let's play pretend

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bloody valentine — machine gun kelly



.・゚゚・.chelsea .・゚゚・.

Tenho que pensar em Behati. Eu sempre tenho que pensar em Behati.

Percebi que o baixista da banda-sem-baterista, que estava desmontando o palco sozinho para os amigos curtirem a noite, está de pé ao meu lado, completamente desolado. Sequer disfarça o olhar sobre minha fantasia caótica e vermelha de Diabo.

Entendo essa cena.

Aliás, me identifico com a ideia de arrumar a bagunça que todo mundo deixa para trás.

O baixista não se veste tão mal, se eu fosse levar em consideração a qualidade da sua música. Não sei se ele está fantasiado, ou é o uniforme da banda, mas ele usa snapback, camisa branca, gravata e bermuda na reta dos joelhos. Meia ¾ e Converse todo preto.

Ele tem cara de que dirige um furgão, com um carburador vazando e que ainda pode estourar um pneu ou ficar sem gasolina no meio do túnel da Lincoln. Ele não parece muito responsável.

Volto a raciocinar:

Alguém tem que levar Behati para casa. Ela está bêbada demais para arriscarmos a pegar o ônibus. Groupie maldita. Ela fica agarrada ao vocalista de uma banda que tocou mais cedo, e o nome do cara duvidoso é Nate.

Se eu não estivesse aqui, Behati estaria em um nível avançado de pegação e certamente não voltaria para casa hoje. Eu poderia matá-la, caso não a amasse tanto.

Ela tem sorte dos meus pais gostarem dela tanto quanto eu; sua mãe e o padrasto estão passando o final de semana em Aspen e, no geral, não dão a mínima para o que ela faz, desde que não engravide ou não namore um cara com a renda familiar menor do que seis dígitos. Babacas.

Já minha família adora Behati. A linda Behati, do cabelo escuro feito nanquim, com lábios enormes de cereja e sua passagem pela prisão por delinquência juvenil. Eles não vão ligar se ela cambalear do meu quarto até a cozinha amanhã à tarde, toda despenteada e de ressaca. É ela, não eu, que atende às expectativas deles sobre ser a filha do diretor de uma gravadora multinacional que mora em Englewood Cliffs: doida de pedra.

Eu sou um tanto careta, responsável e a melhor aluna da turma. Decidi passar um ano num kibutz na África do Sul em vez de entrar para a Brown. Por que, Sea, Por quê? Meu ensaio para admissão à Brown era sobre como meu pai se apropriou de uma música do The Street e depois a arruinou para lucrar com The Main.

Meu pai sabe que é responsável por emplacar nas mais pedidas do rádio com seus hits insuportáveis, tendo orgulho de ter me doutrinado em todo tipo de música desde a infância e assim, agora, aos 18 anos de idade, eu posso arrasar como DJ quando quero, mas também assumo que sou uma esnobe quando o assunto é música.

Eles me deserdariam se soubessem que eu estava no Tric hoje à noite, comemorando o Halloween com Behati combinando as fantasias de Diabo e Anjo da Morte. É patético, mas, eu poderia estar comprando uma erva no Tompkins Square Park agora mesmo, a caminho de um bar sadomasô na Avenue D, e meus pais simplesmente aplaudiriam. Mas aqui, neste clube, é o único lugar em que sou proibida de ir, por causa de uma antiga confusão envolvendo um contrato que meu pai fechou com Love Benji, o dono da Tric.

𝘳𝘰𝘢𝘥 𝘵𝘰 𝘤𝘭𝘰𝘴𝘶𝘳𝘦 - 𝘤𝘵𝘩Onde histórias criam vida. Descubra agora