Prólogo

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Judy Henderson não era uma aluna exemplar, preferia mil vezes ocupar seu tempo jogando Call of Duty online enquanto lanchava uma latinha de refrigerante de uva e um pacote de cheetos sabor queijo.

Na hora das provas ela se dava bem, especialmente se a matéria fosse matemática, considerava-se especialmente boa com números e cálculos, o que odiava de verdade era a leitura. Judy não podia ver um livro em sua frente que já sentia uma enorme vontade de dormir, e não teve um dia, em todo ano letivo, que não cochilou ou passou bilhetes aleatórios na aula de história. Se o inteligente Mark não lhe passasse a cola na hora dos testes, chutaria "B" em todas as questões de múltipla escolha, e tentaria enrolar o professor nas questões abertas.

Suas estratégias de cola funcionaram até a 5° série, quando a coordenadora percebeu que suas respostas eram parecidas, senão idênticas, às de Mark, e os separou em lados opostos da sala. Judy até ficou preocupada durante os primeiros meses, mas viu-se muito ocupada com os novos lançamentos de Resident Evil para se incomodar. Certamente se esforçaria em dobro no último bimestre, ou na pior das hipóteses passaria na recuperação.

Assim, Judy foi reprovada pela primeira vez na 5° série, e os seus pais, decepcionados, a puniram através da forma mais covarde de tortura infantil: privaram ela do celular.

Foram meses de angústia e surtos, e a ficha de aceitação só caiu para o Sr. e Sra. Henderson quando viram a filha usar tênis maiores para estudar na mesma sala, enquanto o colegas avançaram rumo ao incrível e desejado propósito de "ser alguém na vida"

Foi um ano bem difícil para Judy, mas ela finalizou vários games, construiu tudo que queria no Minecraft, maratonou séries e conheceu novos amigos. Esforçou-se o mínimo, e no final do ano conquistou boas médias em geografia e filosofia. O problema era somente um: história

Judy mais uma vez ficou de recuperação na temida matéria, e a professora escolheu uma data para que prestasse a prova final, ajudando-a com o roteiro dos assuntos que devia estudar.

Aquele definitivamente era o fim da sua vida, sua mãe chorou e o pai se apressou em retirar todos os eletrônicos do seu quarto. Seria a vergonha da família, da cidade, do mundo tudo. A menina que repetiu de ano duas vezes, logo a filha de um engenheiro e de uma pedagoga, irmã de um enfermeiro.

Onde exatamente Judy tinha errado para ser fracassada, ela não sabia. Resolveu considerar que a escola, os professores e o sistema educacional do seu estado estavam terrivelmente errados, e ela certa. Ensinavam de forma retrógrada, obrigando crianças a sentarem-se por horas em uma cadeira dura, cercada de idiotas, em um ambiente inóspito e selvagem, enquanto um adulto desiludido e lotado de boletos falava ininterruptamente sobre gente morta e coisas que ela nunca usaria na vida.

Depois que o pai trancou na dispensa todos os eletrônicos dela e a mãe ligou desesperada para a vó lamentando-se da decepcionante filha, foi convocada para uma reunião na mesa de jantar, onde adultos fariam perguntas inconvenientes sobre sua motivação de vida na frente do cachorro. Judy se preparou para o pior.

Judy Através do Tempo | CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora