Biblioteca

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Riley, Maya, Farkle e Lucas entraram na biblioteca da escola. Não era o lugar mais estimulante para a leitura, com sua decoração cinza e cheio de cartazes que basicamente queriam dizer "por livre e espontânea pressão LEIA" .

A bibliotecária era uma senhora mais de idade  que lia seu livro - 50 tons de rosa- no seu cantinho, e não gostava de ser interrompida. Até os sapatos batendo no chão ao andar incomodavam.

Era final de tarde quando eles chegaram lá, Maya puxou Farkle para se sentarem perto da janela, querendo deixar Lucas e Riley mais sozinhos, apesar de eles não estarem nem a 10 passos de distância. Os dois se sentaram na mesa comprida de costas pra janela. Lucas teve que pegar outro livro porque Maya já tinha roubado o primeiro que ele pegou, e fez Farkle ler sozinho enquanto fazia o que bem queria, ou seja, desenhava.

Não se considerava uma artista, nem muito boa no que fazia. Só Riley elogiava seu trabalho, mesmo não entendendo muito e cometendo umas bolas foras, dizia pra todo mundo que Maya desenhava muito bem. Ela considerava aquelas opniões como de "mãe"- a gente gosta de ouvir mas não condiz muito com a realidade. A loira desenha o que via da janela, principalmente a lua que estava começando a aparecer no céu.

Riley mexia repetidamente no chaveiro da sua mochila que estava em cima da mesa, era um cachorrinho com olhos brilhantes com a língua de fora

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Riley mexia repetidamente no chaveiro da sua mochila que estava em cima da mesa, era um cachorrinho com olhos brilhantes com a língua de fora. Ela parecia querer dizer alguma coisa, mas não conseguia, achava todas as frases que formulava ruins, sua mente um turbilhão de ideias jogadas fora. De repente, respirou fundo e soltou um:

-Você gosta de pão?

Seu rosto ficou inteiro vermelho por perceber quão inútil foi aquela pergunta. Agir por impulso foi a pior ideia, com certeza.
Maya ficou tão indignada com as habilidades de flerte da amiga que olhou pra ela, e mesmo que ela não conseguisse ver, pois estava de costas, não deixou de lançar um olhar de reprovação.

Pelo canto de olho Lucas viu esse olhar e teve que se conter pra não rir. Ele provavelmente seria igual ao tentar flertar com alguém de verdade.

Por um segundo se cobrou por estar dando em cima de Riley por um interesse, mas ao se lembrar que ela tinha feito uma pergunta, e que pergunta , ignorou rapidamente o pensamento.

-Gosto- ele riu gentilmente- mas quem amava eles era uma ovelha da fazendo que eu morava lá no Texas. Ela até sabia empurrar o vidro da janela da cozinha pra pegar alguns

Aquelas informações eram verdade. Ele queria impressionar, e pensou que garotas gostam de animais né? Bom, não sei se funcionaria com todas, mas Riley se animou por saber da vida de Lucas antes de Nova Iorque.

-O que você quer ser quando crescer? -perguntou de repente

-Quero ser um veterinário-Riley pode notar o brilho nos olhos do garoto e achou ele a pessoa mais meiga do mundo naquele momento

-Tenho certeza de que os animais se sentirão honrados de serem seus pacientes-disse Riley suspirando- isso se eles pudessem falar-disse tentando concertar

Riley ficava com medo de falar demais e dizer coisas "bobas" e impossíveis e Lucas se assustar com sua "esquisitice". Não se sentia bem sendo ela mesma perto dele, tinha medo da opinião dele sobre ela, mas também não gostava de fingir ser outra pessoa.

Lucas se assustou com o que disse. Algo tão simples, mas que mexia com ele. Nunca tinha dito pra ninguém isso, tinha reprimido esse desejo depois que aceitou ser espião.
Pra muitos, ser um agente poderia parecer bem mais legal do que um veterinário. Claro que era um trabalho com mais aventuras, mas era cansativo mentir, se esconder, correr perigo o tempo todo. Ele gostava muito do que fazia, mas as vezes era difícil lembra o porque topou aquilo, se era o que realmente queria.

Ele olhou pra Riley de um jeito diferente depois que contou algo tão bobo pra ela e a garota achou o máximo. Ele não conseguiu se conter e disse:

-Uma vez eu ajudei no parto de um cavalo. Eu estava lá quando uma vida nasceu sabe? Foi mágico

Ela sorriu mais ainda

-Tem coisas que mudam nossa vida mesmo

Eles sorriram. Nesse silêncio, Riley pegou o livro na sua frente, e Lucas acabou escutando o que Farkle estava lendo em voz alta:

- Os olhos são a janela da alma. As pupilas se dilatam quando vemos alguém que gostamos, por exemplo- Farkle nem terminou de ler e arregalou o olho- Maya, olha pra mim! Olha, olha, olhaaaa

Ela revirou os olhos, isso sim, gritando um "não" sem encara-lo. Ele estava quase implorando por sua atenção.

-Ai garoto você é muito emocionado! Deixa que eu leio o resto então -disse bufando

Maya pegou o livro e leu a frase que fez todo aquele trabalho fazer sentindo:

-Quando nós formos capazes de colocar de lado nossos telefones, abaixarmos as telas dos nossos computadores e olharmos nos olhos uns dos outros, vamos ser capazes de conectar nossos corações

Farkle ainda estava tentando fazer contato visual com loira enquanto ela olhava pro livro refletindo sobre o que tinha lido. Maya não tinha um telefone, não tinha dinheiro para um, e sempre desejou ter, mais pra não se sentir excluída daquilo. Nunca tinha pensando na parte ruim de ter um celular.

Lucas olhou de canto de olho para ela e Maya olhou de volta, percebendo que ele a olhava. Os olhos azuis dela diziam tanto, mas ele não sabia o que, queria tanto saber. Os olhos verdes dele eram curiosos, mas tinham receio de ir mais fundo, de descobrir o que não devia. Farkle ficou incomodado de Lucas "esse tal cara novo" ter conseguido a atenção de Maya. Ele não admitiria, mas era ciúmes sim.

Ela desviou o olhar, encarando o livro. Riley tinha que ir embora, estava ficando tarde para o jantar. Farkle a acompanhou. Lucas foi o penúltimo a sair, deixou sua bolsa cair ao quase esbarrar com Maya. Ele fingiu que nada aconteceu, recolhendo suas coisas rapidamente:

-A gente se vê por aí- e fez uma careta simpática, querendo dizer tchau

Ela agradeceu por não ter ninguém ali além da bibliotecária que "devorava" seu livro, porque ela ficou vermelha ao relacionar o "se ver" com a frase que tinha lido sobre os olhos serem conexões entre as pessoas.

Encarou o chão enquanto pensava nisso e viu uma pulseira de contas brancas largada ali. Deduziu que devia ser de Lucas, tinha impressão de já ter visto ele a usando antes. Ainda estava olhando pra pulseira quando ouviu seu nome e pulou com o susto.

Era o Sr. Mathews escondido atrás de uma estante de livros de biologia- ótimo disfarce para um professor de história, ele a diria depois.

Pediu pra garota chegar mais perto. Ele tinha uma surpresa pra ela.

Huckleberry Bond e The BombOnde histórias criam vida. Descubra agora