De volta a Rowdeem

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    Se passou uma semana desde a primeira ligação que tiveram com Filipa, e agora tanto Eric quanto Poliana estavam se preparando para irem a escola que Poliana estudou quando morara na Inglaterra a alguns meses atrás. O colégio Rowdeem.
    Nesta segunda feira eles não seriam os únicos a voltarem para suas aulas, os amigos do Brasil também voltariam, só que separados e completamente azarados. Enquanto Filipa e Luigi foram transferidos para o colégio Inovação; Kessya, João e Yasmin foram para o Dínamo Integral, mais conhecido como D.I. Mas estarem separados não era bem o principal problema, mas sim o colégio em que caíram. Ambos eram os principais rivais em interescolares. E dos cinco, quem enfrentaria mais problemas seria a Filipa, isso por causa das diversas sabotagem que fizera várias vezes para os rivais. 
    Poliana definitivamente não queria ir a aula e por isso demorou muito a se levantar de sua cama.
    —Poliana querida, se arrume logo. Vai acabar se atrasando para a sua aula! O Eric já está lá em baixo. 
    Era Joana, a senhora que recebeu ela e Eric em sua casa, e a mesma que recebeu Poliana a meses atrás. 
    —Ah eu já vou!
    —Seu uniforme está no guarda roupa.
    —Você sabe que eu detesto ir com o uniforme. — Poliana ri
    —Sei muito bem disso. — ela também ri. —Pode ir sem, eu aguento a bronca por você. 
    —Valeu, Jô. Eu já levanto
    Joana era de Portugal, filha de um brasileiro e uma portuguesa, então quando estavam sozinhas preferiam falar em português. 
    Poliana se levantou e como estava atrasada foi direto ao seu guarda roupa para pegar alguma outra roupa qualquer. Como o verão estava chegando optou por usar uma de suas calças rasgadas junto de uma blusa mais soltinha e uma bota. Claro que ela não podia esquecer de seu colar de lua, a sua aliança (que nunca tirava) e mais alguns anéis. Escovou seu cabelo por cima. Preparou sua mochila e desceu.
    Ao descer, viu Eric já a esperando, e ele estava exatamente igual a ela, um desleixo em pessoa.
    —Pensava que iria te encontrar aqui todo arrumado. — Poliana ri. —Seria um grande contraste entre nós dois.
    —Realmente seria, mas eu resolvi te imitar.
    —E como você ficou sabendo que eu ia assim para o colégio? 
    Um olhar foi lançado a Raul por todos os presentes. Ele era o marido de Joana, e ele realmente era da Inglaterra. E ele, trabalhava no esquadrão antibombas. 
    —Esse dai é o maior fofoqueiro que eu conheço. — diz Poliana. —Não sei como eu não pensei antes!
    —Achei que quisessem combinar. — ele ri. —Agora serão os únicos sem uniforme em todo o colégio.
    —E nós seremos os únicos a ouvir reclamações. — Joana ri. —Poli, eu preparei um sanduíche para você comer no caminho.
    —Obrigada. Inclusive, eu acho melhor nós dois irmos. Já vamos chegar atrasados o suficiente para uma bronca.
    —Como se você ligasse para isso né. — brinca Eric. 
    —Cala a boca e vamos logo! — Poliana dá um leve tapa no ombro do garoto.
    Os dois se despediram do casal e saíram de casa, por sorte, o verão da Inglaterra não poderia nem se comparar com o do Brasil.
    —Você tem certeza que isso é o verão?! — pergunta Eric. —Isso está mais para um outono.
    —Fazer o que. Eu amo o clima desse lugar. 
    —Parece que o clima é uma das únicas coisas que você gosta daqui. — observa Eric. —Você não queria ir ao colégio agora, não é
    —Não, eu não queria ir. Eu definitivamente não queria reencontrar nenhum dos meus colegas de sala.
    —Era tão ruim assim? — Eric pergunta já sabendo qual seria a resposta.
    —Horrível. Ao contrário de hoje, eu não enfrentava tanto as pessoas, era incomum eu responder, mas respondia.
    —E se te zuarem você vai revidar? — Eric sorri.
    —Com toda certeza. Acho que vou ser expulsa ainda hoje.
    —E com os professores, você gosta deles?
    —Não, o único que eu gosto e que eu sei que também gosta de mim é o professor de história, o Arthur. De resto, eu não gosto e eles não gostam de mim. 
    —E o que você fez para eles? Explodiu a sala?!
    —Não. eu não fiz absolutamente nada. Eu acho que eles me acham estranha o suficiente para me culparem de tudo que acontece.
    —Você sabe que na primeira zoação ou forçação de barra a pessoa já está no chão, não é
    —Sei muito bem disso, mas se alguém vai ameaçar alguém, serei eu. — diz Poliana. —Te deixo me defender, mas essa parte cuido eu.
    —E você acha mesmo que eu vou deixar que você seja expulsa?! Se você for eu tenho que ir junto!
    —Como é que eu te aguento?!?! — Poliana gargalha.
    Como o colégio não era longe de onde eles estavam morando, os dois não demoraram a chegar. E logo de cara, para a completa sorte de ambos, o diretor estava esperando os dois logo na entrada. O diretor Anthony Davies.
    —Sra. Mendes, como é bom revê-la! — ele revira os olhos.
    —Com toda certeza. — a garota debocha. —Não se esqueça de que meu sobrenome não é mais Mendes, e sim D’ávila.
    —É verdade, eu me esqueci de que encontrou sua verdadeira família. — diz Anthony. —Veio sem a roupa adequada, que novidade.
    —Completa novidade.
    —E esse é o seu colega intercambista? Sr. Von Burgo, correto? 
    —Sim.
    —Creio que ainda não recebeu o uniforme
    —Exato. — o pior é que aquilo era parcialmente verdade. Ele só tinha a blusa do uniforme. Nem na Ruth Goulart ele tinha que ir com o uniforme completo.
    —Sem problemas, irei ligar para o casal que está os recebendo. — diz Anthony. —Irei acompanhar os dois até a sala. No momento está tendo aula de história. 
    Aquela com certeza iria ser a maior sorte que a garota teria no dia, ser recebida pelo professor Arthur. E aparentemente, a única sorte da qual imaginava que teria.
    O colégio não havia mudado em nenhum aspecto, continuava exatamente a mesma coisa desde que saiu e voltou ao Brasil, tanto em estrutura quanto no caráter das pessoas que estudavam lá. 
    Ao pararem em frente a porta da sala de aula, o diretor pediu para que esperassem do lado de fora até a hora em que fossem chamados, ingleses e costumes estranhos.
    —Bom dia, alunos! Vocês devem estar estranhando a minha aparição repentina na sala, já que eu quase nunca preciso vir aqui. O que acontece é que hoje iremos receber dois intercambistas. E antes que achem estranho eles terem chegado depois do começo do ano letivo, eles tiveram problemas relacionados a antiga escola no Brasil, sim eles são do Brasil, e as famílias decidiram mandá-los até aqui.  — Anthony explica. —São uma garota e um garoto, e a garota vocês já conhecem. Sra. Mendes, pode vir aqui por favor.
    —Posso, mas não erre mais meu sobrenome. Eu já disse que é D’ávila!
    —Ih, olha quem voltou! — uma garota do fundo da sala se levanta. —Coitada, não aguentaram ela e mandaram ela de volta.
    —Até mudou de sobrenome, foi abandonada pela família adotiva e adotada por uma nova?!
    Chloe e Dominic, os piores colegas que Poliana voltaria a ter. Eles eram os principais responsáveis por fazer de sua vida um inferno. E como sempre, a sala ria e continuava com os comentários.
    —Já podemos ver que o mal gosto continuou. Roupas completamente fora de moda como se fosse uma cadaver. 
    —E aí, continua sozinha e tendo sonhos esquisitos?
    —Gente, pare… — o professor Arthur é interrompido
    —E eu sou o que então? — Eric entra na sala e só agora pode perceber que suas roupas eram praticamente a versão masculina das de sua namorada. —Eu me lembro bem de quando conheci essa garota.
    —Sr. Von Burgo, eu pedi para que esperasse do lado de fora. — diz o diretor
    —Me desculpe, mas eu tinha que entrar. — ele revira os olhos
    —Agora que já entrou, esse é Eric Von Burgo, o colega da Sr.D’ávila. Ambos vão ficar aqui até terminarem o ensino médio. Vocês terão muito tempo para se acertarem. — explica o diretor. —Eu já vou indo. Tenham um bom dia.
    Os dois se dirigiram até as últimas cadeiras da sala e se sentaram um de frente para o outro (Eric na frente), e receberam um sorriso do professor Arthur e olhares um tanto quanto estranhos dos colegas de turma. E Poliana tinha algumas ideias do que aqueles olhares poderiam significar.

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