She's Leaving Home ~ John Lennon

Oh, Girl

- Quê? E-eu n-não sei eu... - Rapidamente senti minhas bochechas esquentarem.

- Calma! - Gargalhou ao ver meu nervosismo - É que eu tive uma ideia.

- Q-que ideia John Lennon? - Perguntei nervosa e ao mesmo tempo irritada por ele ter rido de mim.

- Vem aqui - Pediu batendo ao seu lado na cama e eu o fiz.

- O que foi?

- Vamos simular uma transa - Ele falava como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Do que você está falando, John? Você bebeu muito, não é? - Perguntei assustada com essa ideia maluca.

- Não Anna! É serio, vem comigo - Levantou rapidamente me puxando pelo braço até a porta.

- Ta bom, e agora?

- Senta aqui do meu lado - Disse sentando no chão e encostando as costas na porta e eu o fiz.

- Quando sentirmos que Margô vai chegar, você bate com as costas na porta e faça sons, tipo hmmm hmmm - eu sinceramente tentei segurar o riso mas foi quase impossível - Ou sei lá como vocês mulheres gemem, eu nunca reparo nisso, ou reparo... Enfim! Eu vou suspirar e fazer o mesmo que você, ok?

- Isso vai dar certo? - Perguntei não muito confiante e com uma imensa vontade de rir.

- Confia em mim - Ele me olhou como quem garantisse que tudo ia dar certo me dando um certo conforto.

Silêncio no cômodo e vagos passos começaram a se ouvir do outro lado da porta.

- Agora! - Sussurrou John o mais baixo possível e em seguida começou a suspirar freneticamente e bater na porta com as costas, era realmente engraçado.

- Hmmmm hmmm - Eu não sabia o que estava fazendo mas era muito engraçado.

Ficamos um longo tempo fazendo isso e eu segurando meu riso até que ele deu o suspiro final dizendo um "estou chegando, Anna!" e se apoiou na porta.

E de certa forma, ver aquilo foi... excitante, ele estava sendo muito realista, até que lentamente se ouvia passos vagos se afastando pelo carpete nos dando um alívio imenso e me fazendo rir freneticamente.

- Do que você ta rindo hein, é da minha boa atuação? - Falou com uma mão no peito como se sentisse ofendido.

- Ah, Claro! - Ri novamente - Vem, vamos sair daqui - O puxei pela mão.

- Você está me levando pra cama, dona Anna, Que safadeza é essa? - Falou fingindo estar assustado e me fazendo corar violentamente. Por que ele faz essas coisas?!

- P-para John - Ri timidamente olhando para o chão.

- "Para John" - Falou imitando minha voz de uma maneira ridícula.

- Você é um idiota! - Disse e em seguida me atirei na cama.

- Sim, eu sou um idiota, mas sou um idiota legal, ta bom? - Falou deitando-se ao meu lado.

Novamente o silencio tomou conta do lugar.

- Como você entrou aqui? - Tentei novamente um assunto para quebrar o gelo e também por que eu realmente queria saber.

- Como assim? - Me olhou com o cenho franzido, aquela carinha dele, Deus, como era  atraente...

Foco, Anna!

- Para pôr o bilhetinho aqui?

- Bilhetinho? Eu não sei do que você está falando, não - Outro que não sabia mentir.

- Seu nome constava no bilhete...

- Há muitos Johns em Liverpool, sabia?

- John, não há outra pessoa no mundo com uma letra tão ilegível como a sua.

- Olha lá como você fala da minha letra! - Sentou na cama me encarando de maneira zangada, mas eu sabia que ele queria rir.

- Veja só, se entregou sozinho - Falei em um tom vencedor.

Ele silenciou e voltou a deitar.

Silêncio no quarto.

- Você deveria usar mais vestidos - Falou olhando para o teto.

- E você deveria aprender a invadir o quarto das pessoas sem deixar rastros - Falei rindo nasalmente e ele também.

- Eu vou treinar mais - Lentamente seus olhos se fecharam.

- Boa noite, John - Passei minha mão sobre sua bochecha e a beijei logo após.

Não obtive resposta, mas não foi preciso, só pelo fato de estar ali ao lado dele, podendo olhá-lo e notar cada traço do seu rosto eu já estava feliz, o observei mais um tempo, olhei para porta e ri. Lembrando do ocorrido e peguei no sono.