(04) sonhos.

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por mais inacreditável que pudesse parecer, christopher enxergou bem o que se passava dentro de cada um que deixou para trás. sua alma dócil e pura, infelizmente ferida, ainda permanecia ali acompanhando os passos de cada um em sua casa, a união permanecia a mesma, e era isto que fazia da família forte o bastante para acolherem uns aos outros em meio a um momento como aquele.

ao ver changbin, se partiu em mil pedaços. por mais que changbin não pudesse ver, esteve sentado ao seu lado durante as horas de saudade e dor. o abraçando durante os momentos em que chorou até dormir, mesmo que não pudesse sentir. christopher segurou sua mão e beijou sua testa após velo fechar os olhos ás cinco da manhã após uma noite chorosa. aquilo deveria estar tão cansativo para changbin, e nem podia se culpar.

seu coração, tão puro, também não conseguia jogar culpa em hyunjin.

o qual christopher vem visto causando algumas vezes. não era assim que ele agia no início, porque as relações são assim em grande parte. ele era carinhoso, lhes comprava flores e chocolates, até descobrir sua presença com outras pessoas. com um de seus amigos, o que o magoou profundamente. que surpreendentemente, descobriu simplesmente numa noite chuvosa onde se encontrava changbin vendo seu filme favorito, abraçando um travesseiro que continha uma de suas blusas como fronha, apenas ali ele soube o quanto changbin o ama.

o ama tanto, que preferia ter dado sua vida para que não tivesse que ir embora. sussurrava choroso o quanto o ama, e quão importante ele é. sentia tanto sua falta, que christopher enfim caiu aos prantos vendo cena tão dolorida. gritava seu nome e pedia perdão, embora não tivesse culpa. segurava seu rosto, mas changbin não podia sentir seu toque. suas bochechas estavam banhadas em lágrimas, e christopher simplesmente se sentia péssimo em vê-lo sofrer daquela maneira.

pouco mais tarde, changbin já se encontrava dormindo ás quatro da manhã. parecia ter virado rotina, seo sempre dormia ás quatro ou cinco da manhã, após seus olhos estarem extremamente inchados, e ardentes após tanto tempo chorando. aquela ferida parecia nunca fechar. havia tido um dos melhores sonhos desde os últimos meses, até que o pesadelo encontrasse uma pequena brecha de entrar naquele lugar.

seo changbin havia acabado de chegar de sua faculdade, por volta das cinco da tarde. arremessou sua bolsa ao sofá e andou até a cozinha onde buscou comida. mais do que o normal. sentou-se em seu sofá e ligou a televisão, em busca de um programa interessante. em instantes, sua campainha tocou e seu estresse logo foi ao topo.

- quem seria o babaca que viria até minha casa agora? eu acabei de chegar - resmungava baixinho, calçando suas pantufas rosas e seguindo até a porta. a campainha tocava em ansiedade, sem sequer dar uma pausa, seo logo tratou de gritar: - calma, babaca, já 'tô indo. - ao abrir surpreendeu-se e sua postura logo estava diferente, estava um caos mentalmente, ao ver christopher em frente à sua porta, onde acabava de xingar a suposta pessoa.

- oi binnie. como você está baixinho? - o abraçou sútil, pedindo permissão para entrar, em seguida. changbin nem sequer deixou que ele pedisse, abriu espaço e o mais velho adentrou, enfim.

- estou legal. e você? - fechou a porta seguindo os passos do mais velho com o olhar, que sentou-se em seu sofá e roubou um dos pequenos pacotinhos de doces que haviam próximos.

- mais ou menos.

- o que aconteceu? - questionou apoquentado, mas não deixou visível para o outro. apenas sentou-se ao seu lado, ajustando seus pés no sofá.

- eu fui á casa do meu namorado ontem, e ele nem sequer me ouvia. após os pais dele saírem ele até que reparou um pouco em mim. eu o chamei de changbin, mas não foi intencionalmente, eu confundi. ele ficou bravo e xingou muito você, discutimos sobre isso, e ele quer que eu me afaste de você. - resumiu, baixando a cabeça e comendo uma das balinhas de ursos coloridos que haviam no saquinho de tema pimpão.

- ah, então você quer arruinar a nossa relação? nossa amizade? - as palavras de seo mal saíam de sua boca, era como levar uma facada. embora aquilo doesse menos.

- jamais. não te deixaria para trás mesmo que me pagassem doze milhões em dinheiro. - fixou seu olhar no baixinho que até mesmo parecia deprimido com aquela notícia. - ei, bobão, não fica assim. vou acabar chorando ao teu lado, aqui. - deitou sua cabeça no ombro do outro, que acariciou durante dez segundos. tristonho enquanto fitava o chão.

- ele é perverso, chris, se caso ele descubra isso, quem sabe o que ele pode fazer contigo? - balançava seus pés cobertos pelas meias, era fofo.

- o problema será o que ele pode fazer com você, baixinho. e olha.. - em um momento inesperado, changbin o interrompeu.

- você gosta dele?

- sim. eu acho que sim. - agora, os garotos se olhavam silenciosos, era um momento meio trágico e preocupante, para os dois. - ah, me conte sobre aquela pessoa que você disse que estava apaixonado. - bang sorriu gentilmente socando de leve o ombro de seo.

- não. ele já tem outra pessoa. - agarrou mais saquinhos de doces, tentando disfarçar sua cabeça bagunçada naquele momento. - me conta você, sobre o hyunjin.

- ele era mais fofo no início, agora nem tanto. tenho medo que isso afete nossa relação, porque ele é super simpático comigo. o apresentei aos meus pais. - changbin o olhou firme e prendeu suas lágrimas, levantou-se e seguiu até a cozinha, tapando seu rosto diante das mãos e baixando a cabeça. - baixinho? você está bem? ei. - o abraçou por trás, falando baixinho com o mesmo, estava bem preocupado.

- me desculpa, christopher, eu não posso ajudar você com o hyunjin. você acha que é melhor que não tenhamos mais contato? sua relação é muito importante para você, eu sei disso. - virou-se de frente ao mesmo, com um olhar um pouco choroso.

- é pela sua preocupação comigo que eu não consigo te deixar para trás, eu vejo o quanto você se esforça para estar me fazendo bem, binnie. não se preocupe com isso, ele não irá machucar você, eu não permitirei. eu gosto de você, binnie. não chore mais, não gosto de te ver chorar, tudo bem baixinho? - puxou changbin para mais um abraço, apoiando sua cabeça em seu ombro, e acariciando seus fios de forma carinhosa. depositou um minúsculo beijinho no topo de sua cabeça e acariciando um ponto de suas costas.

[...]

sua pele estava suada, seus fios estavam grudados em sua testa e logo levantou-se sem ar, respirando fundo em busca de recuperá-lo. changbin se encontrava sentado em sua cama, por volta das seis e quinze, passou sua mão em seu rosto e levantou-se para beber um copo de água. seu pijama estava encharcado. deixou que o líquido passasse por sua garganta, dando uma leve umidade, pondo o copo em sua mesa, em seguida.

- você ainda gosta de mim? é diferente agora? - sussurrou deprimido.

- eu ainda gosto de você, baixinho. gostaria que eu estivesse aí para te dar alguns minúsculos beijinhos em seu cabelo. me perdoe.

era inacreditável.

o silêncio fará lembrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora