Me distancio do buquê para ter uma visão geral do meu trabalho, a junção das rosas vermelhas com os girassóis envoltos por alguns ramos com pequenas flores brancas faz surgir um sorriso orgulhoso em meus lábios. Pego um envelope verde delicado que estava embaixo do peso de papel e olho para a rua, buscando inspiração para escrever algumas palavras sobre amor.
Uno minhas sobrancelhas quando reconheço o conversível preto impecavelmente limpo estacionado na calçada. Meus olhos são atraídos para o homem atravessando a selva que é a floricultura, esfregando seu nariz por conta do pólen. Tento adivinhar o que Serkan Bolat veio fazer na floricultura de minha tia em plena manhã de sábado.
Eu sempre me surpreendia com como Serkan conseguia ser formal em qualquer situação, o mesmo robô que sempre víamos na Art Life. Não importava muito se ele estava com uma camisa branca de linho e jeans de aparência cara e corte bem feito: ele ainda se movimentava travado pelo ambiente. A visão dele caminhando até mim me fez dar um sorriso de lado.
Afasto o buquê assim que meu amigo se aproxima da bancada gasta, a fim de prevenir uma possível crise alérgica.
- Serkan Bolat... a que devo a honra? – Caminho até ficar em sua frente, contornando a bancada e me apoiando nela. – Deve ser urgente para você se dignar a vir até a floricultura.
Ele esconde as mãos nos bolsos do jeans. Encara o chão de cimento e chuta uma pedrinha, fugindo do meu olhar.
- É um pouco urgente e eu tinha certeza de que você estaria aqui hoje. - Ele franze a testa e dirige os olhos para mim pela primeira vez. - É seu turno, certo?
- Desde meus 20 anos é meu turno Serkan. – Tombo minha cabeça para o lado e encaro o ruivo à minha frente. Ele não possuía a postura confiante de ontem durante o trabalho. – Aconteceu alguma coisa? Algum problema no trabalho?
- Aconteceu... – Engulo em seco, repassando em minha mente o que eu devo ter feito de errado. Ele percebe meu movimento e arregala os olhos verdes. – Não é nada relacionado à Art Life, muito menos com seu projeto. Ceren me ligou e eles assinaram o contrato, pode ficar tranquila.
Um silêncio se instaura enquanto Serkan parece procurar as palavras. A quietude é quebrada por um espirro dele e eu percebo que não adiantou muita coisa ter escondido o buquê.
- Então? - Indago, arqueando uma sobrancelha. - Serkan, estou começando a ficar preocupada.
- Podemos conversar na cafeteria? Não vou conseguir ficar aqui muito tempo...
E mais um espirro.
Reviro os olhos e indico o corredor que dá para os fundos do casarão amarelo, que termina em um galpão charmoso onde funciona a cafeteria. Várias mesas de ferro coloridas enfeitam a varanda de madeira, combinando com os móveis de antiquário que eu e minha tia colecionamos há algum tempo. As paredes cheias de quadros e espelhos dispostos de forma assimétrica são um terror aos olhos de Serkan, a pessoa mais metódica que conheço.
Sentamos em uma das mesas de madeira do salão, longe das pessoas que tomavam xícaras de café e chocolate quente enquanto liam ou mexiam no celular. Percebo que os olhos verdes de Serkan não focam em nada por algum tempo, até que eles finalmente me fitam.
- Eu espero de verdade que você não surte.
Franzo minha testa, semicerrando meus olhos castanhos em direção ao homem à minha frente.
- Serkan, só me conta o que aconteceu. Eu tenho certeza que, qualquer que seja seu problema, ele não é tão complicado assim.
- Ok... – Ele respira fundo antes de começar. – Você se lembra de Selin Atakan?
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Apenas uma semana com você (Edser) | ✓
FanfictionSerkan Bolat está desesperado. Ele acaba de ser convidado para ser padrinho de casamento de Selin Atakan, sua amiga de infância e ex namorada que ele - talvez - não tenha superado. A comemoração íntima se dará em um hotel luxuoso em Antália e Serkan...