Quinta

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- Eda?

Sinto um leve aperto em meu ombro e eu me remexo na cama, enterrando minha cabeça contra o travesseiro. O chamado se repete, desta vez acompanhado de um cafuné que me faz me aproximar da mão em minha cabeça enquanto solto um gemido de satisfação.

Ouço a risada grave de Serkan e meu ombro é levemente sacudido, me fazendo abrir os olhos preguiçosamente e encontrar o ruivo sentado ao meu lado, suas covinhas charmosas decorando as bochechas ressaltadas pelo sorriso.

- Eda... hoje é quinta.

- Hm... me deixa dormir.

Eu me solto de sua mão e agarro meu travesseiro, me rendendo novamente ao mundo dos sonhos.

- Mas você não queria ver a chuva de meteoros? Você estava tão animada na segunda, quando comentei com você.

Eu sorrio com a lembrança, me virando e coçando meus olhos para acordar de uma vez. Assim que consigo focar eu percebo como Serkan está vestido: a camisa de algodão branca marcava levemente seus músculos e combinava com a calça cargo verde musgo. Abaixo meu olhar e encontro botas de trilha que me fazem franzir o cenho.

- Você vai sair para uma trilha? – Ergo meu tronco e me apoio em meus cotovelos, o lençol macio escorregando de meu colo e pousando em minha barriga.

Ele ergue as sobrancelhas e sorri para mim como uma criança travessa.

- Queria te levar a um lugar especial e, de lá, iríamos até o local ideal para ver a chuva de meteoros. O plano é nós dois comermos algo no hotel e sairmos em seguida. Inclusive, já arrumei nossas mochilas. – Ele aponta para duas sacolas cheias apoiadas perto da janela. - Mas precisamos descer em até vinte minutos, demanda algum tempo de caminhada e temos que nos alimentar bem.

Tombo minha cabeça para o lado, meus cabelos chicoteiam meu braço nu me causando cócegas.

- Você não vai me contar para onde está me levando, Serkan Bolat? E se for um sequestro?

- Não é um sequestro, porém sumiremos da vista de todos durante todo o dia. - Ele faz um carinho em meu ombro enquanto fala. - Confie em mim Eda, será divertido.

Reviro meus olhos e me levanto da cama macia, buscando meus chinelos e me espreguiçando. Caminho até minha mala e ergo as minhas roupas - as que não vieram do dinheiro de Serkan - triunfante.

- Que bom que eu trouxe minhas peças e não apenas esses vestidos de grife que você me fez comprar. - Ergo um vestido de seda lilás e faço uma cara de assombro enquanto seguro o tecido macio em meus dedos - Imagina que horror seria uma mancha de lama nesses tecidos.

Ele ri e eu separo uma regata preta, shorts jeans e meus tênis de corrida. Vou em direção ao banheiro, mas escuto Serkan me chamar e eu coloco minha cabeça para fora da porta, fitando-o.

- Então você vai?

Arqueio uma sobrancelha e sorrio convencida.

- Em quinze minutos estarei pronta.

***

Sinto os músculos da minha coxa protestarem e eu faço uma careta. Não é possível que Serkan não esteja nem um pouco cansado dessa trilha. Eu olho incrédula como ele caminha, descendo o caminho de terra e tomando um pouco de água sem nunca diminuir o ritmo.

Enquanto isso, eu estava a um passo de deitar no chão e desistir dessa atividade ecológica.

- Serkan espera um pouco. – Abaixo minha cabeça e apoio minhas mãos em minhas coxas, respirando fundo. – Allah, eu só preciso... eu só preciso descansar um segundo.

Apenas uma semana com você (Edser) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora