Domingo

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Desço as escadas de dois em dois degraus, suspendendo minha mala azul de rodinhas até chegar à calçada e encontrar Serkan dentro de seu carro, acenando para mim para que eu me aproxime. Vou até o porta-malas e coloco minha bagagem lá, caminhando até o banco de motorista.

- Eu me atrasei muito? – Fecho a porta em um baque e começo a colocar o cinto. – Eu fiquei conferindo se estava esquecendo alguma coisa e depois você me ligou dizendo que já estava a caminho... Isso só me fez me atrapalhar ainda mais, a casa ficou de pernas pro ar.

Ouço a risada de Serkan e viro meu rosto, encontrando-o me encarando com divertimento.

- Bom dia Eda. – Ele volta sua atenção para frente colocando as mãos no volante. – Relaxa, não estamos atrasados.

Eu relaxo no encosto acolchoado do carro de luxo e fecho meus olhos, feliz por não ter começado essa viagem com o pé esquerdo. Sinto o carro começar a se mover e Serkan ri baixo, o que me faz despertar, atenta.

- De qualquer forma... acredito que você não se atrasaria. Não deve ter tanta coisa assim para conferir nessa mala minúscula.

- EI! Qual o problema em ser econômica?

Ele dá de ombros.

- Gostei da roupa, à propósito. Esse tom de verde combina com você.

Sorrio, satisfeita, passando os dedos pelo tecido macio. Sexta feira eu e Ceren saímos às compras já que Serkan, aparentemente, não confia em meu senso de moda. As lojas de grife e requintadas que fomos naquele dia me incomodavam um pouco já que sempre tive o costume de frequentar bazares e escolher minhas peças como pequenos tesouros. Totalmente diferente das peças de tecidos nobres que viviam naqueles manequins.

Passamos um dia inteiro pulando de loja em loja e eu estava exausta quando cheguei em casa e liguei para Serkan, avisando que tinha praticamente trocado meu guarda roupa para a próxima semana.

Não deveria ficar afetada por ele ter elogiado meu macacão verde liso, mas não consigo evitar.

Eu aperto o botão para descer o teto do carro preto, tornando-o conversível. A sensação do vento pelos meus cabelos e o frescor que sinto me fazem soltar um gritinho de animação.

- Já disse que amo seu carro?

- Uma ou duas vezes.

Reviro meus olhos e ligo a rádio e o som de uma música animada preenche o silêncio que nos rodeava. Sou contagiada pela batida e começo a dançar sentada, como tenho costume de fazer. Pelo canto do olho vejo o ensaio de um sorriso nos lábios de Serkan, mas ele não diz nada sobre minha performance.

- Não liga de bagunçar seu cabelo? - Ele diz sem tirar os olhos da estrada.

- Você sabe que eu não me importo com isso.

Seguimos assim até virarmos em uma estrada afastada, cercada por várias árvores de copa larga. Minha atenção é roubada assim que um aeroporto particular chega ao meu campo de visão e eu solto o ar que nem sabia que segurava.

Claro que Serkan Bolat viajaria em um jatinho. Não deveria estar tão surpresa assim.

- Eu disse que não nos atrasaríamos. – Ele diz, assim que estaciona e começa a desabotoar o cinto. – O avião não decolaria até que nós dois chegássemos.

Faço uma careta e, também, desabotoo meu cinto, saltando do carro.

- Vocês ricos são realmente insuportáveis.

Escuto sua risada enquanto caminho até a aeronave à minha frente, com uma equipe de bordo já a postos. Serkan aparece ao meu lado logo em seguida, segurando nossas duas malas e com um sorriso simpático enquanto cumprimenta o piloto.

Apenas uma semana com você (Edser) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora