Uma nova versão de uma escorpiã

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A raiva a dominava por completo. Seus olhos que antes eram de um castanho bem escuro, passaram a ser um de um vermelho bem vivo. Ela se encontrava emergida em uma imensa escuridão, sem conseguir ver um palmo a sua frente. Olhava a toda a sua volta mas infelizmente nada via. Uma leve camada de fogo parecia surgir cada vez mais por cima de sua marca, mas isso não lhe causava incômodo ou dor.

"Você está sozinha"
"Ele nunca irá voltar"
"Está sendo consumida"
"Nunca mais será a mesma"
"Onde estão seus amigos?"
"Tem medo?"
"Você é minha isca agora"
"Mude de lado e acabe com isso"
"Vamos, os traia e seja vitoriosa"
"Em breve tudo estará perdido, não adianta negar"

E todas aquelas frases estavam por ecoar por toda a sua mente. A cada frase dita por uma voz diferente da qual não era possível reconhecer, ela sentia mais e mais raiva, aquelas frases eram como fogo, a cada segundo a consumia mais e mais.
E por um momento, sentiu alguém se aproximar, e tentar gritar era inútil, nada saia de sua boca. Até que ela pode ser alguém a empurrando, alguém com uma força maior que a dela, e de todos os escorpiões juntos. Acabou por se chocar com uma parede que ela nem sabia que existia. Sentia muita dor, ela continuava presa a parede e não conseguia gritar.
Até que sentiu uma mão muito fria tocar seu rosto, e ao longe, era possível escutar uma espécie de vibração, que a cada segundo ficava mais e mais alta….

Poliana se levantou de sua cama em um só pulo. A garota estava completamente assustada e suava frio, e por fim, percebeu que tudo não se passou de um pesadelo. Mas mesmo depois de perceber, Poliana não ficou mais calma. Com tudo que estava por acontecer em sua vida, aquele pesadelo era muito peculiar e suspeito.
Ela se sentou em sua cama e mexeu um pouco em seus cabelos na tentativa de arruma-los, e pós suas mãos em seu rosto na tentativa de acalma-la. Na mesma hora que entendeu que tudo era um pesadelo, ela se lembrou do acontecimento na escola do dia anterior, da pequena briga de Ester e Bento com os seus amigos.
—Foi só um simples pesadelo, um simples pesadelo… —Poliana suspirava a cada palavra que dizia. —Não preciso me preocupar….
Ao olhar para o lado, viu que ainda eram 02:44 da manhã, e isso, a fez finalmente parar e reparar no som ambiente. Uma vibração, era exatamente isso que ela podia escutar. Vinha de uma das gavetas de seu criado-mudo. Ao se lembrar do que havia guardado lá, ela só podia esperar pelo pior.
Depois da prisão dos Mascarados, todos os quatro relógios ficaram com Poliana. Eles imaginavam nunca mais precisar usar, mas pelo visto estavam enganados.
Ao abrir a gaveta, ela viu, os quatro relógios vibrando e com uma localização por aparecer nos quatro. Aquelo fez seus olhos praticamente saltarem, sua expressão que já era de medo havia se tornado de completo pavor.
Seu primeiro instinto foi correr até sua gaveta de roupas e pegar seu celular. Mas ela não podia, havia saido dos Escorpiões Negros, mesmo sendo uma das lideres e unica com seus poderes, ela se encontrava fora de jogada. Todavia, ela não estava impedida de iniciar um novo jogo.
—Eu não posso ficar aqui parada e voltar a dormir. —Ela fala decidida. —E eu duvido muito que algum deles vai acordar agora. Se não estou mais com eles, eu posso agir sozinha!
Poliana abriu sua gaveta e pegou um short preto e uma blusa de mesma cor. Pegou um tênis diferente do que usava com os Escorpiões Negros e vestiu tudo da forma mais rápida e silenciosa que conseguia, e o fato de conseguir desacelerar o tempo, definitivamente ajudou.
Ela achou duas coisas que definitivamente a ajudariam, uma máscara diferente da dos escorpiões e um par de longos braceletes, que a ajudariam a esconder sua marca. E por fim, amarrou seu cabelo em um alto rabo de cavalo e colocou suas luvas. Acabou por não colocar um gorro, dessa vez ela pouco se importava com o dna de seu cabelo.
Ainda com o tempo desacelerado, ela saiu de casa fazendo o mínimo de barulho que conseguia, e para sua sorte, havia deixado sua moto em frente a sua casa, de modo que parecesse ser de alguém aleatório.
De acordo com a localização, eles estavam em um museu, que era muito reconhecido por guardar objetos de lendas e mitologias. Aquilo não fazia sentido para ela, não deveria ter nada no estilo que os Mascarados iriam querer, ou será que tinha?
Com o tempo desacelerado, Poliana demorou cinco minutos para chegar. E ao ver o lado de fora do museu, se deparou com vários carros de Polícia, todos com armas voltadas para o museu, oque indicava que eles ainda estavam lá.
Ela decidiu ficar lá, parada e escondida, de modo que ninguém conseguiria a ver. E não demorou quase nada para as portas do museu serem completamente abertas, e os reféns sairem. Mas só eles estavam por sair, até que é ouvido um grande barulho vindo do lado oposto, e quase todos os policiais correram naquela direção. Mal sabiam eles que tudo não passava de um truque.
Cada um dos cinco Mascarados restantes estava saindo do lado de Poliana. Rei, ou melhor Paulo Von Burgo, tinha uma caixa de vidro em suas mãos, coberta por um pano azul. E Poliana, estava apenas esperando eles entrarem no carro que estava mais afastado, para começar a segui-los.
—Eu não posso ataca-los agora, preciso que eles tomem uma distância. — Poliana dá as ordens para ela mesma. —Eu estou sozinha nessa, e não posso arriscar.
Assim que eles deram partida, Poliana se jogou na moto e foi atrás deles. Ela já sabia que o máximo que ela conseguiria fazer era pegar de volta oque roubaram e fazer uma prisão. A garota sabia que no momento não poderia desacelerar o tempo, já que aquela era uma das principais formas de ser identificada, e ela não queria que seus antigos aliados soubessem de seu novo plano.
Poliana ia os seguindo no silencioso, se esgueirando nas ruas de forma que não ficasse no campo de visão dos Mascarados. Eles deram uma ótima afastada do museu, e quando Poliana percebeu que eles estavam por parar em frente a uma casa abandonada, parou um pouco antes e se escondeu atrás de um muro.
Ela via todos sairem, mas nenhum deles tinha a tal caixa de vidro, e Poliana já havia sacado toda a ideia deles. Eles sabiam que provavelmente os Escorpiões Negros estavam a caminho, e que na mesma hora os atacariam, se tivessem com a caixa na mão, eles a perderiam, mas se não tivessem nunca que a encontrariam.
Desacelerou o tempo e foi com muito cuidado até o carro, que como ela já imaginava estava destrancado. E ela tinha um plano em mente, viu uma caixa de madeira jogada na rua, um pouco menor que a de vidro. E era ai que ela começava seu jogo, Poliana trocou as caixas, e ao ver oque estava dentro do vidro, mal pode acreditar. Era simplesmente um vaso com flores de um vermelho muito vivo. E em preso ao vaso, um colar de uma linda pedra verde. E por azar da garota, a curiosidade a dominou por completo, fazendo ela abrir a caixa de vidro e ficando de frente com as flores e o colar. As flores tinham o cheiro mais doce que a garota já havia sentido, e na mesma hora, sentiu algo diferente percorrendo por todo o seu corpo, uma sensação muito estranha da qual ela nunca havia sentido. Ao olhar para as flores, ela sentia aquela sensação, mas ao olhar para o colar, sentia um medo de uma forma muito bizarra, um sentimento de derrota a dominava.
E ao ouvir sons vindo de dentro da casa, ela rapidamente fez a troca e correu para sua moto. Poliana não iria atacar, apenas deixar que eles fossem, ela já tinha oque queria, mas não conseguia entender o motivo de um vaso de flor junto de um colar ter sido roubado.
Ao ver eles indo embora, ela logo deu um sorriso vitorioso
—Aiai, eles não perdem o costume de serem tão lerdos. — Poliana sorria de orelha a orelha, mesmo sem entender muito o porquê de ter tido aquilo
E agora ela tinha que devolver as flores. Então desacelerou o tempo e voltou até o museu. Ao chegar viu que tudo se encontrava na mesma. E entrou pela mesma fresta da qual os Mascarados sairam. Aquela sala estava muito escura, e ela logo conseguiu ver o lugar onde as flores deveriam estar, as colocou lá, mas ela teve uma ideia. Correu até uma bancada de uma secretaria que ficava lá perto e pegou papel e caneta, e assim deixou o seguinte recado

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