a fucking vegan kosher

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.・・.sea.・゚゚・.

Não estou triste exatamente pelo Parker, mas pelo tipo de garota em que ele me transformou. Agora, tendo a certeza de que ele concorre seriamente a ser a pior pessoa que eu conheço, noto tamanha ingenuidade minha em dispensar minha admissão na Brown para voltar pra África com ele.

O que é que eu estava pensando? Nós terminamos, pelo menos, cinco vezes nos últimos três anos. De algum modo, no fundo da minha mente, estava a ideia de que:

1) Parker e eu ajeitaríamos as coisas da próxima vez, e que melhor lugar do que uma comuna no fim do mundo?, ou 2) não íamos ajeitar as coisas mais uma vez, mas eu seria a melhor trabalhadora que o kibutz veria na vida. E, como bônus, Parker morreria de ciúmes quando eu me apaixonasse por um surfista lindo da Cidade do Cabo e o deixasse semeando hortas, enquanto eu fugia para andar pelo mundo de mochila nas costas com meu novo amor.

Só que isso jamais teria acontecido comigo. Como uma garota notoriamente inteligente se mete nessa confusão, à beira da idade adulta, sem nenhum futuro a que se agarrar?

Noites a fio, eu fantasiei a ideia de aparecer na África do Sul para surpreendê-lo, porque eu estava atormentada e fraca de saudade. No entanto, ele já estava bem aqui. Em Manhattan. Na Tric. Na janela do Yugo do meu falso-namorado. E tudo o que eu consegui expressar foi silêncio, paralisia, e um dedo do meio.

Por sorte, todas as minhas fantasias de reconciliação se foram. De repente, só do que eu conseguia lembrar era que eu nunca fui suficientemente boa pra ele. Parker não era um sujo mentiroso e traidor como ASUE, mas a quem eu estava enganando? Ele foi, como Behati gosta de pontuar, um controlador obsessivo. Então, lá estava eu, num Yugo caindo aos pedaços, ao lado do pobre coitado do ex-namorado da garota-cobra que por muito tempo foi minha amiga, quando finalmente tive meu momento de epifania. O momento de clareza que minha mãe, meu pai e Behati esperavam que eu tivesse desde os meus 15 anos: chega!

Parker e eu ficávamos melhor levando a vida separados, de qualquer forma.

Eu disse isso em voz alta? Estou tentando prestar atenção em Calum, mas não consigo evitar que as palavras de Parker na frente do clube se repitam constantemente em minha mente.

A Garota de Lata? Perdi minha virgindade e toda a minha juventude com ele, e é assim que Parker me vê? Como a porra de uma Garota de Lata? Vazia por dentro?

Eu sou patética. Ainda preciso me preocupar com a carta que eu o enviei em um momento de melancolia interna, com papel decorado e uma foto nossa do último Natal que passamos juntos. Eu poderia ter enviado um simples e-mail, mas estava eufórica demais por entrar na personagem da namorada perfeita.

Espero que Parker descubra que a Garota de Lata estava pronta para se comprometer. Eu não disse diretamente que queria voltar, mas deixei claro o bastante para que ele entendesse que eu estava disposta a pensar bem sobre o assunto.

Contei a ele que podia ser vegan. Podia ser a porra de vegan kosher! Me importar mais com política e causas sociais, me voluntariar num abrigo de pessoas em condição de rua e ser uma ativista.

Eu sou uma idiota. Isso é a coisa mais absurda que eu já cheguei a cogitar para a minha vida. Não mereço viver por um homem mediano.

Behati pode ser uma bêbada descontrolada, mas não é uma completa idiota como eu fui. Ela me implorou para que não mandasse essa carta, mas eu não dei ouvidos.

— Ele que devia mudar, aquele filho da puta metido a besta. Por que você está fazendo isso? Se você precisa de um protesto final de adolescência, não podia só acabar com o Jaguar do seu pai no Palisades Parkway ou coisa assim? Vai mesmo ressuscitar você e o Parker, o casal pesadelo, mais uma vez? E vai deixar a Brown de lado por isso? Sea, você sabe que vai conhecer outra cara, não sabe? Um que valha à pena!

𝘳𝘰𝘢𝘥 𝘵𝘰 𝘤𝘭𝘰𝘴𝘶𝘳𝘦 - 𝘤𝘵𝘩Onde histórias criam vida. Descubra agora