PARADOX

7.

Ab imo pectore

Uma frase estranhamente familiar para Soojin.

Havia pesquisado sobre o significado e de onde ela veio, porém não a ajudou muito. Apenas a deixou mais confusa com todos aqueles acontecimentos recente.

Com suas pesquisas descobriu que essa frase veio do latim, tinha alguns significados dependendo do contexto. Era usado no sentido de quando você gostava de algo ou alguém do fundo do seu coração, alma ou peito.

— Aqui. — Minnie entregou o chá gelado para a garota que tinha um livro em mãos. No momento se encontrava embaixo de uma árvore na frente da escola, as aulas já haviam acabado porém nenhuma das garotas estavam com vontade de voltar para suas casas. — Se sente melhor? — Perguntou com cautela.

Após o acontecimento com Shuhua, Soojin ainda se sentia um pouco mal por ficar sozinha, então chamou Minnie para sua casa e explicou que tinha tido outra crise depois de tanto tempo. Claro que omitiu a fato da garota do campo ter a ajudado, até por que não saberia como Nicha poderia reagir.

— Estou, não precisa se preocupar, isso não vai voltar a acontecer. — Sorriu tentando mostrar a sua amiga que estava tudo bem, mas a única coisa que conseguiu ganhar dela foi um longo suspiro.

— Soojin, você não precisa fingir que está bem toda hora. Sabe é normal se sentir assim depois de tudo que aconteceu com voc..

— Por favor não de uma psicóloga agora. — Suspirou vendo a figura animada da garota do terceiro ano se aproximando de Soojin e Minnie. — Sabe que eu não gosto quando toca nesse assunto..

— Olá garotas. — Se sentou ao lado de Minnie. — Vai ter uma noite das meninas no apartamento da minha prima hoje a noite, querem ir?

— Não sei.. — Minnie olhou para Soojin que apenas suspirou revirando os olhos.

— Pode ser. — Deu os ombros encostando sua cabeça na árvore atrás de si.

— Ótimo. — Disse a mais velha pegando na mão da tailandesa. — Me ajuda a pegar uma caixa que está no quarto de zelador?

— Claro. — Se levantou e olhou para sua amiga que tinha a cabeça encostada na árvore e estava de olhos fechados. — Soo a gente já volta, vou ir embora com você hoje, então me espere aqui por favor. — A viu apenas concordar ainda de olhos fechados.

O dia estava ensolarado, tinha bastante nuvens no céu. A brisa fresca batia contra o rosto de Soojin fazendo com que seus cabelos vermelhos voassem.

   Inconscientemente acabou por se lembrar de Shuhua. Essa garota era um mistério total, e por incrível que parece lhe trazia um sentimento familiar no peito.

  Shuhua parecia um livro aberto, sempre mostrando suas reações espontâneas e sentimentos com muita facilidade, porém ao mesmo tempo que passava essa imagem era como se tivesse algo por trás. Como se ela soubesse de coisas da vida de Soojin de uma forma estranha, mesmo não tendo contato com esse mundo.

  E tinha Neverland também, esse lugar era outro mistério. Havia pesquisado tanto sobre ele, e mesmo assim não encontrou nada relacionado, nem mesmo alguém que tivesse tido a mesma experiência que Soojin teve. A única coisa que encontrou relacionado a esse nome era um grande hospital infantil chamado Neverland que ficava em Taiwan.

   Até tentou relacionar esse lugar com a história de Petter Pan, mas não fazia sentido, certo? De acordou com seus conhecimentos sobre o enredo da história o lugar não tinha nada familiar com Neverland da história de Petter. Lá era basicamente montanhas pequenas com um gramado alto e algumas flores, não existia Tinker Bell, sereia e muito menos piratas. Era apenas um lugar pacato cheio de grama e flores estranhas.

  Pensou também sobre o livro do Pequeno Príncipe, que talvez fizesse mais sentido do que a historia de Petter Pan. Já tinha lido esse livro a algum tempo atrás, porém se quer lembrava-se da história, então por isso agora estava a lendo de novo. Para ver se encontrava algo.

   Talvez fizesse sentido, por incrível que parece o pouco que leu sobre o personagem principal a lembrava muito Shuhua. O jeito ingênuo e curioso a era muito semelhante a da garota do campo.

— Yuqi! Me espere. — Ouviu alguém gritar fazendo abrir seus olhos novamente.

   Observou uma garota um pouco mais baixa que si andar rápido em direção a cafeteria ao lado da escola, e logo atrás uma mulher ou criança loira correndo atrás.

— Yuqi.. — Repetiu estranhando o nome parecer familiar para ela. — Já ouvi isso antes..

— Voltamos. — A figura com bochechas levemente avermelhadas apareceu no seu campo de visão. — Você vai querer ir para a casa antes, ou já vamos logo com a Miyeon?

— Acho melhor irmos para a minha casa antes, preciso pegar algumas coisas. — Disse já se levantando.

— Certo, nos vemos lá então. — Miyeon se aproximou de Minnie e sussurrou algo em seu ouvido. — Até mais tarde Soojin e Minnie.

—

Cujura