Depois

4.6K 313 51
                                    

Hoje é uma manhã tranquila e ensolarada de agosto. A luz quente varre o piso de mármore do quarto e a brisa leve invade o cômodo, fazendo as cortinas balançarem em sua própria dança. Eu estou sentada diante da penteadeira vintage encarando meu reflexo sem fôlego depois de, finalmente, ficar pronta para o grande dia.

Faltam alguns minutos para o casamento.

Me levanto do banco acolchoado e passo meus dedos delicadamente pelo tule da minha saia, que começa na linha da minha cintura e cai até meus pés em uma cascata suave. O corpete é preenchido por delicadas rendas que se unem em um desenho único com duas alças finas que o sustentam. Meu cabelo cai em ondas até o meio das minhas costas e é coberto por um véu delicado.

- Você está tão bonita.

Viro para encontrar minha tia parada no batente da porta me olhando com orgulho e adoração. Ela caminha até mim e meus olhos são atraídos para a pequena caixa preta de veludo que ela traz em suas mãos.

- O que é isso, tia?

Ela me entrega a caixinha e passa os dedos pelos cachos escuros modelados de seu penteado, me olhando com expectativa.

- Soube que você já tem algo novo, algo emprestado e algo azul para se casar. Mas... ainda falta algo velho.

Eu sorrio ao lembrar da tradição que começou no café da floricultura, semanas depois de Serkan me pedir em casamento. Minhas amigas se juntaram e começaram a discutir o que eu usaria no dia de hoje e como cada uma poderia me ajudar. No fim, as coisas se resolveram da seguinte forma.

Saímos todas na semana passada para que eu comprasse uma lingerie incrível para simbolizar algo novo e que fizesse Serkan salivar.

Assim que voltou para a Turquia após os vários desfiles na Europa, Selin me chamou para um café para me congratular pelo meu noivado com seu melhor amigo. Depois de toda a aventura de Antália, nós duas nos tornamos bastante próximas e ela me entregou uma presilha de diamantes para que eu usasse no dia do casamento. A flor brilhante agora adornava meus cabelos.

Para algo azul, Serkan queria que boa parte dos arranjos do casamento teria não-me-esqueças, mesmo que eu tenha o avisado que ela não é uma flor propícia para esse tipo de evento. No fim, decidimos por uma decoração clássica e as flores azuis não entraram nos arranjos. Achei mais singelo que a flor que Serkan sempre me presenteava deveria estar em meu buquê e eu sorria toda vez que meus olhos enxergavam, em meio às flores brancas, uma não-me-esqueças.

Solto um suspiro admirado assim que abro a caixa de veludo e encontro dois pequenos brincos antigos. As delicadas pérolas são envoltas por ramalhetes cravejados de zircônios. Olho para Ayfer e eu tenho certeza que meus olhos estão brilhando, emocionada.

- Eram da sua mãe. Ela os usou no dia do casamento dela e quem a presenteou foi minha mãe. – Ela sorri com a lembrança. – Tenho certeza de que as duas gostariam que a joia agora pertencesse a você.

Coloco os dois brincos em minhas orelhas e passo os dedos pela pedra, hipnotizada.

- Queria que eles estivessem aqui. – Sussurro, melancólica.

- Seus pais estão orgulhosos de você, tenho certeza disso.

Sinto os braços de minha tia me envolverem e eu devolvo seu abraço. Nosso momento é interrompido pelo barulho da conversa de minhas amigas que adentram o quarto como um furacão. 

Melo e Fifi são as primeiras a chegar, ambas com vestidos estampados de saia rodada que terminava no meio de suas coxas. As flores azuis, laranjas e brancas decoravam o pano de cetim do vestido e eu achei que combinava com a ocasião. Fifi torceu o nariz quando fomos na prova dos vestidos, mas disse que faria o esforço de não usar preto no dia do meu casamento.

Apenas uma semana com você (Edser) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora