A agência

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Farkle estava de costas para a porta do zelador no momento que Billy a abriu. Ele pediu desculpa meio baixinho e puxou o carrinho com os materiais de limpeza. Ray, o zelador, vinha atrás, com uma bota ortopédica falsa.

-O que aconteceu Ray?- disse Lucas, fingindo surpresa

-Quando eu estava voltando pra casa eu pisei em um bueiro que a tampa estava frágil, meu pé caiu direto ali- Ray olhava pra Billy como se esperasse a confirmação dele sobre a história, se não tinha esquecido nada, o garoto balançou a cabeça em aprovação e fez uma cara de coitadinho

O grupo desejou que ele melhorasse

-Por isso meu filho Billy veio me ajudar um pouco na parte da tarde, né....filho?- e bateu nas costas do garoto de um jeito meio estranho, tentando parecer que eles eram próximos

-Oi gente -ele sorriu tímido, as amigas ficaram reparando nele, como se fosse um aluno novo

Eles se despediram e foram fazer a limpeza de uma sala. Billy ficou incomodado que teria que realmente limpar, pra não levantar nenhuma suspeita. Pra quem estava acostumado a lutar, correr, perseguir e ser perseguido, aquilo era estranhamente comum.

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Nas próximas duas semanas, Lucas foi se aproximando de Billy aos poucos. Comentava alguma coisa enquanto ele limpava as mesas durante o almoço, ajudava a carregar alguma coisa pesada, contava uma história da sua vida do Texas enquanto mexia no seu armário. As pessoas começaram a perceber a presença de Billy e a amizade dos dois.

Nesse meio tempo, Sr Mathews deu outro trabalho. Dessa vez em duplas. O objetivo era aprender noções de dinheiro e empreendendorismo. Alguns seriam mini empresas e venderiam alguma coisa na escola, e outros os compradores desses produtos, que teriam que gastar dinheiro de verdade.
O dinheiro arrecadado iria pra uma instituição de caridade da cidade.

O professor escolheu as duplas. Riley e Maya queriam ir juntas, como sempre faziam. Mas Sr Mathews tinha outros planos.

-Riley e Farkle- o garoto ficou muito feliz e grudou nela na frente da sala

-David e Alex- os dois se juntaram com cara de paisagem

-Karen e Samanta- as meninas se levantaram felizes, eram bem amigas

-E por fim, Maya e Lucas- a garota revirou os olhos e se levantou sem vontade. Ele ficou bem surpreso e ficou um pouco afastado ao seu lado

O professor explicou mais alguns detalhes do projeto, e os alunos foram dispensados. Maya bufou ao sair da sala e Lucas foi atrás pra tentar combinar quando se encontrariam pra fazer o trabalho.

-Então...

-Olha só, eu não quero você tentando nenhuma gracinha comigo, vamos fazer o trabalho e pronto, nada mais que isso

Ele levantou as mãos como se dissesse que é inocente

-Você disse que não e eu vou respeitar isso, só o projeto -Lucas falou- Quer fazer na minha "casa"?

Ela olhou pra ele com um olhar feio. Convidar ela pra ir na agência que ela disse que não tinha nenhum interesse em trabalhar era a maneira dele de "não tentar te convencer"?

Mesmo não tendo gostado muito, a curiosidade de ver espiões e sua vida de perto foi mais forte e ela acabou aceitando.

-Tá bom, só se você comprar tudo pra gente fazer cupcake -ela pensou um pouco- eu trago as forminhas e você o resto

-Fechado- ele levantou a mão pra eles apertarem com um trato, mas se arrependeu logo em seguida, a colocando no bolso da calça

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Na segunda depois da aula, Lucas e Maya foram de metrô até o bairro . O garoto a levou por várias ruas, pareciam que estavam andando em círculos.
De tanto andarem, a garota já estava planejando em qual parte do corpo iria  batê-lo e como seria sua fuga caso aquilo tudo fosse uma cilada.

Finalmente, o garoto arrastou uma telha de metal encostada e revelou uma porta atrás dela. Digitou uma senha em um aparelho na parede e teve suas impressões digitais escaneadas. A porta abriu.

Ele deixou ela passar primeiro e o que se revelou foi uma imensa sala, meio escura, cheio de computadores e um telão gigante que passava os mais procurados da polícia e noticiários do mundo todo. Depois Maya soube que havia mais andares, com salas de treinamento, sala de armas e disfarces (além de um restaurante igualmente imenso)

Maya estava impressionada, olhava para Lucas e olhava para aquele lugar gigantesco, fez isso repetidas vezes. Não queria transparecer o quanto estava boquiaberta, para não deixá-lo convencido. Se sentia em um filme, sua criança interior que via "pequenos espiões" na TV de tarde estava até zonza. Eram espiões de verdade.

Ele tentava se manter neutro, mas por dentro estava feliz de ver ela chocada assim

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Ele tentava se manter neutro, mas por dentro estava feliz de ver ela chocada assim.

O garoto deu alguns acenos e "como você vai?" para alguns colegas que passavam, e seguiram para o elevador que levava ao alojamento. Quando chegaram na porta do seu quarto , ele fez um gesto pra que ela entrasse primeiro.

-Você é bem organizadinho né? - ela olhava cada parte do apartamento dele

Ele riu enquanto colocava os ingredientes que comprou na bancada.

Maya achou o lugar meio sem personalidade. Não era a organização, mas porque não tinha nada de decoração. O máximo que ela achou foram dois porta-retratos, um de Lucas com seus pais e outro com alguns garotos da sua idade. Ficou olhando a família, pra ver como eles se pareciam.

-Que saudade deles- disse Lucas atrás da garota, que tomou um sustinho, olhando junto a foto

-Huckleberry, o que é isso? Eu disse pra gente fazer cupcakes, não muffins- Maya reclamou olhando pro que tinha na bancada- Isso é integral?!

-E sem glúten- ele disse sorrindo e ela bufou, estava imaginado algo bem cheio de açúcar e gordura- Tem diferença cupcake e muffin?

-Tem! Um é bem macio, doce e com cobertura. O outro é duro que nem uma pedra, ainda mais com esses ingredientes aí

-Minha mãe sempre me ensinou a comer o que vem da terra, menos industrializado mais saúde, era o que ela me dizia, e acho que nunca me esqueci disso- ele sorriu ao lembrar da mãe

-Deve ser a única pessoa do Texas que falava isso- Riu, e a garota se lembrou dos pratos típicos do estado, bem gordurosos e em grande quantidade

-Ah tudo bem, vai ficar gostoso, você vai ver, vamos lá- ele colocou um avental escrito "beije o cozinheiro" e Maya riu da breguice, era o único que tinha

A garota pegou as forminhas com estampa de estrela que tinha comprado, prendeu o cabelo e eles começaram, passando aquela tarde se sujando de farinha, rindo um do outro, errando as medidas da receita da internet e se divertindo.

Huckleberry Bond e The BombOnde histórias criam vida. Descubra agora