— Eu disse: Não o toque. — levando ela para mais longe e agora olhando-a nos olhos.

— Soluço, é um filhote. — manifestou a loira chocada. Gesticulando com os braços em direção ao corpo.

— Eu sei. Sinto muito pelo que aconteceu com a mãe dele, mas não vou deixar você o tocar — Ela ouvia o que saia da sua boca, mas via que seus olhos diziam outra coisa.

— Por que? — Sussurrou ela, tentando entender o seu marido.

— Ele pode estar doente. — respondeu seco.

— Soluço, para de besteira, eu preciso vê-lo.

— Não. — mais uma vez ela teve aquela sensação que a boca dizia uma coisa, mas os olhos outra.

— Soluço, se deixarmos ele aqui é a mesma coisa de sentenciá-lo à morte.

— É a natureza, Astrid.

Aquilo foi demais para ela. Como assim? Logo o Soluço, que fez Berk mudar toda a visão sobre dragões, estava dando uma de Stoico por causa de um lobo? E, ainda por cima, um que não conseguiria sobreviver sozinho? Ignorando o marido, cruzou por ele querendo chegar mais perto. Soluço mais uma vez a barrou.

— Soluço, eu vou pegar esse filhote!

— Não sabemos quem fez isso. Estou tentando não começar algo que não daremos conta sozinhos. — via que ele já estava começando a se irritar.

Três DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora