Capítulo 3 | Ivan

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São Paulo, 11 de Dezembro de 2011

Na manhã seguinte, eu me levantei da cama depois de mais uma noite sem pregar os olhos.

Eu não conseguia dormir.

Era tão frustrante ter que passar a noite em claro, pensando e repensando tudo o que estava acontecendo.

Tomei coragem pra finalmente me levantar da cama e tentar ficar o mais apresentável que eu conseguisse.

Depois do meu banho tomado e minhas roupas vestidas, desci para a sala de jantar, o café já estava na mesa.

Emílio estava sentado na frente de nossa mãe, enquanto ela o bajulava, como sempre.

Quando olhar da minha mãe veio pra mim, eu pude ver decepção neles, mas isso não era novidade pra mim. Eu já até me acostumei!

- Vai mesmo com essa roupa para a escola? Por quê não consegue se vestir direito pelo menos uma vez na vida? - Minha mãe abriu a boca para reclamar, como sempre.

- É uma pena que não pedi sua opinião, mãe. - Disse ironicamente - E além do mais, você quer uma opinião minha também? Acho melhor ir fazer mais uma plástica nesse rosto, consigo ver uma ruga daqui.

Ela levou a mão ao seu peito, de forma ofendida.

- Não responda sua mãe, campeão. - Meu pai disse enquanto caminhava para a mesa. - E Mari, eu não acho que a roupa que o Ivan está usando seja inapropriada. Ele é apenas um adolescente, parece que se esquece disso. - Meu pai era o único naquela família que eu conseguia confiar pelo menos dois porcento, mas como nem tudo são flores, ele também tinha seus defeitos, e muitos por sinal.

- Mari? É melhor chama-la pelo nome, pai. Marisol. - Deixei uma risada sair dos meus lábios. Ela odiava aquele nome.

- Ivan, pare de irritar nossa mãe. - Emílio, o cara mais irritante da face da terra se dirigiu a mim.

- Não fale comigo, Emílio. Eu já avisei a você para não se dirigir a mim. - Emílio infelizmente tinha a mesma aparência que eu, mas não tinhamos a personalidade igual, não mesmo.

- Se não o que? Vai me bater? - Ele se levantou, se virando para mim. Eu estava prestes a ir até ele enfiar um soco em sua cara, mas nosso pai se levantou rapidamente, batendo na mesa.

- Chega, os dois! O que é isso, gente? Vocês não conseguem ficar juntos por cinco minutos que essa casa já vira um campo de guerra? - Ele variou seu olhar entre eu e Emílio. - Sentem!

Emílio fez exatamente o que meu pai mandou, como sempre.

- Não valeu, tô sem fome e com pressa. Ainda preciso passar na casa da Jade para buscá-la. - Caminhei até a mesa, pegando uma maçã. Seria aquele meu café da manhã.

- Você não deveria chegar nem perto da Jade, é um merda para ela. - E novamente aquele garoto irritante cujo a aparência se parece com a minha, se dirigiu a mim.

- Que pena que ela me escolheu, não é mesmo? Me escolheu desde que éramos pequenos, lembra? Quando você e eu queríamos brincar com ela de casinha e no final, ela sempre escolhia a mim. - Abri um sorriso vitorioso.

Nós sempre brigamos para ver quem seria mais próximo da Jade, e no fim, ela sempre me escolhia.

Não que Emílio não fosse bom para ela, ele era.

Mas ela preferia a mim, o que mais eu podia fazer?

- E aliás, vai se foder, Emílio. - Mostrei o dedo do meio pra ele, que retribuiu no mesmo instante.

Saí daquela casa o mais rápido possível, entrando em meu carro, que seguiu a direção direto para a casa da Jade.

Um minuto de paz, finalmente.

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