Capítulo 34

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   Romulus percorreria o corredor de mármore do edifício do Conselho,
traçando o seu caminho em direção às grandes portas da câmara do Grande
Conselho. Seus passos ecoavam enquanto ele caminhava sozinho, passando por uma fileira de soldados do Império, os quais permaneciam silenciosamente em posição de sentido. O Grande Conselho o havia convocado e ele sabia que dessa vez seria deposto, perderia todos os seus títulos e patentes, seria interrogado sobre
suas atividades e julgado por traição. Romulus tinha espiões por toda parte e ele já sabia o que cada um deles iria dizer. Aquele era momento em que o Conselho iria prendê-lo de uma vez por todas e selar o poder de Andronicus.

   No entanto, Romulus tinha outros planos. Agora que ele tinha o manto de veludo nas mãos, ele logo partiria do Império, atravessaria o grande mar,
entraria no Anel, destruiria o escudo e deporia Andronicus de uma vez por todas. Porém antes de embarcar em sua jornada final para tornar-se o maior
governante do Império, ele tinha de resolver um último assunto. O Conselho. Ele era uma eterna pedra em seu sapato. Romulus teria vindo procurá-lo por iniciativa própria, para resolver os assuntos pendentes, mas seus membros o haviam convocado primeiro. Romulus tinha seus próprios assuntos para discutir e ele não achava que o Conselho fosse ficar muito satisfeito.

   Romulus ingressou pelas portas abertas, vários soldados as abriram com deferência e curvaram a cabeça enquanto abriam-lhe o caminho. Romulus marchou direto para a câmara.

   Havia ali, duas dezenas de conselheiros, os quais representavam todas as províncias do Império. Todos aqueles rostos insatisfeitos o fitavam com desgosto e desprezo.

   A porta fechou-se com um estrondo detrás de Romulus.

   “Você pode permanecer onde está, porque não ficará aqui por muito tempo.” Disse um deles assim que Romulus entrou na sala.

   Romulus se deteve e olhou para o homem. Ele fez um esforço para se conter.

   “Chegou até nós a notícia de que você impediu o envio de reforços para o
grande Andronicus. Nós não estamos interessados em sua explicação. Em nome do Grande Conselho do Império e por este meio você será julgado e condenado por traição. Você será preso e executado amanhã. Você vai ser pendurado na árvore mais alta, para servir de exemplo para todos os futuros traidores.”

   Romulus respirou fundo já esperando por isso.

   Então ele sorriu largamente e deu um passo à frente com atitude desafiante.

   “Estou feliz em saber que vocês têm planos para mim.” Disse Romulus...
“Porque eu também tenho planos para vocês.”

   “Nós não temos nenhum interesse em seus planos.” Disse outro conselheiro.
“Você tem sorte de que o próprio Grande Andronicus não esteja aqui paratorturá-lo lentamente. Nós teremos misericórdia e vamos executá-lo
rapidamente.”

   “Guardas, arrestem-no!” Exclamou outro conselheiro.

   Ele ficou parado esperando e nada aconteceu. Todos os conselheiros idosos se olhavam perplexos.

   Então o sorriso de Romulus se alargou.

   “GUARDAS!” Exclamavam os membros do Conselho.
Romulus sorriu de orelha a orelha e deu mais um passo à frente.

   “Já não há mais um Grande Andronicus. Agora, é a vez do Grande
Romulus.”

   Quando Romulus assentiu com sua cabeça, surgiram repentinamente das
sombras, de todos os cantos da sala, duas dezenas dos seus melhores assassinos. Eles correram para a frente em silêncio, erguendo suas espadas curtas.

   Os conselheiros mal tiveram tempo para reagir, eles enfrentaram a morte
cara a cara. Os homens de Romulus desceram como uma praga súbita,
apunhalando e matando a golpes cada um dos membros do Conselho. Os gritos encheram a sala, eram os gritos patéticos daqueles velhos patéticos que caíam sobre a mesma mesa onde haviam tentado julgar Romulus.

   Romulus ficou ali, desfrutando a vista com as mãos estiradas, absorvendo a
situação como se respirasse ar fresco.

   Quando seus homens terminaram, todos eles bateram continência e ficaram aguardando suas ordens.

   Era uma bela vista. Não havia mais ninguém para se opor a ele no Império
agora. Ele respirou fundo, sentindo seu poder aumentar. Por fim, não havia mais obstáculos.

   Restava apenas um homem em seu caminho e ele logo encontraria a fúria do Grande Romulus. Logo ele iria entrar no Anel e em breve, tudo seria seu.

Um Rito de EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora