(02) suas músicas.

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changbin estava deitado, em mais uma noite de insônia e saudade. encarava o teto e mesmo após uma semana da morte de christopher, sentia-se vazio. ainda era audível a risada do mais velho, ainda lembrava de seu semblante sorridente. de estar em seus braços, aquilo era doloroso. abraçou seu travesseiro escondendo seu rosto no mesmo, mais uma vez abafando seu choro.

- por que você fez isso? doeu! - bangchan dizia entre risadas altas, empurrando chang com seus pés. - veja derrubou os doces, quem vai limpar isso?

- você é claro.

- pedra, papel ou tesoura? - sugeriu o mais velho.

- pedra, papel ou tesoura! o que? você ganhou? - surpreendeu-se com a brincadeira. - sempre sobra para mim, não é?

- você quem derrubou. nem foi bastante, binnie. vamos, eu te ajudo.

- mas eu perdi. fica ali sentado. - apontou para o sofá que havia próximo de bang.

- não, 'tá tudo bem, quero ajudar por prazer. - bang juntou-se ao baixinho para ajudá-lo a limpar aquela sujeira, num instante em que percebera a distração de seu amigo, o empurrou, sentindo-se feliz por ter retribuído o que o mesmo havia feito pouco mais cedo.

- qual é? eu só posso ter feito algo para o diabo me castigar assim.

- bom, se minha companhia é um castigo, vejo que você adora estar num. - sorriu sapeca.

- você é insuportável, eu gosto de você, mas as vezes gostaria de te comer na porrada. - franziu o cenho, desfazendo assim que ouviu a doce risada de chan.

- ah, me dá um beijo..

- o que?!

o famoso pânico instalou-se em changbin. seus olhos surpresos fixavam em bangchan, com um semblante sugestivo, e um sorriso admirável. era doce vê-lo daquele jeito tão sorridente, apesar das "irritações". changbin poderia ser aparentemente sério, frio e estressado na maioria do tempo, mas sua personalidade dócil jamais podia se esconder de bangchan.

- é brincadeira.

- é, eu sei. - riu soprado, demonstrando nervosismo.

- mas se você quiser.. - bang sentou-se de volta no sofá, escondendo seu rosto na almofada que havia ali.

changbin, de olhos fechados, cobertos pelo travesseiro abafado, lembrou daquele dia tão especial, no qual abraçou bangchan como nunca havia o abraçado. havia algo diferente. lembrou-se de quando ele saiu correndo em pânico, por sua casa para que chan não o beijasse. - no final das contas, changbin não fugiu daquilo, ele não tinha saída. -silenciosamente voltou a fitar o teto por alguns poucos segundos. levantou-se e seguiu até sua sala, onde havia um moletom de chan, esquecido na última vez em que foi em sua casa. vestiu-o e sentiu o perfume do mais velho na vestimenta, de matizes amarelas, de acordo com sua personalidade tão radiante.

ao aproximar sua cabeça no encosto do sofá, sentiu algo diferente no lugar. que ao puxar deu-se de frente com sua jaqueta, um pouco ensanguentada após ir à casa de bangchan. estava lá fazia uma semana, changbin não saía, não ia ao trabalho, não comia. seu ânimo estava horrível, e nada o animava naquele momento. pôs suas mãos nos bolsos da jaqueta checando ingenuamente, e segurou o papel no qua não lembrava mais. viu o envelope laranja diante de seus olhos, seu nome escrito com aquela letra tão bonita. era realmente linda, havia um pequeno coração ao lado de seu nome, e uma minúscula carinha triste.

leu a carta breve, despedindo-se de si. e ao ler as palavras dolorosas do mais velho, mais uma vez se encontrava chorando sem controle. tinha medo de ir embora para vê-lo naquele momento, e entristecer mais pessoas. porém vê-lo era sua maior vontade. vê-lo seria o suficiente para que pudesse pegar no sono novamente. changbin nunca foi visto desta maneira, recusou todos os pedidos de visita, desativou redes sociais, e aquilo o sufocava cada vez mais.

antes de sair da casa dos bang, avistou o celular do mais velho, não queria invadir sua privacidade, apenas ficar com aquilo como lembrança para o dar forças.

por incrível que pareça, bang confiava muito em changbin, e desde o início dizia que se algo acontecesse, sua senha seria de changbin. dizia que changbin tinha total confiança para tocar seu celular. e assim que o desbloqueou, deu de cara com a última foto que havia tirado com chan. aquilo aprofundou a adaga em seu peito, fazendo ficar apertado. era tão doloroso para ele. mal imaginava a situação de seus irmãos, de seus pais..

changbin ouviu a playlist que chan o fez há um tempo, que escondeu do mesmo, e apenas agora soube da existência da tal.

a verdade para ele era que tudo lembrava christopher, roupas, desenhos, mensagens, cores, músicas. era tudo dele, até mesmo ele. poderia fazer de tudo para tê-lo novamente, e se perguntava, por que ele teve que ir?

o baixinho desdenhou aos prantos, e aquele sofrimento o afundava cada vez mais. o lembrava de que tudo se tornou assim por culpa de hyunjin. perdeu seu maior amor por culpa de um babaca, e isso o entristecia, o subia sensação de culpa pelo ocorrido.

mais uma vez, ele só gostaria de dizer que o ama, se arrependia tanto de ter escondido isto.

o silêncio fará lembrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora