PRIMEIRO PEÇO DESCULPAS PELO SUMIÇO
estive numa correria nesse ultimo mês mas voltarei a postar com frequência!Aquele resto da semana se resumiu em dormir, chorar e beber. Cynthia não deu as caras e eu não fui até lá, apenas me tranquei no quarto e volta e meia Mimi aparecia com um prato de sopa que acabava esfriando no meu criado mudo.
Na sexta estava indo ao banheiro lavar o rosto quando Mimi me chamou lá em baixo.
Desci as escadas lentamente.
- O que foi? - Perguntei esfregando os olhos.
- Vem aqui - Previ que ela estava gritando da sala então fui até la.
- Pode falar - Me encostei no marco da porta.
- Isso veio pra você hoje de manhã - Apontou para um envelope na mesa de centro de tamanho normal, cor bege.
- Pra mim? - Sentei ao lado de Mimi e apanhei o mesmo.
- É - Falou lendo uma de suas correspondências com atenção.
Analisei o envelope procurando algum nome e nada, apenas o remetente que era desconhecido.
Levantei e subi até o quarto, fechei a porta atrás de mim e sentei na cama bagunçada.
Abri o envelope com cuidado e meus olhos se encontraram com uma folha branca que foi escrita com uma maquina de escrever.
Corri os olhos pelo papel até que no final li aquele nome que eu estava esperando a mais de 3 meses.
"Olá John!
Queria primeiro dizer que estou com muitas saudades e que você esta me fazendo muita falta. Estou em um convento que nos dá direito a escrever uma carta por mês para os responsáveis pra falar como estamos, por isso consegui mandar uma carta só agora.
Aqui está entediante e tenho que falar pra você que pelo menos uma hora do dia me tranco no quarto e choro um pouco, choro por estar sem meus pais, choro por estar sozinha e choro principalmente por você.
Tenho que te contar também que recebi um gravador quando ainda estava morando com minha tia, á alguns meses atrás. Procurei ouvi-la quando tia Isabel foi á fruteira. Na gravação você cantava uma musica nova, diferente e com sentimento, na carta que acompanhou me disse que era uma canção para mim, chorei muito enquanto você cantava e sorri por poder pelo menos assim ouvir sua voz.
Estou pensando em fugir daqui, sabe, mas estou com medo de dar algo errado.
Mas enfim, quero que saiba que eu estou bem sim e que as coisas vão melhorar. Espero que esteja tudo bem com você, que não esteja triste e esteja aproveitando.
John, não quero ver você triste, nunca!
Não vejo a hora de te beijar e te abraçar novamente!
Te amo muito!
Com carinho, Anna."
Abracei a carta com força de olhos fechados.
- Eu te amo tanto!POV Anna
Esse lugar está me enlouquecendo, dormir a noite é um dos meus maiores desafios, ter que comer sopa todo santo dia é algo realmente enjoativo e ainda ter que varrer o imenso pátio com apenas mais três pessoas me ajudando está se tornando cada vez mais desgastante.
Amigos? Eu não sei mais o que é isso, faz tanto tempo que eu não paro para conversar com alguém. Aqui eu só rezo e recebo ordens, é algo realmente cansativo.
Passar por um choque absurdo de perder meus pais tão repentinamente e depois ter que ir embora e deixar o garoto que eu mais amei pra trás era algo mais do que doloroso.
Só espero que a carta tenha sido entregue. Tentei mostrar o possível que estava tudo bem comigo e que não estou mal, espero que tenha dado certo.
Mas para falar a verdade eu estou completamente mal, tanto sentimentalmente quanto fisicamente. Chorar a noite se tornou um de meus "passatempos" enquanto olho as estrelas. Sem falar dos inúmeros enjoos, trocas de humores repentinos, isso nunca tinha acontecido comigo.Espera.
Eu não posso estar...
Não!
- Anna? - Uma freira abriu a porta me dando um susto imenso.
- Sim? - Levantei da cama me recuperando.
- Está na hora da missa, vamos! - Ela ordenou.
- Já estou indo.
- Agora! Ou vai se atrasar!
- Ok - Revirei os olhos e caminhei até a porta a caminho da capela.
~
Á noite era um silêncio ensurdecedor dentro do quarto, era apenas eu e meus pensamentos bagunçados.
Estava deitada encarando o teto pensando em tantas coisas.
Por quê eles se foram sem ao menos eu poder me despedir? Por que eu tive que abandona-lo naquela estação de trem sem prévia de voltar? Por quê a vida fez isso comigo?
Eram tantos "Por quê"s que me cercavam. Eu queria ser livre, simplesmente livre, livre ao lado de John, apenas eu e ele, ele e eu. Mas eu estava presa e á quilômetros e quilômetros de distância da única pessoa que poderia me fazer bem, eu precisava fazer algo, eu precisava sair dessa gaiola e eu vou sair!
Foi mais uma noite que eu não preguei o olho, mas dessa vez foi planejando algo, algo que se desse certo eu poderia respirar a liberdade novamente.
~
Eram dez horas quando saí da missa acompanhada de outras freiras que estavam ao meu lado provavelmente falando da vida de alguém.
-
Naquela tarde estava varrendo o pátio observando cada centímetro dele até achar uma mureta isolada da minha altura que dava acesso a uma casa vizinha que parecia velha e abandonada, muito semelhante a de filmes de terror. Observei-a por mais um tempo, planejando como escalaria e cairia sobre aquela grama alta que a cercava, e pularia a pequena cerca da frente. Planejei tudo enquanto terminava de varrer.
Uma das minhas sortes era saber que o convento era muito perto do centro, o que facilitaria um pouco.
Terminei de varrer o pátio quando já era quase noite então quando terminei jantei rapidamente e fui para o quarto.
Nessa noite não teria missa porque o padre teria compromisso em outra igreja, o que só facilitava mais as coisas.
Fiquei deitada lá até ver todas as luzes apagarem e o silêncio pairar sobre o convento todo.
Botei a cabeça para fora do quarto vendo o corredor vazio e observando um cuidador caminhar de lanterna para o fim do corredor.
Fechei a porta em silêncio e fui até o armário de edredões e lençóis.
Era a hora.
Juntei alguns fazendo um nó para juntar cada um até formar uma espécie de escada de pano. Peguei minha velha mochila e juntei meus poucos pertences e deixando apenas as túnicas que minha tia havia comprado pra mim e pegando um lampião elétrico que havia em todos os quartos acaso de faltar luz.
Abri a janela do terceiro andar com cautela olhando para baixo, para me certificar que não havia ninguém circulando por ali e soltei a "escada" de lençóis e amarrei a ponta que ficou no quarto no pé da cama. Botei a mochila nas costas e desci com um pouco dificuldade, parecia cena de filme.
Quando finalmente cheguei lá embaixo corri na ponta dos pés a caminho da mureta ao lado e escalei, caindo do outro lado e acendendo o lampião tentando enxergar algo. Corri de novo até pular a cerca.
Me senti livre novamente.
Agora, SÓ preciso saber como voltar pra casa.
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She's Leaving Home ~ John Lennon
RomanceMe chamo Anna, tenho 16 anos. Minha cabeça estava uma bagunça a tanto tempo, então decidi fugir de casa em busca de liberdade. Na minha jornada acabei conhecendo algumas pessoas e entre elas estava John Lennon, um homem engraçado, inteligente e muit...