PARADOX

6.

— Acha que foi bem na prova? — Ouviu Minnie dizer enquanto andavam em direção ao refeitório, mas se quer prestou atenção. Seus pensamentos estavam distantes demais durante essas duas semanas sem ver Shuhua e ir a Neverland.

—Uhum.

  Gostaria de mentir e dizer para si mesma que não estava com saudades da garota do campo, porém aquilo seria a maior mentira do mundo. Por incrível que pareça Shuhua conseguia lhe trazer um sentimento tranquilo e acolhedor dentro do peito de Soojin, fazia com que ela esquece-se seus problemas e finalmente se sentir em paz mesmo a garota não ficando quieta por um minuto.

  Olhou para a sua pulseira e suspirou levemente. Seria bizarro dizer que desde que a Shuhua apareceu em sua vida muita coisa mudou em questão de dias, isso com certeza era algum tipo de magia em sua perspectiva. Até mesmo o seu relacionamento com seu pai havia mudado, diga-se de passagem ele estava mais tranquilo e sorridente. Talvez Shuhua fosse como um amuleto da sorte? Ou era algum demônio, bruxa maligna tentando fazer acreditar em uma realidade que se quer existia?

— Está me ouvindo? — Minnie estralou os seus dedos na frente da garota que ao menos piscava.

— O que estava dizendo?

— Se você quer ir para a minha casa junto com a Miyeon. — Respondeu desconfiada. Foi aí que Soojin percebeu que já se encontrava fora da escola e que as aulas já haviam acabado. Ficou tão presa em seus próprios pensamentos que nem ao menos prestou atenção no mundo a sua volta.

— Você e a Miyeon. — Fez uma careta vendo a menina assentir. — Não quero ficar de vela, além do mais vou estar ocupada está tarde.

— A é? Fazendo o que? — Sorriu travessa. — Saindo com a tal garota YS? Sabia que um dia você iria se apaixonar Soojin.

— Cale a boca Nicha! As chances de eu me apaixonar são quase mínimas, além de que você nem sabe se é uma garota. — Decidiu começar a andar até o ponto de ônibus mais próximo com a tailandesa ao seu lado.

— Você está apaixonada sim, até mesmo deu seu moletom favorito para ela. — Sorria provocativa. Sabia muito bem que a coreana odiava esse tipo de provocação onde insinuava que ela tinha ou sentia algo por alguém.

— Era so um moletom. — Deu os ombros não ligando para as provocações da sua amiga.

— Isso é mentira, você nem deixava eu tocar nele pois foi você e sua mãe que pintaram a estampa do moletom.

— Que seja. — Revirou os olhos arrumando sua bolsa para entrar no ônibus. — Até amanhã Nicha.

   Uma coisa que Soojin sempre apreciou foi a gastronomia, ela amava passar a tarde cozinhando alguma coisa junto com sua mãe, entre conversas alheias e risadas. Sempre foi algo que ela gostou de fazer, mas depois com a ida da sua, as coisas se tornaram um pouco difíceis. Não gostava de ficar muito em casa mesmo sendo sua única opção nas sextas feiras, na maioria das vezes passava suas tardes durante a semana na escola ou na casa de Minnie.

— E lá vamos nos. — Suspirou e terminou de amarrar o avental para poder começar a cozinhar. Colocou uma música qualquer para não ficar deprimida enquanto mexias nos temperos feito pela sua própria mãe. 

  Tinha conversando com a Minnie durante a manhã, estava disposta a parar de usar cigarro, sabia que faziam mal e seus pulmões iriam parar no ralo se começasse a tornar aquilo um vício.

  Então a tailandesa teve a brilhante ideia de tentar fazer sua amiga a voltar a cozinhar, visto que era algo que a deixava mais relaxada e calma. Claro que de começo Soojin negou, não queria entrar na cozinha de sua casa tão cedo, principalmente tendo seu pai em casa, porém Minnie conseguiu a fazer mudar de ideia pois aquilo com certeza era melhor do que fumar aquele câncer puro enrolado em papel para conseguir ficar mais calma em seus momentos de crise.