Demons

Capítulo 2 | Ivan

São Paulo, 10 de Dezembro de 2011

Quando o sinal tocou, me despedi dos caras, saindo daquela escola o mais rápido possível, Jade não podia me ver de jeito nenhum.

Entrei em meu carro, dirigindo direto para meu inferno pessoal. Não era fácil fazer esse percurso quase todos os dias, era dolorido.

Estacionei meu carro nos fundos de sua casa. Meu corpo começou a tremer por completo, meu coração parecia que ia pular da boca, minhas mãos não eram mais firmes. Eu nunca vou me acostumar com tudo isso.

*QUEBRA DE TEMPO*

Sete horas depois, eu saí daquela inferno.

O meu inferno.

No caminho de volta para casa, eu queria chorar, chorar até não aguentar mais, chorar de soluçar.

Queria desviar esse carro e taca-lo em um poste, ou entrar com ele em um rio e me matar lentamente, enquanto sinto meu pulmões se encherem de água.

Meu pé se afundou ainda mais no acelerador, eu podia ver como meu carro corria em relação a outros.

Eu só queria ir pra um lugar, eu só queria uma única coisa. Uma única coisa para que eu me sentisse vivo novamente.

Estacionei meu carro de qualquer jeito em frente a minha casa.

Andei apressadamente até o outro lado da rua, subindo em uma árvore até a janela, onde eu abri a mesma.

Quando já estava dentro do quarto, caminhei lentamente até a cama, vendo o quão linda era ela dormindo.

Fios do seu cabelo estavam em seu rosto, seus lábios em um perfeito biquinho, sua respiração calma. Aquilo era tudo que eu precisava.

Pousei minha mão em seu ombro, a balançando de leve, mas pra mim surpresa, ela acordou assustada.

Levei minha mão rapidamente a sua boca, com a outra mão, acendi o abajur ao lado dela.

- Calma, sou eu. - Seus olhos deixaram de estar arregalados, para agora estarem calmos e serenos. - Vou tirar minha mão, tá bom? - Ela apenas assentiu.

- O que está fazendo no meu quarto a essa hora? - Jade sentou na cama, batendo ao seu lado para que eu me sentasse também, e assim o fiz.

- Estou precisando de um ombro amigo.

- Eu posso te fazer um carinho, é tudo que tenho a oferecer.

Um lindo sorriso apareceu em seu rosto, eu tive vontade de beija-la, beija-la até que tirasse toda a dor que crescia a cada dia dentro de mim.

- Já é mais do que o suficiente.

Me deitei em seu colo, deixando que ela enfiasse seus dedos entre os fios do meu cabelo.

Jade era a única mulher que eu deixo que me toque desta forma.

A única que eu aceito qualquer tipo de afeto.

Jade era meu porto seguro, e minha perdição.

She is my angel.

Enquanto ela fazia carinho em meu cabelo, repassei tudo o que aconteceu essa noite.

Doeu.

Doeu como o inferno lembrar de tudo o que aconteceu.

Dói todos os dias.